VOZ NEGRA
Morre aos 90 anos a escritora francesa Maryse Condé
A escritora abordou em seus trinta livros temas como África, a escravidão e as múltiplas identidades negras
Por Da Redação
Morreu nesta terça-feira, 2, a escritora guadalupense Maryse Condé, grande voz negra da literatura francófona, aos 90 anos.
A informação foi dada pelo seu marido e tradutor Richard Philcox. Ainda não se sabe a causa da morte, mas a escritora estava internada em um hospital na cidade de Apt, no Sul da França após sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Nascida em Pointe-à-Pitre em 11 de fevereiro de 1934, Maryse Condé abordou em seus trinta livros temas como África, a escravidão e as múltiplas identidades negras. Também era muito conhecida nos Estados Unidos, onde viveu por vinte anos em Nova York. Na cidade americana, inaugurou e dirigiu um centro de estudos francófonos na Universidade de Columbia.
Condé passou a ser editada recentemente no Brasil, onde a editora Rosa dos Ventos lançou quatro obras suas: "Eu, Tituba: bruxa negra de Salém", em 2019, "O evangelho do novo mundo" e "O coração que chora e que ri: contos verdadeiros da minha infância", ambos em 2022; e "O fabuloso e triste destino de Ivan e Ivana", publicado em fevereiro deste ano. A mesma editora prepara para o segundo semestre deste ano mais um lançamento de Maryse, "Victoire, les saveurs et les mots" (ainda sem título em português).
Até o final de sua adolescência Maryse Condé não havia se percebido negra. Nunca tinha ouvido falar da escravidão nem da África. Sua mãe, professora, a proibiu de falar crioulo e a obrigou a aprender francês. Somente aos 19 anos, quando chegou a Paris, que se deu conta da barreira que sua cor de pele impunha.
Começou a escrever aos 42 anos, após 12 anos de dificuldades, e conseguiu graças a Richard Philcox, que se tornou seu tradutor. Em 1976, publicou "Heremakhonon", depois "Segu" (1984-1985), um sucesso de vendas, sobre o império bambara no século XIX no Mali. Seu nome foi mencionado diversas vezes para o Prêmio Nobel de Literatura.
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