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CULTURA

MAM expõe 280 imagens de Pierre Verger

Márcia Ferreira Luz

Por Márcia Ferreira Luz

04/08/2006 - 15:17 h

Entre os anos de 1946 e 1958, um francês curioso e seduzido pelas cores, arte, cultura, costumes e gente do Brasil visitou diversas partes desse País tão rico e contraditório com uma máquina Rolleiflex na mão – equipamento moderno para a época. Registrou em preto-e-branco tudo o que enchia seu olhar. Se apaixonou-se cada vez mais pela terra e há 60 anos, no dia 5 de agosto, decidiu que não sairia mais da Bahia.



Foi assim, de um jeito natural e intenso, que o fotógrafo e etnólogo Pierre Verger se sentiu em casa e, sem cerimônias, tornou-se, ao longo dos anos, um dos maiores guardiões das tradições e cultura do Estado que ele adotou e amou. Desse período foram tantas fotografias, que até hoje não se conseguiu mostrar tudo. Mas parte da produção inédita chega ao Museu de Arte Moderna da Bahia, hoje, com a mostra O Brasil de Pierre Verger.



A reunião de 280 imagens já foi apresentada nos Museus de Arte Moderna de São Paulo e do Rio de Janeiro, no primeiro semestre deste ano. Porém, em Salvador, além de fotografias feitas durante as passagens do fotógrafo por lugares como Pernambuco, Bahia, São Paulo e Belém do Pará, a exposição ganha algumas novidades.



Aqui, se comemora os 60 anos de chegada de Verger à Bahia e, além disso, passam a integrar a mostra uma parte com imagens que revela a admiração do artista pelo Candomblé. Trata-se de uma plotagem de fotos com cenas de cerimônias do candomblé publicadas pela imprensa nacional e internacional nas décadas de 50 e 60. Essa temática é polêmica pelo fato de exibir algumas imagens considerados sagradas pelo povo de santo, mas, as quais, naquela época foram muito difundidas. Fazem parte dessa seleção cenas de atuação do pai de santo Joãozinho da Goméia e mostras de fotos publicadas por Cluzor, no Paris Match, em 1951; por José Medeiros, em O Cruzeiro, 1951; e por Pierre Verger no livro Orixás, no ano de 1981.



Calá e os contemporâneos – Há, ainda, uma homenagem aos pintores baianos fotografados por ele. Aparecem lá Pancetti, Rafael, Carybé, Mário Cravo, João Alves, Maria Célia (bela professora da Escola de Belas-Artes da UFBA), Genaro de Carvalho, Jenner Augusto e Calasans Neto. Essa parte do acervo está acomodada na capela do museu e conta com um texto escrito pelo mestre Calá, que introduz o visitante à ala onde estão as fotografias feitas desses artistas, além de algumas obras deles. Esse texto, aliás, compõe o livro O Brasil de Pierre Verger, cujo o lançamento hoje à noite é mais uma das novidades da exposição no MAM-BA.



A publicação traz fotografias que integram a mostra, divididas por temas, que são comentados por

20 convidados de diversas áreas, a exemplo de Ordep Serpa que fala sobre o tema Carnaval dos Travestidos - Verger e as metamorfoses do carnaval; Doralice Xavier Alcofrado, tratando sobre Literatura de Cordeal - o cordel e o imaginário do Nordeste; Francisco Senna, destaca a Feira da Água de Meninos - Retrato da baianidade; Josélia Aguiar, explica a Arquitetura de São Paulo - Verger e os tempos modernos na grande São Paulo, além de outros profissionais.



A proposta da exposição é mostrar a diversidade dos interesses registrados por Verger, o que implica em apresentar trabalhos que ainda não tinham sido mostrados amplamente, como por exemplo a experiência dele no Circo Nerino, em 1947, em Recife. Ele elegeu acompanhar essa turma para realizar uma reportagem para a revista O Cruzeiro. Graças a essa aventura, o fotógrafo deixou um verdadeiro documento sobre o circo, que nasceu no ano de 1913 em Curitiba e encerrou as atividades no interior paulista de Cruzeiro, em 1964.



"O olhar de Verger no circo concentra-se nos bastidores, no que não foi forjado para ser exposto e visto. O espetáculo que ele nos mostra começa nos camarins de lona, muito antes de soar o terceiro sinal, com a maquiagem do palhaço Picolino - Nerino Avanzi (1886-1962). Passa pelo quintal, com os artistas aquecendo-se, afinando seus instrumentos ou posando para o fotógrafo. E chega à coxia, na concentração dos artistas, atrás da cortina, durante o espetáculo", comenta Verônica Tamaoki, no texto O Mundo Viajante do Circo Visto pelo Viajante Verger, também no livro.



Verger pelas crianças – Além das 280 fotografias expostas tradicionalmente emolduradas, de acordo com o curador Alex Baradel, foram selecionadas outras 800 imagens que compõem um audiovisual com trilha sonora de Bira Reis, produzido especialmente para a ocasião. Também 32 crianças do Centro Cultural Pierre Verger, inaugurado na Vila América, Vasco da Gama, pela fundação no ano passado, preparam a peça teatral 5 de Agosto, que será apresentada no sábado, dia 5, a partir das 16 horas, no MAM-BA.



O cenário é ambientado em uma grande feira popular e a presença de muitos personagens que remetem às fotografias de Verger nas décadas de 40 e 50. A trama da encenação se inspira na chegada e trajetória de Verger na Bahia através de cenas características daquela época e dão vida às fotografias e à personalidade Verger. Essa programação terá o repentista Bule-Bule como convidado especial.



Quem for conferir a exposição terá à disposição, ainda, seis terminais de computador que poderão ser acessados para aprofundar a pesquisa sobre qualquer um dos temas mostrados por meio das fotografias. Esse aspecto, ressalta Baradel, foge da forma clássica de apresentar fotografias e dá uma dimensão de interatividade à mostra, que passa a ser única no entendimento para cada visitante, de acordo com o seu interesse. "É um jeito diferente de ver a obra de Verger. Se a pessoa gostou do tema circo, então, ela poderá pesquisar mais sobre isso, ver fotos de outros artistas, ler artigos e até ouvir músicas de circo".



Por apresentar temáticas que não são muito freqüentes na produção do francês, bem como pelo número de fotografias, a mostra, que tem patrocínio da Pricewaterhouse e Coopers, teve muita repercussão em São Paulo e no Rio, com público de 25 mil pessoas nas duas capitais. Sucesso semelhante é esperado em Salvador, onde poderá ser visitada até 17 de setembro. O projeto da Fundação Pierre Verger é aproveitar esse período para realizar eventos paralelos e encerrar a exposição com um festival de filmes, mas tudo isso ainda está em planejamento. "Queremos juntar a estética ao aspecto cultural", salienta Baradel.



O Brasil de Pierre Verger – Exposição de fotografias | Abertura - Hoje, dia 3, 19h | De ter a dom, das 13h às 19h. Até 17 de setembro | Museu de Arte Modern ada Bahia (MAM-BA) - Av. Contono, s/n, Solar do Unhão (3117-6131) | Entrada franca



Bandeira

O acervo de O Brasil de Pierre Verger representa menos de 10% do que Pierre Verger produziu em suas andanças somente no Brasil e 2% de tudo que documentou em fotografia nos diversos países em que atuou.



Na sede da fundação estão catalogadas e guardadas em caixas de madeira organizadas e confeccionadas sob a orientação do etnólogo mais de 60 mil fotografias, que retratam manifestações da cultura popular e da paisagem urbana de vários países, compondo um patrimônio valiosíssimo.



A obra de Verger inclui trabalhos jornalísticos realizados para revistas, documentários para cinema, artigos para revistas e jornais, e uma ampla obra literária.

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