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Podcast conta as histórias dos prédios de Salvador com nomes de orixás

Publicado sexta-feira, 26 de março de 2021 às 07:43 h | Atualizado em 26/03/2021, 07:43 | Autor: João Lucas Dantas*
Orixás Center foi um dos primeiros shoppings da cidade | Foto: Marielson Carvalho | Divulgação
Orixás Center foi um dos primeiros shoppings da cidade | Foto: Marielson Carvalho | Divulgação -

Um grupo de pesquisadores em Salvador uniu esforços para mapear e pesquisar sobre a história dos prédios que levam nomes de orixás na cidade. Dessa pesquisa nasceu o podcast CEP-S4NTO, que relata a relação da arquitetura e o diálogo com a cultura afrorreligiosa da Bahia.

Ao todo, são comentados sete prédios em sete episódios do programa, um capítulo para cada local.

Localizados pelas avenidas Sete, Carlos Gomes e Joana Angélica, pela Ladeira do Desterro, Praça Conselheiro Almeida Couto e pelas ruas da Jaqueira e Clóvis Spínola, os edifícios Orixás Center, Oyá, Oxóssi, Ossain, Ogun Onirê, Oxalufã e Oxumaré são o foco do projeto.

"A ideia surgiu da minha relação com a cidade e o amor pelo centro, pela circulação, pela questão da democratização dos espaços. A princípio, é uma questão de observação. Começo a fazer uso do meu repertório, sou jornalista e mestre em estudos étnicos e africanos pela Ufba, e isso tudo vai me ajudando a dialogar com todas essas questões", relata o idealizador do projeto, Hugo Mansur, também doutorando em mudança social e participação política pela Universidade de São Paulo.

Relação edifício/orixá

No começo, as questões estéticas e os nomes dos locais foram o ponto de partida.

O recorte inicial se deu pela região do centro da cidade para depois partir para outros pontos. E, disso, as histórias dos edifícios se tornaram o foco de pesquisa.

"Em 1969, a Construtora Luiz Pereira Araújo é fundada e ela é responsável, na nossa investigação, por quatro edificações. Ficou conhecida na década de 1970 por ser a construtora dos orixás. Na época, o dono – que dá o nome à construtora – juntou uma equipe de arquitetos que fomentavam a ideia que a cultura local tinha uma base majoritariamente negra e o interesse deles era tornar a arquitetura local mais baiana", explica Hugo.

A construtora foi responsável pelo Orixás Center, o edifício Ogun Onirê, Oxóssi e Ossain. "O prédio Oxóssi tem nas fachadas um rasgo de uma estrutura geométrica que remete às lanças. O Ossain tem toda uma pastilhagem verde. E No nosso podcast e no nosso Instagram, nós vamos destrinchando todas as relações com cada orixá em cada edificação", pontua o idealizador.

Para matar a saudade

Após um ano de pandemia e as recomendações de ficar em casa, um dos objetivos do podcast é trazer para o público a sensação de estar circulando pela cidade novamente.

"O projeto surgiu com essa vontade de rememorar, de circular livremente – e que a gente possa olhar para a cidade de outra forma quando pudermos voltar", expressa Hugo.

O podcast está sendo publicado no Spotify e no YouTube – seis dos sete episódios já estão disponíveis.

O grupo de pesquisadores que faz parte do projeto são Cristiane Querino, Diego Valle, Hugo Mansur, Marielson Carvalho, Adriele Regine, Daiana Damasceno, Fábio Batista e Evelyn Sacramento.

"O registro fotográfico foi de suma importância para que as pessoas possam visualizar o que estamos contando nas histórias", conclui Hugo.

* sob a supervisão do editor Chico Castro Jr.

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