CULTURA
Paulo Goulart é sepultado ao som de canção de Jobim
Por Agência Estado

Ao som de Eu Sei Que Vou Te Amar, o corpo de Paulo Goulart foi enterrado na sexta-feira, 14, por volta das 14h15 no cemitério da Consolação, em São Paulo. A viúva Nicette Bruno, os filhos Beth Goulart, Bárbara Bruno e Paulo Goulart Filho e a neta Vanessa Goulart, entre outros familiares, amigos e centenas de fãs do ator estiveram na despedida do ator, que morreu na quinta-feira, 14, aos 81 anos, vítima de câncer.
A canção de Tom Jobim tocava em um rádio do carro da família, estacionado próximo ao local do enterro. Durante a despedida final, Nicette, que foi abraçada pelos filhos, jogou um beijo para o marido e flores brancas sobre o caixão.
Emocionada, a família permaneceu em silêncio e agradeceu o carinho dos presentes. Um dos fãs entoou um trecho de Canção da América e foi acompanhado por várias pessoas.
"Fica a imagem do pai, homem, amigo e ator. Ele foi a minha referência de vida", disse o filho Paulo. Pouco antes, em cerimônia privada na capela do cemitério, Nicette, irmãos do ator, sobrinhos, primos, os filhos e netos se reuniram para uma última oração. "Fica o legado da ética, da moral, ele era um gentleman, gentilíssimo com a minha mãe, sempre teve um olhar para o próximo. Paulo agora é a essência da luz", afirmou a atriz Beth Goulart.
Enquanto isso, fãs aguardavam e relembravam grandes momentos da carreira de Goulart. "Ele foi um grande ator. Teve uma vida linda. Era tão simpático quanto a Nicette, que mesmo neste momento de dor é tão bacana com a gente. Que família maravilhosa", dizia o flanelinha Wilson Souza Muniz.
Amigos da TV e do teatro, também compareceram ao local para homenagear o ator. Entre eles, Tarcísio Meira, Antônio Fagundes, Ary Fontoura, Laura Cardoso, Odilon Wagner, Ney Latorraca, Beatriz Segall, Marcos Caruso e Lúcia Veríssimo. "Ele era excepcional. A vida ficava boa quando ele chegava. Hoje damos um até logo. Nós nos reencontraremos em breve", declarou Juca de Oliveira.
A família foi embora logo depois do funeral, mas, no entanto, durante a hora seguinte, fãs continuavam chegando para reverenciar o artista. "É um momento difícil de separação momentânea. Mas a gente sabe que ele continua com a gente", completou o filho Paulo que, assim como as irmãs e Nicette, estava presente no momento da morte do ator. "Foi um final dolorido, mas uma passagem muito em paz, com muito amor, com todos os filhos, netos à sua volta. Eu de mãos dadas com ele porque nosso amor é eterno. Nós vamos ter este momento de separação, mas vamos estar juntos sempre", declarou Nicette à imprensa na quinta. "A dor é grande. Mas tenho certeza de que ele sempre estará conosco", completou a atriz, que conheceu o ator em 1952 e com quem foi casada por 60 anos.
Velório
O corpo de Goulart foi velado no Teatro Municipal, que recebeu profissionais de teatro e cinema como Thiago Lacerda, Juca de Oliveira, Bruna Lombardi e Maria Adelaide Amaral, além de centenas de fãs, que formavam uma fila de dobrar o quarteirão na manhã de sexta-feira, 14, quando o local seria aberto para o público, após permanecer por algum tempo restrito à família e amigos.
Ao todo, da noite de quinta até as 14 h de sexta, quando o cortejo partiu em direção ao cemitério, cerca de 11 mil pessoas passaram pelo velório. Da sacada do teatro, a família acenava para o público e agradecia o carinho. "Desde 1980, nossos caminho se cruzaram diversas vezes. Foi um colega maravilhoso e amigo de magníficos papos. Fica a saudade e a certeza de uma vida bem vivida e missão cumprida com muito amor", declarou, emocionada, a atriz Lúcia Veríssimo. "Vou sentir saudade. Descanse, grande artista. Exemplo de ser humano. Que Deus conforte os corações que você conquistou", declarou a atriz Sônia Lima. "Ele era fantástico como ator e homem. Alegre, bom caráter, bem-humorado, uma família linda", afirmou o ator Herson Capri.
Vida e carreira
Nascido em Ribeirão Preto, Paulo Goulart começou a carreira no rádio, em Olímpia, no interior de São Paulo. Lá ele trabalhou como DJ, operador de som e locutor. Estudou química, pois queria ter um "ofício" - rádio, afinal, "ainda não era considerado uma profissão".
Foi o rádio, no entanto, que lhe abriu as portas para o trabalho como ator. Nos anos 50, ao mudar para São Paulo, fez um teste para ser locutor da Tupi. Não passou, mas acabou sendo contratado por Oduvaldo Vianna como radioator. Toda a carreira de Goulart foi marcada pela atuação na TV. Mas ele também se dedicou igualmente ao teatro, participando de montagens históricas, como a encenação, em 1956, no Rio, de Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, em que contracena com Nicette Bruno, sua futura mulher. No cinema, foi dirigido por nomes como Nelson Pereira dos Santos (Rio Zona Norte) e Guel Arraes (Auto da Compadecida).
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