CULTURA
Novo álbum do Alice in Chains traz homogeneidade

Por Eduardo Bastos

Sai no Brasil, com um delay de quatro meses em relação ao lançamento no mercado internacional, o novo álbum do Alice in Chains, The Devil Put Dinosaurs Here.
Pode ser que a gravadora estivesse esperando a passagem do grupo pelo Rock in Rio para lançá-lo aqui, o que não deixou de ser uma aposta acertada, já que o Alice in Chains fez um bom show na Cidade do Rock na última quinta-feira, 19.
O nome do CD é uma alusão direta ao fato de alguns religiosos dos Estados Unidos divulgarem que foi o diabo que enterrou os ossos dos dinossauros na Terra, para confundir a humanidade. Tal teoria, além de ser manipuladora de mentes fracas, faz desmerecer o trabalho da ciência. Os caras da banda acharam isso de uma calhordice sem par e resolveram contra-atacar no disco - mais especificamente na faixa-título.
O álbum em si surpreende porque essa nova encarnação do Alice in Chains - com William DuVall nos vocais, no lugar de Layne Staley (1967 - 2002) - entrou em cena com um álbum muito bom, Black Gives Way to Blue, de 2009.
Assim, era de se supor que dificilmente a banda conseguiria manter o bom nível criativo na bolacha seguinte. Ledo engano.
Guitarra
Em The Devil Put Dinosaurs Here o Alice in Chains se revela mais entrosado e registra uma sequência de canções de fino talhe, nas quais o maior destaque vai para a guitarra do líder Jerry Cantrell.
Músico não adepto da velocidade, ele prefere explorar os climas e enxertar solos curtos e de grande riqueza melódica. No novo álbum, a guitarra de Cantrell brilha e conduz a atmosfera em faixas de andamento arrastado e pesado.
Ajuda muito também a presença de William DuVall, cantor que, ainda que não tenha o carisma e a presença de Layne Staley, se adequou bem ao estilo da banda com aquele timbre característico do grunge, imortalizado por Kurt Cobain, Eddie Vedder e o próprio Staley.
Neste álbum ele já se aventura nas composições, contribuindo na boa Phantom Limb, na qual faz também o solo de guitarra. Além disso, os vocais de Jerry Cantrell dão sustentação ao trabalho de DuVall, ao tempo em que ajudam a manter o elo com a primeira fase da banda.
Do ponto de vista das composições, The Devil Put Dinosaurs Here não é tão rico e diverso como Black Gives Way to Blue. Antes, aponta para um sentido de homogeneidade, uma unificação de ideias musicais em torno de um padrão estético mais definido.
O que chama a atenção é a própria estrutura e qualidade das composições, geralmente longas, pesadas, densas e bem trabalhadas nos arranjos. Entre as melhores estão Hollow, que abre o disco, Stone, Low Ceiling, Scalpel e a faixa-título.
A que mais remete ao velho Alice in Chains, dos tempo de Layne Staley, é Hung on a Hook, lenta, arrastada e com vocais exaltados. Já a mais acessível é Voices, com refrão marcante e uma pegada mais baladeira.
Shows no Brasil
Depois da passagem pelo Rock in Rio, abrindo para o show do Metallica, o Alice in Chains faz mais duas apresentações no Brasil: toca nesta terça-feira, 24, em Porto Alegre, no Pepsi on Stage, e na quinta, 26, encerra o giro brasileiro com um show no Espaço das Américas, em São Paulo. De lá, segue para a Argentina.
Embora seu estilo não seja exatamente o grunge, pois mantém forte influência do heavy metal e do hard rock, o Alice in Chains segue firme como representante da geração de bandas de Seattle que mudaram a cara do rock a partir do início dos anos 1990.
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