CULTURA
Sérgio Marone diz que quer se dedicar a carreira de apresentador
Por Amanda Silva | A TARDE SP
Há 17 anos na telinha, o ator Sérgio Marone vem cativando o público com todo seu carisma e personagens. Interpretou papéis diversos, como o misterioso paranormal Santhiago, em 2001, na telenovela Estrela Guia, da Rede Globo. No mesmo ano recebeu seu primeiro papel em uma novela das oito, O Clone, e fez parte do elenco de Malhação em 2003 e, nos intervalos, também participou de algumas peças de teatro, ganhando até indicações a premiações, como em O Santo Parto, dirigida por Luís Artur Nunes.
Estes foram apenas alguns dos personagens interpretados pelo ator. Os dois últimos, já na Rede Record, trouxeram uma visibilidade maior ao seu trabalho, principalmente Ramsés, personagem de Os Dez Mandamentos, novela exibida pela rede de televisão em 2015. Hoje Sérgio Marone interpreta o anticristo Ricardo Montana em Apocalipse, também da Record.
Na entrevista a seguir, ele fala não só de seu trabalho, como de sua ligação com as causas em defesa do meio ambiente e sua caminhada para se tornar vegetariano.
Em Apocalipse você interpreta Ricardo, o anticristo. Às vezes, dependendo do papel, o ator acaba sendo julgado nas ruas e nas redes sociais por isso. Como está sendo a receptividade do público com você?
A recepção do público está ótima! Conseguimos, com o Ricardo Montana, fazer com que as pessoas amem odiá-lo e odeiem amá-lo. Ele tem muitas qualidades. É sedutor, elegante e charmoso. Um personagem muito interessante e ao mesmo tempo tenebroso. Então a receptividade tem sido ótima, mesmo! Ouço piadas frequentemente a respeito dele. Coisas como "poxa, um capiroto desse é jogar baixo" ou "não olha para mim desse jeito", porque o Ricardo tem umas olhadas fixas para a câmera de vez em quando. Vejo muita coisa divertida e engraçada nesse sentido. Houve uma cena na qual eu arranquei blusa da Isabela (Paloma Bernardi) e depois da Ariela (Leona Cavalli). A partir disso, várias outras piadas a respeito surgiram. "Se ele quiser arrancar minha blusa assim, não tem problema", entre outras. Então vejo as pessoas, principalmente as mulheres, se rendendo e fazendo muitas brincadeiras com essa característica irresistível do personagem. É bem legal.
Uma das coisas que eu aprendi com Os Dez Mandamentos foi a trabalhar com Chroma Key. Ter que fazer toda uma cena sem contracenar com ninguém
Na semana passada saiu uma matéria afirmando que seu personagem levou a telenovela à vice-liderança de audiência, segundo o Ibope. Como é saber que seu personagem está fazendo esse sucesso todo?
É muito bom! O perfil do Ricardo Montana no Twitter, por exemplo, tem mais seguidores do que o do próprio Apocalipse. Acho isso muito legal! Fico, de fato, extremamente lisonjeado. Devo agradecer isso a todo staff que me ajuda, começando pelo texto maravilhoso da Vivian de Oliveira (autora da telenovela) e de sua equipe. Os discursos do Ricardo Montana são incríveis! Costumo brincar, dizendo: "Eu mesmo acreditaria neste cara. Ele é o líder que quero para mim, para o meu mundo". Ele prega muito a igualdade, liberdade, mas sabemos que por trás desse discurso todo não é bem por aí.
Os Dez Mandamentos foi a primeira trama bíblica vivida por você. Qual foi o aprendizado que tirou dela e a diferença diante das anteriores?
Uma das coisas que eu aprendi com Os Dez Mandamentos foi a trabalhar com Chroma Key. Ter que fazer toda uma cena sem contracenar com ninguém, sem estar em cenário nenhum, apenas presente fisicamente, vestido com o personagem e tendo que imaginar tudo na minha cabeça. Isso foi uma novidade para mim, algo que eu nunca havia experimentado.
Como foi sua experiência como apresentador no período em que esteve no Dancing Brasil e no Hoje em Dia? Toparia um projeto assim novamente?
