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02/08/2023 às 5:15 - há XX semanas | Autor: Eugênio Afonso

ARTES CÊNICAS

'O rabo e a porca' estreia no Gregório de Mattos nesta quinta-feira

Montagem teatral inédita comemora 30 anos de carreira da atriz baiana Aícha Marques

Aícha Marques e Manu Santiago vivem mãe e filha neste drama com roteiro de Aícha e sem diálogo verbal
Aícha Marques e Manu Santiago vivem mãe e filha neste drama com roteiro de Aícha e sem diálogo verbal -

Para celebrar 30 anos de carreira, a atriz baiana Aícha Marques (Uma vez, nada mais, Ensina-me a viver) decidiu se presentear encenando o espetáculo original e inédito 'O rabo e a porca'. Uma peça de teatro com texto e roteiro da própria Aícha, mas sem nenhuma verbalidade, ou seja, sem texto falado.

Com estreia agendada para esta quinta-feira, 3, às 19h, no Teatro Gregório de Matos (Praça Castro Alves), a montagem conta também com a participação da atriz Manu Santiago (Histórias do mundão) e tem direção de João Lima (O sapato do meu tio).

João diz que, intencionalmente, este espetáculo dá espaço para as duas atrizes abordarem um tema que sempre afligiu as mulheres, que antes sofriam caladas, mas hoje está na pauta do dia e já não é mais tabu.

“É a questão da opressão do homem sobre a mulher apoiado no patriarcado estrutural que faz com que o homem se ache no direito de dispor da mulher como lhe aprouver. Chegando a tratá-la até como um ser humano de segunda categoria”, afirma.

Ele explica que “no processo de criação, o esforço principal foi pesquisar e descobrir metáforas que transmitissem a informação desejada, de maneira que não fosse sentida a falta do diálogo verbal”.

A ideia foi apostar em elementos cênicos do teatro físico, visual, gestual, além de recursos da dança e da palhaçaria. Desta forma, a expressão corporal das atrizes, junto à luz, música, cenário, objetos cênicos e adereços, compõe um arcabouço comunicativo que prioriza outros sentidos do espectador.

Aícha garante que não ter fala no espetáculo não a incomoda, muito pelo contrário. “Desde o início da carreira, sempre gostei muito de trabalhar outros detalhes de composição de personagem. Minha primeira expressão artística foi a dança”.

Ela acredita ainda que quando se tira a palavra – um dos elementos mais significativos do teatro europeu – tudo passa a contribuir para expressar alguma coisa. E isso faz com que a plateia desperte sua atenção para outro campo de ação.

Sutileza e sofrimento

O rabo e a porca narra a história de uma atriz de cabaré decadente – personagem de Aícha – que teve que abrir mão de tudo para se livrar da opressão, exploração e violência sexual do marido e produtor, dono da casa de espetáculo. Tendo até que morar na rua e criar de forma precária sua filha – vivida por Manu -, fruto de um estupro.

Tudo acontece em um período de 20 anos, e atormentada pelo fantasma do pai da filha, só resta à atriz perambular pela vida sem teto e enlaçada com sua cria. Nesta peregrinação, suscita reflexões sobre machismo, patriarcado, alienação parental e perda de identidade feminina.

“A mãe sai do cabaré, entra em decadência e depois consegue retornar aos palcos com a ajuda da filha. A peça tem a ver com ciclos. E a gente traduziu estas informações em metáforas. Esta é a grande magia do espetáculo. Transformamos a escrita tradicional para a cena, utilizando a fisicalidade e também a visualidade com objetos cênicos”, detalha Marques.

Para Manu, sua personagem tem uma missão importante, que é a de quebrar os fantasmas, os monstros da linhagem feminina da família: “Ela cresce na alienação parental e no meio da história resolve se libertar para se salvar e salvar a mãe, e para que consigam emergir do submundo mental que o patriarcado nos leva”, conta.

Segundo a atriz, a peça quer chegar principalmente aos corações femininos. “Para que a gente reflita, mais uma vez, sobre as questões do feminino. Ele tem, em suas camadas, o abuso patrimonial, sexual, psicológico. A gente fala da cultura do estupro, do machismo, do patriarcado, do etarismo. Tudo com poesia, sarcasmo e um pouco de leveza, apesar de ser um drama”, enfatiza Santiago.

Bodas de pérola

Nestes 30 anos de estrada, Aícha reconhece que nada foi fácil e que pensar em desistir sempre foi uma possibilidade, mas que o amor pelo teatro falou mais alto e, apesar das pedras no caminho, a seduziu por completo.

“Quanto mais eu fazia teatro mais eu sabia fazer teatro e menos eu sabia fazer qualquer outra coisa. Eu mesmo não acredito que consegui não desistir porque é dificílimo fazer teatro, mas sou apaixonada e pago um preço caro por esta arte. Teatro é um lugar de cura, de saúde. É uma profissão que exige um ser total presente. É um lugar da não toxicidade. Super valeu a pena, mas também passei raiva – o que é bom, porque a raiva move”, comemora Aícha.

Para além da peça, serão oferecidas ao público três oficinas gratuitas, cada uma com 30 vagas, que deverão ser preenchidas no endereço @oraboeaporca. São elas: Oficina de Direção Teatral, dias 14 e 16 de agosto, com João Lima; Oficina de Técnicas de Composição Cênica, com Aicha Marques, 15 e 17 de agosto, e a Oficina de Gestão e Produção Cultural, no dia 18 de agosto, com as produtoras culturais Ana Paula Vasconcelos e Renata Hasselman.

Após a temporada no Gregório de Mattos, a peça segue para a Sala do Coro do Teatro Castro Alves em setembro. Também estão previstas apresentações em Lauro de Freitas e Feira de Santana.

Com produção executiva da Multi Planejamento Cultural, O rabo e a porca foi contemplado pelo Edital Setorial de Teatro 2019 e tem apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda, Fundação Cultural do Estado da Bahia e Secretaria de Cultura da Bahia.

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Aícha Marques O Rabo e a porca Teatro Gregório de Mattos

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