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02/10/2024 às 18:34 - há XX semanas | Autor: Eugênio Afonso

ARTES CÊNICAS

Peça de teatro ‘Sr. Oculto’ marca dez anos de carreira de Rodrigo Lelis

Peça tem direção de Marcio Meirelles

Rodrigo Lelis
Rodrigo Lelis -

Este ano, o Teatro Vila Velha (TVV) comemora 60 anos de fundação e o ator baiano Rodrigo Lelis (Por que Hécuba e Caetano Veloso, no longa Meu Nome É Gal) celebra uma década de carreira profissional, sempre junto e conectado ao Vila.

Cria da Universidade Livre do Teatro Vila Velha, Rodrigo está estreando o seu primeiro espetáculo solo, Sr. Oculto, nesta sexta, dia 04, às 19h, no próprio TVV, que fecha para reforma logo em seguida, com previsão de reabertura no segundo semestre de 2025.

Tanto que a peça só terá duas apresentações. A segunda será no sábado (05) no mesmo horário.

Com direção de Marcio Meirelles e texto da dramaturga Mônica Santana, o monólogo é uma adaptação cênica da novela gótica O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Sr. Hyde – escrita em 1886 pelo autor britânico Robert Louis Stevenson –, popularmente conhecida como O Médico e o Monstro.

A peça conta a história do médico que se isola da sociedade cada vez mais, na medida em que sua criação monstruosa ganha mais visibilidade. O espetáculo quer discutir temas como a dualidade da natureza humana, o conflito entre o bem e o mal, as complexidades da identidade, da ética e da moralidade, questões inerentes ao ser humano e extremamente relevantes.

Rodrigo afirma ainda que o monólogo é uma denúncia ao capitalismo e a uma determinada forma de poder exacerbado. “Ela fala da dualidade, da forma como lidar com nossos monstros, nossos lugares ocultos”.

“Jekyll é um médico da elite da cidade que herdou fortuna e reputação, mas sempre carregou uma vontade enorme de trabalhar um lugar latente de prazeres ocultos, por isso a necessidade de criar uma figura com outro nome, já que, assim, sua reputação não seria abalada”, decifra Lelis.

Quanto à conexão com o Vila Velha, Rodrigo diz que ela é imprescindível em sua história profissional e simboliza sua própria relação com o teatro. “É um processo de formação muito rico. Tudo que conquistei veio do Vila. Minha trajetória depende dele. Eu sou do Vila e sempre serei”.

Ameaça capitalista

Para Marcio Meirelles, a peça trata de uma dualidade que, na verdade, não existe. “São faces da mesma sociedade burguesa, capitalista. A mesma face gentil de benfeitores é a mesma que escraviza, que exclui as diferenças. O solo fala do monstro que pode ser visível, que se exercita e tem crescido cada dia mais forte, sem pudor de se assumir monstro, de esmagar, violar, violentar a sociedade pela força, pelas armas, pelo ódio ao outro”.

Ele revela ainda que Sr. Oculto é o terceiro espetáculo de uma trilogia sobre a relação entre homem e monstruosidade, que iniciou com Drácula, em 2012, e continuou, em 2014, com Frankenstein.

“Começou há mais de 40 anos quando quis montar Drácula pela primeira vez, mas não consegui naquele momento. Um romance feito de correspondências, notícias de jornal, que em seu conjunto constroem um inimigo que deve ser destruído, mesmo que às custas do atropelamento do outro. Depois veio Frankenstein, no qual o monstro é construído por uma classe excluída”, exemplifica o diretor.

“Por fim, Sr. Oculto que dialoga com o monstro de cada um, gerado também pelo capitalismo, pelo individualismo competitivo da classe detentora dos bens de produção”, ratifica Meirelles.

Razão e conhecimento

Já para a composição do texto, a convite do próprio Marcio, Mônica Santana conta que focou na possibilidade de ampliar as discussões sobre o lugar da razão, do conhecimento científico e das questões de classe que se apresentam na história, mas também legitimou um olhar mais feminino sobre a masculinidade que costuma gerar tanta violência.

“Interessou-me construir um texto que tornasse evidente alguns debates subjacentes ao livro: a discussão sobre razão, o humano, classe, a masculinidade e também racializando esses personagens”, evidencia a dramaturga.

Mônica informa também que se concentrou nas horas finais do médico Henry Jekyll, que grava um depoimento sobre sua criação monstruosa, o Sr. Hyde. “Nesse monólogo, ele reconstrói os passos de sua criação, suas premissas, suas estratégias e o quanto sua criatura é parte dele mesmo e aos poucos vai tomando conta integralmente de sua consciência. É uma obra crítica, sarcástica e que exigirá do espectador uma posição muito ativa na escuta e na leitura da própria peça”.

“Privilegiei aguçar uma dimensão mais política, reforçando alguns marcadores desses personagens sem perder de vista as dimensões das metáforas que o enredo original do livro nos propõe: os embates morais e éticos entre criador e criatura”, alinhava.

Ela diz ainda que partiu de uma necessidade recorrente, na atualidade, de reconhecer muitas práticas taxadas como monstruosas, como frutos de uma construção de gênero que se pauta na violência e no controle do outro.

“Convergimos para conceber Sr. Oculto como uma obra que fizesse indagações aos modelos de masculinidade, especialmente a mais hegemônica. É essa discussão que trazemos para a peça”, sintetiza Santana.

TVV ocupa a cidade

E com relação ao fechamento do Vila Velha, Marcio Meirelles tranquiliza os frequentadores, garantindo que eles não ficarão sem os projetos do teatro no período de execução das obras.

“Enquanto isso, estamos ocupando a cidade. O Vilerê vai ocupar Plataforma, Teatro Molière e outros espaços. O Vila também está no Museu de Arte Moderna (MAM), na exposição Vila Velha, por exemplo: 60 anos de um teatro do Brasil. E brevemente vai ocupar o Teatro Gregório de Mattos. E assim o Teatro Vila Velha vai cumprindo sua função até a volta, no próximo ano, com seu prédio requalificado”, finaliza o gestor.

‘Sr. Oculto’ / 4 e 5 de Outubro / 19h / Teatro Vila Velha (Passeio Público) / R$ 40 (Inteira) e R$ 20 (Meia) / Vendas pelo Sympla

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