Minha experiência como apresentador foi sensacional! Foram dois grandes desafios na Record, dois programas ao vivo. Um deles na linha jornalística, outro na linha de entretenimento noturno. Um deles substituindo o grande jornalista e apresentador César Filho, o outro ao lado de uma das maiores apresentadoras do nosso País, a Xuxa. Foram duas experiências fantásticas que eu acho que graças a muito foco, dedicação e generosidade de ambas as pessoas, tanto o César quanto a Xuxa, com quem eu contracenava e coapresentava. São pessoas muito generosas, do bem. Quero que venham outros trabalhos nessa área. Só espero isso agora e já estou mentalizando muito para que aconteça, inclusive.
Qual é a diferença do Sergio Marone dos Dez Mandamentos e do Sergio Marone de Apocalipse?
Sem dúvida nenhuma o Sérgio Marone de Apocalipse está muito mais maduro profissionalmente, porém, continua o mesmo. Sem vida, vivendo muito mais a vida do meu personagem do que a minha, sem tempo para ver meus amigos, minha família. Mas tudo bem, faz parte, falta um mês e vamos encerrar isso com chave de ouro.
De todas as tramas já vividas por você, qual foi a que te marcou mais e por quê?
É muito difícil falar. Acho que todas elas tiveram um significado muito forte na minha vida e cada uma no seu momento. Mas o Ramsés me deu uma projeção como nenhum outro personagem havia me dado e não só no Brasil, mas no mundo inteiro. Sem dúvida nenhuma Os Dez Mandamentos foi um divisor de águas.
Minha experiência como apresentador foi sensacional! Foram dois grandes desafios na Record
Como está sua caminhada para se tornar vegetariano?
A minha mudança para o vegetarianismo está sendo de forma natural. Ela está acontecendo muito por conta de documentários que tenho visto, como Terráqueos, What The Health?, Cowspiracy e até mesmo por conta do gosto e da textura das carnes de hoje em dia.Há muito tempo que eu não consigo mais comprar frango, carne, até mesmo frango orgânico. A textura não é mais a mesma, o gosto não é mais o mesmo, então eu naturalmente já abri mão da carne há muito tempo. Se como, é no máximo duas vezes por mês, porque tem uma empanada argentina de carne picante ao lado da minha casa que eu adoro.Se eu for à Argentina ou ao Uruguai, onde eu sei que a produção de carne por lá tem um respeito aos animais no sentido de que eles são criados em pastos e não em baias, como a maioria dos animais são criados aqui na nossa indústria de agropecuária, posso comer.Aqui eles vivem em baias, se alimentam nelas e defecam nelas também. Em um dos documentários que vi mostrou que 80% das carnes moídas americanas tinham coliformes fecais. Isso tudo começou a me deixar muito assustado e enojado. Então hoje estou muito mais vegetariano do que carnívoro.
Como nasceu o Movimento Gota D'Água?
O Movimento Gota D'Água nasceu porque eu via a ONG Xingu Vivo publicando sobre tudo o que acontecia em Altamira devido ao início das obras de Belo Monte e tudo o que poderia acontecer. A organização é liderada pela Antônia Melo, líder social e ambientalista da região. Eu ficava horrorizado com as coisas que eles postavam no Twitter e não entendia o porquê o grande público não se comovia e se mobilizava com isso. Então decidi por fazer essa campanha. Fizemos um vídeo que teve milhões de visualizações em menos de uma semana, e, logo em seguida, conseguimos um milhão de assinaturas contra a usina. Um mês e meio depois estávamos subindo no Palácio do Planalto para entregar a petição a três ministros. Foi por isso que surgiu o Movimento Gota D´Água, para dar voz aos povos do Xingu contra a usina. Para abrir a caixa preta e discutir com a população, com os estudiosos e técnicos, a respeito do assunto. Hidrelétrica gera energia limpa, mas a construção de uma não é um processo sustentável. Precisamos rever esses conceitos.
Quais são seus planos para depois do fim do Apocalipse?
Quando terminar a novela eu irei me dedicar a linha de shows. Tenho muita vontade de me firmar como apresentador, acho que o Ricardo Montana veio para fechar com chave de ouro esse ciclo de dramaturgia. Nos próximos anos quero mesmo me dedicar a carreira de apresentador e aí temos algumas possibilidades que estamos estudando com a própria Record e com algumas emissoras de TV à cabo também. Espero que dê tudo certo! Quero fazer muito conteúdo. Um conteúdo positivo, propositivo, que não seja somente para entreter, mas também para agregar.
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