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PERFIL

Prodigiosa, a soteropolitana Jana Vasconcellos vem se destacando no cenário

Mais recentemente, ela tem se apresentado com o grande sanfoneiro Gel Barbosa

Por Grazy Kaimbé*

20/12/2024 - 19:37 h | Atualizada em 24/12/2024 - 10:23
Jana Vasconcellos
Jana Vasconcellos -

Jana Vasconcellos, 42 anos, traz no som do violão uma trajetória entrelaçada por família, ancestralidade e dedicação. Natural de Salvador, a violonista, compositora e professora construiu uma carreira autoral marcada pela sensibilidade e versatilidade musical. Sua relação com a música começou cedo, quase de forma intuitiva. Aos sete anos, ela aprendeu a ler partitura enquanto observava o pai tocar teclado. “Eu sentava no colo dele e brincava de tocar. O instrumento veio como um brinquedo, mas a paixão ficou”, relembra com carinho.

Influenciada pela bossa nova, que marcou sua infância com os sons de Roberto Menescal, Zimbo Trio e Milton Nascimento, Vasconcellos se aproximou do violão aos 12 anos. O instrumento chegou pelas mãos da irmã mais velha, Cristiana Vasconcellos, e rapidamente se tornou uma das maiores paixões da artista. “O violão é a extensão do meu corpo e da minha vida. É nele que encontro a minha essência e consigo transformar sentimentos em som", define.

Do primeiro contato às primeiras notas, a violonista não parou mais. Aos 14 anos, ingressou no curso de extensão de violão clássico na Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde concluiu sua graduação e atualmente finaliza o mestrado. Desde então, o violão, a música e o ensino se tornaram indissociáveis de sua identidade artística. Vasconcellos começou a dar aulas ainda como estagiária na UFBA e nunca mais abandonou o papel de professora. Com paciência e leveza, ela ensina crianças e adultos a desbravar as possibilidades do instrumento.

Entre prêmios e palcos

A caminhada da violonista é marcada por conquistas importantes, fruto de um trabalho autoral e independente. Em 2012, ao lado de sua parceira musical Priscila Magalhães, venceu o Festival da Educadora FM com a música Sopro Forte. Em 2023, ela também venceu a primeira edição do Prêmio de Música Instrumental Tokio Marine Hall, realizado em São Paulo. Promovido pela Tokio Marine Seguradora, o prêmio tem como principais objetivos valorizar a música instrumental, dar visibilidade ao talento destes músicos e democratizar o acesso da população à cultura.

“Ganhar prêmios é uma consequência do que a gente faz com amor, esforço e muito trabalho. Tudo o que tenho conquistado é fruto disso, e cada reconhecimento me deixa muito feliz e realizada, porque reforça que estou no caminho certo", diz a artista.

Essas vitórias refletem uma trajetória sólida e cheia de significado. Jana busca em sua obra uma fusão de universos distintos, dialogando entre influências europeias e africanas, explorando as possibilidades do violão como um instrumento versátil e expressivo. No mestrado, ela selecionou duas peças que simbolizam bem essa diversidade. A primeira, Gota de Orvalho, do álbum Vida em Cordas (2022), é uma valsa com uso intenso de harmônicos, refletindo uma abordagem mais europeia. A segunda, Sons de Outono, carrega a ancestralidade africana através do Vassi, um toque presente nos terreiros de candomblé. A escolha, segundo ela, foi estratégica para mostrar a amplitude do violão na música brasileira.

"Essas peças mostram como o violão é um instrumento incrivelmente versátil, capaz de explorar universos musicais completamente distintos. Ele (o violão) tem essa capacidade de transitar entre diferentes culturas e sonoridades, conectando influências que vão do erudito ao popular, do europeu ao africano. Cada corda carrega uma história, e meu objetivo é mostrar essa riqueza, destacando como a música pode ser um reflexo profundo da nossa identidade e das nossas raízes culturais", comenta.

Em 2024, Jana viveu um ano de transição e aprendizado. Com o mestrado demandando tempo e foco, a musicista precisou diminuir as apresentações e gravações. Ainda assim, participou de eventos importantes, como a segunda edição do Festival do Recôncavo, que aconteceu em novembro deste ano. A artista se apresentou ao lado do sanfoneiro Gel Barbosa. A parceria com Gel, que já dura alguns anos, é fruto do compromisso que a artista tem com os músicos locais e o cenário independente baiano. “Festivais como esse são fundamentais para dar visibilidade aos artistas locais e permitir que possamos viver da nossa arte”, destaca.

Para os próximos anos, a artista mantém planos ambiciosos. Embora não tenha um disco novo previsto para 2025, trabalha em um songbook já gravado, que inclui a música Baião Novo, registrada em junho deste ano. “É uma composição que carrega muita energia e emoção, e estou ansiosa para que o público possa ouvir. Assim que organizar os últimos detalhes, quero compartilhar essa música que representa tanto pra mim", conta super entusiasmada.

Foto, família e simplicidade

Além da música, Vasconcellos nutre uma paixão por fotografia, embora nunca tenha feito um curso formal. “Eu amo fotografia! Quem sabe um dia faço um curso?”, diz, rindo, olhando carinhosamente para a câmera fotográfica de José Simões, fotógrafo do A TARDE. Recentemente, ela se aventurou em uma experiência marcante: fotografar o parto dos gêmeos de sua amiga e parceira Priscila Magalhães.

Quando questionada sobre quem é a Jana sem a música, ela responde com simplicidade: “Sem a música eu sou uma pessoa simples, que busca leveza na vida. Claro, existem momentos difíceis, mas procuro manter tudo leve, tanto na relação com a minha família quanto com os meus amigos. Acho importante não deixar as preocupações tomarem conta, porque isso influencia nosso trabalho e a convivência. Minha essência é ser essa pessoa tranquila, amiga e acessível".

Com cerca de 50 composições autorais no currículo e uma carreira construída com esforço e amor, Jana Vasconcelos se destaca não apenas pela habilidade técnica, mas pela sensibilidade que imprime em sua obra. Ela representa uma geração de músicos independentes que acreditam no poder da música como expressão cultural, social e pessoal.

Enquanto finaliza o mestrado, ela ensina violão e sonha com novos palcos e mantém os pés firmes em Salvador, sua casa e fonte de inspiração.

Entre cordas, memórias e influências que vão da bossa nova ao candomblé, sua música ressoa como um tributo às suas raízes e à sua história. “Tudo que conquistei é fruto do amor que coloco no que faço. E ainda há muito a ser mostrado”, finaliza Jana.

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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