INSTRUMENTAL
Pré-carnaval da JAM no MAM acontece hoje
Guitarra baiana, ícone da festa de Momo, ganha merecido tributo da turma do jazz
Por Eugênio Afonso

Até meados de março, só um tema festivo domina a cena musical da capital baiana: o carnaval, tamanha a força da festa que mais mobiliza a população soteropolitana, sobretudo depois do surgimento do trio elétrico. E lá se vão 75 anos, pois foi exatamente em 1950 que Dodô e Osmar trieletrizaram a famosa fobica. O resto é história.
Mesmo a JAM no MAM – tradicional reduto de músicos jazzistas que se reúnem para exercer a nobre arte do improviso no Museu de Arte Moderna da Bahia – se rendeu à festa de Momo e está fazendo uma homenagem especial (diga-se de passagem, mais do que justa), à guitarra baiana, instrumento emblemático da folia.
Hoje, na Praça Maestro Letieres Leite, no MAM (Solar do Unhão, Contorno), das 18h às 21h, a Geleia Solar – banda base da JAM – e convidados vão explorar os diálogos possíveis entre o jazz e esse ícone da música carnavalesca aperfeiçoado pelo músico baiano Armandinho Macêdo.
De acordo com Rosa Denise, trombonista da Geleia Solar, a ideia do encontro é ser um show dançante à base de música instrumental improvisada. “O carnaval começou com a música instrumental, através da guitarra baiana. Importante homenagear estes dois segmentos da música numa data próxima da festa de Momo”.
Grande encontro
Então, vai ser assim: a noite vai começar com a jam session tradicional, em que a Geleia Solar propõe interpretações para músicas da MPB, de compositores baianos e de standards do jazz nacional e internacional, dialogando sempre com este ritmo musical.
Da metade para o final, entram os músicos Fred Neto, Ágatha Clarissa e Júlio Caldas com suas guitarras baianas para acrescentar novas sonoridades ao repertório. A ideia é que o público possa curtir solos e proposições novas para músicas como Taiane, Passo Double Carnaval, Frevo Dobrado, Pombo Correio, Rock de Caicó, Dança do Tempo, Vassourinhas, El Cumbanchero, Brasileirinho e Malacaxeta.
Ágatha Clarissa confessa que a expectativa de compartilhar esse momento é muito grande.
“A gente quer saber como é que vai ser essa dinâmica. Sei que vai ser um grande encontro de guitarristas”, acredita a instrumentista.
A participação dos três vai estar focada em clássicos que variam entre frevo, samba, choro e rock. “E claro, para fazer jus à cultura musical da JAM no MAM, haverá muita improvisação sobre os temas por parte de todos”, acrescenta Fred Neto.
Importante legado
Ele lembra ainda que a homenageada da noite é o primeiro instrumento elétrico construído no Brasil do qual se tem notícia.
“Surgida em 1942, e antes chamada de pau elétrico, por Dodô e Osmar, seus criadores, sendo rebatizada por Armandinho Macêdo, ela foi, naquele momento, a única porta possível para a criação do trio elétrico. Então, é lógico pensar que sem a guitarra baiana o carnaval da Bahia não existiria como ele é”, exemplifica Fred.
Ágatha corrobora com Fred e afirma também que a guitarra baiana é um divisor de águas na história do carnaval baiano.
“Pra história da cultura baiana, pro axé, pro frevo, pra música instrumental brasileira. Eu entendo que é uma cultura que a gente deve preservar. Entender que a guitarra baiana é muito do frevo, do axé, mas que ela também dialoga com qualquer outro instrumento, com qualquer outro gênero ou estilo musical. É um instrumento que nasceu aqui em Salvador, na Ribeira, então tem um legado ali, uma energia muito forte ligada a esse pequeno grande instrumento”, assinala a guitarrista.
As edições da JAM no MAM sempre oferecem ao público uma experiência musical com artistas de diferentes épocas, origens e estilos.
A banda Geleia Solar tem um papel importante nisso tudo, já que a força percussiva da cultura local transforma os encontros em uma experiência diferente das jam sessions – reunião informal de músicos que se juntam para improvisar sem ensaio prévio – espalhadas pelo mundo.
Com direção artística do músico Ivan Huol, a JAM no MAM é um projeto da Huol Criações, e conta com apoio do Ipac e do Museu de Arte Moderna da Bahia. Mais informações no jannomam.com.br.
JAM no MAM / 22 de fevereiro / das 18h às 21h / Museu de Arte Moderna da Bahia - MAM (Avenida Contorno) / De R$ 5 a R$ 40 / vendAs: plataforma Ingresso Live / Classificação indicativa: Livre
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