MÚSICA
Lívia Mattos volta a Salvador com show comemorativo de “Apneia”
Apresentação marca seu retorno aos palcos locais após sua última passagem, em 2017
Amanhã, a sanfoneira baiana Lívia Mattos traz à cidade o show de seu álbum Apneia. A apresentação ocorre como parte das celebrações dos 20 anos da Mostra Sesc Artes - Aldeia Pelourinho, e marca seu retorno aos palcos locais após sua última passagem, em 2017.
Desde o lançamento do álbum em 2022, a artista realizou turnês dentro e fora do Brasil, passando por países como Espanha, Itália e Portugal, além de festivais consagrados no cenário internacional, como o WOMEX, em La Coruña, e o Festival Músicas do Mundo, em Sines. Na capital baiana o show acontece no Sesc Pelourinho, 20h.
Com uma proposta que ultrapassa o gênero forró, o álbum Apneia utiliza o acordeom como elemento central para uma experiência sonora que explora o ritmo da respiração, em uma obra que transita entre músicas cantadas e instrumentais. As faixas refletem sensações de excesso, falta de ar e suspensões, capturando o conceito da obra em arranjos que têm no acordeom um ponto de ligação com diferentes influências. O álbum foi premiado pelo Festival da Canção e conta com parcerias de artistas brasileiros e estrangeiros que adicionam camadas de multiculturalidade ao projeto.
“O conceito estético – sonoro e visual – foi se desenvolvendo em torno de metáforas de apneias diversas, da sensação de falta de ar, da suspensão da respiração e do que nos move pra seguir adiante. No que tange as canções, na poética das letras é perceptível tanto o caráter político de Vai sucumbir, da necessidade de transmutar esse tempos de apneia que vem nos atravessando; quanto a lida existencial de Coração é um músculo, que traz no seus versos a necessidade de trabalhar esse órgão para dar conta da existência, por exemplo”, elabora Lívia.
Apneia possui 13 faixas, sendo três delas vinhetas que exploram a temática da respiração e do silêncio. O álbum conta com participações de artistas nacionais, como Armandinho e Carlos Malta, e internacionais, como Yasmine El Baramawy (Egito), e Mu Mbana (Guiné-Bissau). Essas colaborações, realizadas remotamente em alguns casos, ampliam o espectro sonoro do trabalho, incluindo sonoridades que refletem as influências árabes, nordestinas e afro-brasileiras que permeiam a trajetória de Lívia.
O álbum foi produzido por Paulim Sartori, que também colaborou nos arranjos. A identidade visual do disco é resultado de uma parceria com o fotógrafo Tiago Lima e a editora Duna, responsáveis pela criação da capa. A concepção gráfica dialoga com o conceito do álbum, trazendo imagens e elementos que remetem ao tema da respiração e ao simbolismo da água e do ar. Essa atenção à identidade visual acompanha a carreira de Lívia desde o primeiro disco, Vinha da ida, lançado em 2017.
Em Apneia, Lívia incorpora influências de vários gêneros e culturas, propondo uma nova interpretação para o acordeom. A faixa Coração é um músculo destaca-se como a primeira em que ela aparece sem o acordeom, marcando uma exploração de novos espaços vocais dentro de sua obra. A escolha reforça a busca da artista por um som próprio, que busca constantemente romper com categorizações.
“Uma das ‘brincadeiras sonoras’ do álbum é oscilar entre uma massa sonora muito caótica e o ‘vazio’ do respiro. A escolha de não ter sanfona nessa faixa foi justo pra ter esse respiro desse timbre, dessa cor, desse escudo, desse amuleto que é a sanfona”, compartilha a artista.
O show em Salvador inclui canções do álbum e outras composições que ilustram a pesquisa de sonoridades da sanfoneira, que já acumula duas décadas de carreira. Durante os últimos anos, além das apresentações solo, Lívia integrou a banda do cantor Chico César por oito anos e colaborou com artistas como Rosa Passos e Badi Assad. Mais recentemente, participou de concertos como solista da Orquestra Sinfônica da Bahia, onde teve uma de suas composições orquestradas.
“Quem vier ao show do Sesc Pelourinho, vai ver um combinação inusitada de instrumentos, que mescla a sanfona com taças de vidro, tuba, clarone, bateria e outras surpresas. Sem contar que cada um da banda vem de uma parte do país”, adianta.
Identidade
Com uma trajetória que abrange também as artes cênicas, a artista se dedica a explorar diferentes formas de expressão. Seu contato com o circo, a dança e o audiovisual influencia suas performances no palco, caracterizadas por um forte componente visual e performático. Essa abordagem multidisciplinar a levou a participar de projetos que exploram o limite entre música e performance, e se reflete nas escolhas de direção e no repertório de Apneia.
Lívia Mattos nasceu em Salvador e construiu sua carreira como acordeonista, cantautora e performer. Seu primeiro álbum, Vinha da ida, saiu em 2017, e desde então ela circula com seu trabalho pelo Brasil e em turnês internacionais. A artista já foi premiada em festivais e projetos culturais no país e no exterior, incluindo o Natura Musical, o Rumos Itaú Cultural e o circuito SESI. Além da música, sua atuação se estende a outras linguagens artísticas, como o circo e o teatro, caracterizando-se como uma artista multidisciplinar.
Lívia Mattos: Apneia / Amanhã, 20h / Teatro Sesc-Senac Pelourino / R$ 20 e R$ 10
*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro