CULTURA
Márcio Mello inicia amanhã temporada de shows acústicos no Rio Vermelho
Ideia é tocar na paz, como se estivesse fazendo um sonzinho para os amigos
Por Chico Castro Jr.
Já faz uns 35 anos, Márcio Mello é uma espécie de ‘bloco do eu sozinho’: começou liderando uma banda de rock formada apenas por mulheres, a Rabo de Saia, se tornou artista solo e compositor requisitado, já foi do sucesso nacional ao recolhimento voluntário. Do frenesi de temporadas lotadas no Rio Vermelho ao estilo Solitário Punk (título de um de seus álbuns). No caminho, colecionou canções pra dar e vender. Amanhã e nas próximas duas quintas-feiras, ele relê tudo isso em um show acústico.
Acompanhado por Adriano Paternostro (baixolão acústico) e Ivã Barreto (percussão), Márcio vai explorar seu repertório em arranjos novos, a fim de surpreender o público e, quem sabe, pescar algum artista interessado em gravar suas canções. “O repertório será 100% autoral. É um show mais de compositor do que de artista. O artista estará totalmente entregue ao compositor. O repertório passará por toda minha trajetória, desde a Rabo de Saia, que era minha banda de rock, até os tempos atuais”, conta Márcio.
“Será um show bem interessante pra quem quer entender como nasce uma canção, antes de ganhar o mundo. E fica a dica também para os intérpretes curiosos em busca de um repertório. O Punk Acústico (título do show) é um baú cheio de boas canções”, diz.
A ideia é tocar na paz, como se estivesse fazendo um sonzinho para os amigos na sala do apê: “Estou experimentando canções que geralmente soam bem no aconchego da minha casa”. Isso não o impede de experimentar, de explorar outras possibilidades: “E também (sentir a vibração) de canções antigas com tons diferentes, como Nobre Vagabundo, que é em mi maior e agora, tocada em dó maior, muda tudo, soando em tom diferente”, detalha Márcio.
Jovens, envelheçam
Conhecido pela versatilidade, Márcio já foi gravado por grandes nomes que vão do rock à MPB, como Daniela Mercury, Cássia Eller, Vânia Abreu, Blitz, Charlie Brown Jr. etc. Apesar disso, não é muito festejado – talvez até pela postura mais reservada. “Sim, sou gravado por artistas que entraram para história da música popular brasileira. Quanto a ser festejado, aprendi a entender a ignorância de alguns. E essa briga por espaço na Bahia eu acho bestial e bem pouco artística, pois o que me interessa, na verdade, é a arte”, crava.
Como músico que se define como um artista de rock, Márcio não está alheio ao momento estranho do gênero, vítima de ‘sequestro’ por reacionários e caretas – e por conseguinte, desprezado por parte dos jovens. “Sou cria da MPB, de um tempo em que não existia rádio FM, era tudo AM. Quando conheci o rock, entendi como de fato as coisas funcionariam pra mim. Tenho no sangue Dorivais e Gonzagas, mas o Led Zeppelin foi o molho que precisava na minha arte”, diz.
“E não acho que o rock esteja se esgotando, isso é papo de quem passa muito longe do gênero. O rock de fato é excelência artística e isso é para poucos. Quanto aos jovens, só peço que envelheçam”, ri.
Feitas todas as considerações, eis um recado final: “Espero que as pessoas jamais percam a curiosidade pelo que ainda está por vir. Que não esperem que o sistema lhes diga o que é bom ou ruim. Vá e tire suas próprias conclusões. Convido a todos pro show Punk Acústico e espero que gostem das canções”, conclui Márcio.
Márcio Mello - Punk Acústico / Amanhã (6) e dias 13 e 20 próximos, 21h / Chopp Shop Artesanais (Rua da Paciência, 299 - Rio Vermelho) / R$ 60 / Vendas: Sympla
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes