LUTO
Marilene, da dupla 'As Galvão', morre aos 80 anos
Cantora sofria de mal de Alzheimer e deixou de cantar e tocar viola ao lado da irmã em 2021
Por Da Redaçao
A cantora Marilene Galvão, da dupla sertaneja As Galvão, morreu nesta quarta-feira, 24, aos 80 anos, em São Paulo. A informação foi confirmada pelo fã-clube oficial do grupo. A causa da morte não foi revelada.
Marilene Galvão, que sofria de mal de Alzheimer, deixou de cantar e tocar viola ao lado da irmã depois de mais de 70 anos de carreira. O velório e o sepultamento da artista serão realizados amanhã em Paraguaçu Paulista.
"É com grande pesar que através dessa mensagem, comunicamos o falecimento, às 14h30 em São Paulo, da nossa rainha soberana Marilene Galvão. Em breve traremos mais notícias. Para agora, contamos com as orações e apoio de vocês! Nós cremos na ressurreição e acreditamos que nossa menina descansou, e em um bom lugar desfrutará do seu descanso", diz a nota.
As irmãs encerraram as atividades em 2021 e chegaram a gravar uma música sobre o tema (assista aqui). As Galvão foi a dupla sertaneja com mais tempo de atividade no país: 74 anos. O início se deu quando as irmãs tinham apenas 7 e 5 anos de idade. Hoje, Mary tem 83 anos.
Na época do encerramento da dupla, Mary contou que a irmã sofria de Alzheimer, chegando a um ponto em que ela não se lembrava mais das letras das músicas.
"Amo muito a minha irmã, muito, muito. Vou sempre visitá-la. Um amor muito grande, por tudo o que nós passamos juntas, sempre uma dando apoio para a outra. Esse amor não vai acabar, não. Infelizmente não lembra mais as letras, não lembra mais nada. É muito triste", afirmou em entrevista ao youtuber André Piunti, em 2021.
Marilene era, junto com a irmã, embaixadora da Associação Brasileira do Alzheimer e se apresentava em hospitais e casas de recuperações para pessoas que lidam com a doença, antes do quadro dela se agravar.
Carreira
Marilene Galvão – nascida em Palmital (SP) em 1942 – tocava viola enquanto unia a voz com a da irmã para propagar músicas como Beijinho Doce (Nhô Pai, 1945), clássico sertanejo lançado pelas Irmãs Castro, mas desde sempre associado às vozes das irmãs Galvão. Além de cantar, Mary Galvão – nascida em Ourinhos (SP) em 1940 – tocava sanfona na dupla.
Ao longo da carreira, as irmãs lançaram 80 discos. Entre os principais sucessos de As Galvão estão "Beijinho Doce" e "Carinha de Anjo". Hoje reverenciadas por mais de uma geração, elas foram uma espécie de Sandy & Júnior dos anos 1940.
Incentivadas pelo pai, um alfaiate amante da música, começaram cantando tangos e serestas com sete e cinco anos, em programas de rádio da região de Paraguaçu Paulista. Passaram pela rádio Difusora de Assis (SP) e a Cultura de Maringá (PR), antes de virem com a família em 1952 para a cidade de São Paulo. Na sonhada capital, tiveram de lutar por espaço em gravadoras então pouco afeitas às melodias do campo. Ainda mais cantadas por mulheres. As irmãs Galvão e a Inezita Barroso eram exceções de um universo restrito.
Soma-se a isso o preconceito sobre o próprio estilo, que só veio a mudar nos anos 1980. Segundo as Galvão, antes disso, era comum ver sertanejos se mudando para a cidade, enriquecendo, e, na hora de comprar um disco do gênero, dizendo ao vendedor que aquilo, na verdade, era um presente para sua empregada.
Ao lado de Tonico & Tinoco e outros artistas de raiz, as Galvão têm seu nome gravado na história da música popular brasileira. Elas, que possuem um memorial mantido pela Prefeitura de Paranguaçu Paulista, ajudaram a criar não somente a música, mas também o que hoje conhecemos como o Dia do Sertanejo, celebrado anualmente em 3 de maio.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes