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CULTURA

MPB, baile e jazz instrumental para curtir na noite de hoje

Confira a programação cultural

Por Da Redação

26/10/2024 - 2:00 h
Cantor e compositor pernambucano Martins
Cantor e compositor pernambucano Martins -

Sabadão bom é sabadão com música boa e diversão – se for com arte, melhor ainda. A seguir, reunimos três opções para apreciar música feita por músicos que também são artistas, seja na forma em que exercem seus ofícios, seja no conteúdo que oferecem.

Sejamos educados e comecemos pelo visitante: na Casa Rosa, o cantor e compositor pernambucano Martins (22h, entre R$ 48 e R$ 100 no Sympla) traz à cidade seu show Versões, em que interpreta suas músicas preferidas.

Dono de voz aguda e muito afinada, Martins já teve canções gravadas por Ney Matogrosso, Simone, Daniela Mercury e Margareth Menezes.

Aos 34 anos, o rapaz parece estar em uma onda ascendente: sua versão para Jardim da Fantasia, sucesso de Paulinho Pedra Azul (que aliás esteve recentemente em Salvador) fez parte da trilha sonora da novela Renascer. Em julho último, fez turnê em Portugal e, em setembro, se apresentou no Rock in Rio, ao lado de Almério. Enfim: olho (e ouvidos) nele.

Miss Suéter

Outra boa opção para hoje é o show / baile da banda local Miss Suéter (20h, Casa Preta Espaço de Cultura, R$ 30 e R$ 15 no Sympla).

Praticamente um coletivo, a Miss Suéter reúne uma turma boa de músicos que tem no grupo uma válvula de escape dos seus próprios trabalhos. Se liga na escalação de craques: Ronei Jorge, Lia Lordelo e Luiza Muricy (vozes) Taciano Vasconcelos (guitarra), Pedro Santana (violão), Carla Suzart (baixo), Felipe Dieder (da Maglore, bateria), Antenor Cardoso (percussão).

Como se não fosse suficiente, hoje eles ainda recebem o suingadíssimo Dão de convidado. No repertório, pérolas dos anos 70 e 80 de nomes como Frenéticas, Gang 90 & Absurdettes, Gilberto Gil, Originais do Samba, Orlandivo, Ney Matogrosso, Mutantes, Caetano Veloso, Itamar Assumpção, Marcos Valle, Titãs, Eduardo Dusek, Gal Costa, Tom Zé e Tuzé de Abreu, Marina Lima, Baby do Brasil e Ivan Lins. Resumo: não tem como um negócio desses não ser bom.

Mas espere, não acabou ainda: antes e depois do show, discotecagem categoria do DJ Camilo Fróes. Diversão até umas horas, como dizem.

JAM no MAM à mineira

“Ah, seu redator, eu só queria mesmo era uma coisa mais tranquila, mais relax, só sentar e ouvir os músicos tocando, eu nem sei dançar”. Calma, criatura, seus problemas se acabaram: compareça às 18h no Museu de Arte Moderna (MAM-BA) e aprecie a JAM NO MAM de outubro (ingressos entre R$ 5 e R$ 40, na plataforma Ingresso Live).

Comandada pela mítica banda Geleia Solar, hoje o repertório vem com gosto de pão de queijo: trata-se de uma jam especial privilegiando a extraordinária música mineira, com músicas de Milton Nascimento, Toninho Horta e Márcio Borges, entre outros.

Com a finesse que lhes é característica, os músicos da Geleia Solar selecionaram e arranjaram um repertório de clássicos mineiros de modo a ressaltar a riqueza instrumental de canções como Viola Violar, Beijo Partido e Cravo e Canela.

Um encontro entre a sofisticação harmônica das composições desses mestres com a sensibilidade dos músicos da Geleia, a essa altura com os dedos coçando para explorar a ligação entre a sonoridade enraizada na cultura mineira e as características da estética jazzística, marcada pelo lirismo e pela improvisação.

Depois não digam que Salvador não tem nada pra fazer. Saiam de casa e vão ser felizes. Se dirigir, não beba.

tributo Três anos após sua morte, maestro baiano Letieres Leite ganha livro que homenageia seu trabalho como músico e criador da Orkestra Rumpilezz

Legado pulsante

eugênio afonso

Letieres Leite, o maestro da Orkestra Rumpilezz, que nos deixou em 2021, aos 61 anos de idade em decorrência da Covid, era compositor, percussionista, saxofonista e nos destinou como legado uma colaboração inestimável à música brasileira.

Soteropolitano, ele era reconhecido pelos artistas com quem trabalhou como um músico genial, alguém que misturava música instrumental com elementos do candomblé e das big bands de jazz. O intuito deste amálgama era dar nova roupagem à tradição afro-brasileira.

Três anos após sua morte, a jornalista e cineasta baiana Vanessa Aragão lança Rumpilezz: A Performance e Sensibilidade de Letieres Leite e sua Orkestra (Letramento). A noite de autógrafo será hoje, a partir das 14h, no museu Cidade da Música (Comércio), com o livro a preço promocional de R$ 39.

A partir de pesquisas sobre a música afro-brasileira e o legado do maestro, Vanessa construiu uma narrativa em que analisa a música afro-brasileira e instrumental através do trabalho artístico produzido pela Rumpilezz.

A autora garante que o propósito da publicação é materializar, de forma detalhada, os pontos que mostram como Letieres e a Rumpilezz trazem inovação e revolução à música afro-brasileira.

“O livro cria uma mescla entre minhas vivências, desde os bastidores até a análise teórica sobre a performance e a construção de uma sensibilidade afro-brasileira no chamado Universo Percussivo Baiano (UPB) – método educacional criado por Letieres que une o ensino formal da música ocidental com a oralidade, a corporalidade. Uma transmissão de conhecimentos que caracterizam nossa cultura de matriz africana”, relata Aragão.

Intimidade de bastidor

Resultado da dissertação de mestrado da jornalista, a obra traz vivências, pesquisas e análises que homenageiam e reverenciam o trabalho do maestro. Vanessa constrói um estudo que parte do olhar sensível e da memória afetiva, levando em conta o trabalho que, desde 2018, ela desenvolve na cobertura fotográfica e audiovisual da orquestra.

“A união de elementos afro-diaspóricos que a Rumpilezz traz, além da linguagem pop remetida, por exemplo, nos tênis All Star, demonstra a vanguarda e o local de abertura de caminhos para novos tempos que Letieres e a Rumpilezz corporificam na nossa cultura afro-brasileira, colocando os percussionistas, o protagonismo negro, a tradição dos terreiros, a modernidade e a sofisticação juntas nesse projeto que, ao mesmo tempo que é local, é muito global”, detalha a escritora.

O livro, que pode ser adquirido na forma física ou em formato de e-book no site da Amazon e da própria editora Letramento, traz também muitas passagens da intimidade da autora através de relatos e vivências nos bastidores – camarins e ensaios –, além da proximidade com Letieres e os músicos da Rumpilezz.

Vanessa conta que sempre foi muito bem recebida por toda a equipe do maestro, que o clima entre eles sempre foi de harmonia, brincadeira, descontração e foco.

“Letieres tinha uma energia muito vibrante, parecia que tinha várias abas abertas na cabeça ao mesmo tempo, e também tinha uma doçura e suavidade de tratar todas as coisas e pessoas”, lembra.

“A primeira vez que estive nos camarins foi no dia 8 de dezembro de 2018, aniversário de Letieres, e a apresentação era com Caetano Veloso na Praça Castro Alves. Cantamos parabéns nos bastidores, conversamos um pouco como seria a filmagem (eu iria filmar o show e esses vídeos podem ser encontrados no YouTube da Alfazema Filmes). Esse dia pra mim é um marco e inesquecível”, arremata a jornalista.

Memória e valorização

No livro, há ainda um breve histórico sobre a música instrumental de Salvador e da Rumpilezz, assim como fotografias da autora e a análise de elementos performáticos como a nomenclatura, figurino, estrutura no palco, dança do maestro etc.

E também há uma entrevista exclusiva com o percussionista Gabi Guedes e sua vivência com Letieres Leite e o grupo.

Dedicado ao legado e à energia viva do eterno mestre e seu grupo musical, Rumpilezz: A Performance e Sensibilidade de Letieres Leite e sua Orkestra é uma forma de manter viva a herança do maestro baiano.

“A memória desse legado tão pulsante e único da nossa Bahia precisa ser preservada, fazendo com que seus projetos continuem com apoio de todos os setores possíveis”, pleiteia a cineasta.

Para Vanessa, Letieres é farol, abertura de caminhos e coragem por valorizar e conceder magnitude à música afro-brasileira. “Sua importância se dá na ousadia e revolução de ter materializado suas pesquisas e tudo que ele acreditava musical. Suas criações deram uma nova cara, valorização e sofisticação para a música brasileira. E lembremos o que ele disse: toda música brasileira é afro-brasileira”, finaliza a autora.

Minibio

Vanessa Aragão é também pesquisadora da música instrumental afro-brasileira com mestrado em Comunicação na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e pós-graduação em Gestão do Entretenimento na ESPM/RJ.

Como jornalista, trabalhou no Correio da Bahia, e atualmente desenvolve projetos na área da comunicação em geral e, mais especificamente, voltada para conteúdos e linguagens fotográficas e audiovisuais de produtos culturais, com sua produtora, a Alfazema Filmes.

Lançamento ‘Rumpilezz - A Performance e Sensibilidade de Letieres e sua Orkestra’ (valor promocional R$ 39) / Hoje, das 14h às 17h / Cidade da Música (Praça Visconde de Cayru, 19 – Comércio)

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