Busca interna do iBahia
HOME > CULTURA
Ouvir Compartilhar no Whatsapp Compartilhar no Facebook Compartilhar no X Compartilhar no Email

CULTURA

Salvador Gomes e a arte de esculpir vida

Chico Castro Jr.

Por Chico Castro Jr.

23/12/2015 - 7:31 h
Salvador Gomes
Salvador Gomes -

Mania que se originou no meio nerd e rapidamente se espalha pelo mainstream, colecionáveis como action figures, estatuetas e bustos de personagens da cultura pop formam um mercado que movimenta milhões de dólares mundo afora. Curiosamente, aqui na cidade temos um artista de mão cheia em plena ascensão nesta área: Salvador Gomes.

Neste momento, o escultor, que trabalha suas obras tanto em argila sintética, quanto em 3D digital, aguarda o lançamento de sua primeira peça pela gigante McFarlane Toys: uma estatueta de Rick Grimes, o protagonista da HQ e série de TV The Walking Dead.

Tudo sobre Cultura em primeira mão!
Entre no canal do WhatsApp.

"Como eles ainda não lançaram a peça, não posso mostrar como ficou", desculpa-se o artista. Felizmente, em sua casa há amostras o bastante do seu trabalho, como as que ilustram esta página.

"Agora estou desenvolvendo um Naruto (personagem de mangá e animê) pra McFarlane. Além desse, tem mais uns três projetos para outras empresas. Um colecionador de São Paulo encomendou um Flash (super-herói da DC). E ainda estou produzindo um busto de Jorge Amado por conta própria", enumera o escultor.

Carioca de nascimento, Salvador decidiu morar na cidade-xará há uns cinco anos, depois de passar apenas uma semana a trabalho por aqui. "Foi para uma empresa de arquitetura, eu fazia ambientes virtuais. Gostei da cidade, aí resolvi ficar um mês", conta.

Um mês depois, Salvador estava decidido: se mudaria definitivamente para cá. "Com todos os problemas, eu gostei da cidade. É interessante como ela nos ensina. Aqui, aprendi a não levar mais tudo na ponta da faca, a ser menos reclamão. Em Salvador, você ainda consegue evitar, de certa forma, a violência. No Rio, não", afirma. "Fora que o custo de vida é menor. No fim, foi um plano de vida e de negócios", diz.

Confortável em um apartamento de ótimo nível no Rio Vermelho, onde montou seu ateliê em um quartinho, Salvador tem uma história surpreendente - até mesmo inspiradora. "Quando eu tinha dez anos, meus pais se separaram e minha mãe foi morar na favela de Vigário Geral", conta.

"Na primeira vez que fui lá visitá-la, eu disse ao meu pai que ia ficar lá, morando com ela. Não tínhamos fogão nem geladeira. Meu pai ficou puto", relata. A experiência de viver até os 15 anos com a mãe na favela marcaria Salvador para o resto da vida. "Vi muita coisa lá. Hoje, evito entrar numa favela. Não dá mais pra mim", lamenta.

Estudioso, Salvador chegou a fazer Faculdade de Belas Artes na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "Estudei na Ilha do Fundão (Zona Norte), mas logo tranquei. Na época, eu já sabia que não ia conseguir aprender lá o que eu queria. E o que eu queria era isto aqui", afirma, apontando para as estatuetas a sua volta.

Curso em Nova York

Após uma nova tentativa e erro no curso de desenho industrial, Salvador começou a pesquisar por conta própria. "Estudei muita História da Arte. Aí fui aprendendo em network, via Facebook. Muita gente me ajudou e eu ajudei muita gente também", conta.

Estudando e trabalhando, Salvador acabou vindo parar na capital baiana, onde conheceu sua esposa. Em 2013, o casal arrumou as malas e foi viver um semestre em Nova York, onde ele estudou com o escultor Adam Beane, mestre da linha realista e super detalhada que rege seu trabalho.

"Depois disso, fui construindo um portfólio nas horas vagas. Depois de um tempo, comecei a postar meus trabalhos no Facebook, até que um cara da Inglaterra se comunicou comigo e me passou o contato de uma empresa chinesa, a Imaginarium-Art. De cara, fiz uns quatro projetos para eles. Foi o que alavancou minha carreira", diz.

Pago em dólar, vida encaminhada, Salvador agora pensa em passar seus conhecimentos adiante. "Eu já dou aulas on line, mas meu sonho era abrir um centro de artes no Rio Vermelho para ensinar crianças a modelar. Se o mundo tem alguma salvação, é ensinando arte às crianças", acredita.

Siga o A TARDE no Google Notícias e receba os principais destaques do dia.

Participe também do nosso canal no WhatsApp.

Compartilhe essa notícia com seus amigos

Compartilhar no Email Compartilhar no X Compartilhar no Facebook Compartilhar no Whatsapp

Siga nossas redes

Siga nossas redes

Publicações Relacionadas

A tarde play
Salvador Gomes
Play

Baiana, filha de Jimmy Cliff e estrela em Hollywood: a vida de Nabiyah Be

Salvador Gomes
Play

Cultura afro ganha destaque com Zebrinha na Bienal Sesc de Dança

Salvador Gomes
Play

É possível tocar em meteoritos na Bahia! Saiba onde viver experiência única

Salvador Gomes
Play

Salvador ganha novo espaço para grandes eventos com a inauguração da ARENA A TARDE

x