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CULTURA

Show de Caetano Veloso e Maria Bethânia na Fonte Nova movimenta fãs

Grande evento acontece neste fim de semana

Por Maria Raquel Brito*

30/11/2024 - 5:00 h
Maria Bethânia e Caetano Veloso
Maria Bethânia e Caetano Veloso -

O nervosismo do retorno, a emoção da lembrança e o calor que acompanha aquele carinho já conhecido. Nada se compara à sensação de voltar para casa. Disso, Caetano Veloso e Maria Bethânia entendem bem: um dos espetáculos mais aguardados do ano, a turnê Caetano e Bethânia desembarca na capital baiana neste sábado, para um show na Arena Fonte Nova.

“Salvador sempre estremece o coração”, definiu a cantora, em mensagem enviada ao público através das redes sociais. “Meu pai dizia que santo de casa não faz milagre, então é nervoso. Fazer Salvador é emocionante, mas é nervoso por ser nossa casa, por ser nosso berço, por ser nossa família, nossos amigos. Mas é um público lindo”, disse.

A série de shows, que estreou no início de agosto no Rio de Janeiro, já passou por cidades como Brasília, Belém, Recife e Fortaleza. Dois dos maiores nomes da música brasileira há mais de 60 anos, os filhos de dona Canô têm carreiras intrínsecas um ao outro: não dá para falar de Caetano sem falar de Bethânia, e vice-versa. Agora, com 82 e 78 anos, respectivamente, eles revivem juntos no palco alguns dos seus maiores sucessos.

E haja sucessos: somados, os dois têm mais de 700 obras autorais e quase 4 mil gravações cadastradas no Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad). Deste universo, foram selecionadas quase 40 canções, interpretadas ao longo de aproximadamente duas horas. No repertório, estão composições que moram no coração do público brasileiro, como O Leãozinho, Reconvexo, O Quereres e Odara. Na abertura, o inesquecível hino Alegria, Alegria.

Contando as horas

No repertório, espaço reservado para um tributo aos grandes nomes da música brasileira. A imortal Gal Costa, amiga e parceira de Doces Bárbaros, é homenageada pelos dois a partir de uma interpretação de Vaca Profana. Os cantores Iza e Kleber Lucas também aparecem no repertório, com versões de Fé e Deus cuida de mim, respectivamente.

Segundo Caetano, cantar em Salvador, na Arena Fonte Nova, vai ser como jogar em casa. “É a cidade que eu mais adoro no mundo”, declarou o cantor em um vídeo nas redes sociais. E a expectativa para o show em casa não vem só dos artistas.

Para Sheila Araújo, terapeuta ocupacional de 61 anos e fã de longa data de Caetano e Bethânia, o momento mais aguardado do show também tem a ver com a setlist: a música surpresa escolhida pelos irmãos para Salvador.

Isso porque, em cada cidade, eles selecionam uma canção local como forma de homenagem. Em Belém, por exemplo, foi Voando pro Pará, de Joelma. Nos shows de Recife, o público pôde ouvir Festa, de Gonzaguinha, nas vozes dos dois. “Eles escolhem músicas que têm a ver com a cidade, então estou curiosa para saber qual a música especial para a Bahia, que é a terra dos dois. Eu vejo as playlists e fico pensando: ‘qual não pode faltar no show daqui?’. E eu nem sei qual, porque todas são lindas e maravilhosas”, comenta.

Sheila já perdeu a conta de quantos shows dos dois já assistiu. Habituada à compra de ingressos on-line, organizou tudo com as amigas com antecedência para conseguir a entrada sem perrengue.

Há todo um ritual: mandar os dados necessários para a compra, entrar na fila virtual, esperar. Quem entrar primeiro na página para a compra dos ingressos, garante logo os do grupo todo.

Esses passos se repetiram em muitos lares e grupos de WhatsApp, e os ingressos esgotaram rapidamente. Até então, esta seria a única data em Salvador.

Meses depois, os que não conseguiram garantir a entrada sentiram os olhos brilharem novamente: os irmãos anunciaram mais uma apresentação na capital baiana, que acontece no dia 8 de fevereiro de 2025. Alegria dupla para Sheila: “Eu vou nos dois. Um em cada setor, para saber qual é melhor”, brinca.

Desde quinta-feira, os amigos paulistas Daniel Ribeiro, Weber Fonseca e Anselmo Calzolari estão em uma maratona para o show. Weber, que mora em Araraquara, viajou quatro horas até São Paulo, e Anselmo encarou duas horas, saindo do município de Araras.

O ponto de encontro foi a casa de Daniel, na capital paulista. Completaram a última etapa ontem logo cedo, embarcando para Salvador.

O esforço vale a pena para ver Caetano e Bethânia no palco. “Quando saiu a notícia da turnê, nós já tínhamos decidido ir no de Salvador, porque a gente acha que é bem especial ver os dois se apresentarem na Bahia, a terra deles. A gente acha que eles vão estar muito emocionados de fazer um show em Salvador, e eu e meus amigos também já temos uma relação com a cidade”, conta Daniel.

Reencontro nos palcos

Em maio de 1978, Caetano e Bethânia se apresentaram juntos no Teatro Santo Antônio – atual Teatro Martim Gonçalves –, em Salvador. O que era um encontro descontraído se transformou na primeira e, até então, única turnê conjunta dos irmãos, na época com 15 anos de carreira. Nas apresentações, eles cantavam músicas autorais e de outros artistas, como Chico Buarque.

Da série de shows resultou o disco Maria Bethânia e Caetano Veloso – Ao Vivo, lançado no mesmo ano, com canções como Tudo de Novo e Carcará. Desde então, as ocasiões em que os dois dividiram palcos foram pontuais. Agora, voltam cantando juntos um repertório mais extenso e acompanhados por 14 músicos.

Quando a primeira turnê aconteceu, ainda faltava um ano para o pedagogo Gilberto Luiz dos Santos nascer, também em Santo Amaro, berço dos filhos de dona Canô. A diferença geracional não significou nada para ele: assistiu ao primeiro show de Bethânia quando ainda era criança, em sua terra natal. De lá para cá, sempre que pode, está colado com os dois.

Guarda em uma gaveta as memórias com Caê e Betha: dos ingressos de shows passados a fotos com os irmãos e com a matriarca da família. Não poupa esforços pelos ídolos. “Antes, quando tinha apresentação deles em Salvador, eu dormia na fila do Teatro Castro Alves com meu banquinho. Já ia arrumado para trabalhar e seguia direto para lá depois da compra”, lembra.

Gabriel Matos, advogado de 34 anos, também cresceu com Caetano e Bethânia como trilha sonora. O intérprete de Sozinho sempre foi o cantor preferido da mãe dele, e passou a ser um dos seus também. Mas em seu coração, Bethânia tem um lugar especial. Quando viu que os dois cantariam juntos novamente, não pensou duas vezes: teria que ir.

“Ver o cantor da minha infância, o cantor da vida da minha mãe, de quem ela é a maior fã, junto com uma das artistas baianas que eu mais admiro, vai ser muito gratificante”, conclui Gabriel.

Caetano & Bethânia / Hoje, 21h / Portões abertos às 17h / Casa de Apostas Arena Fonte Nova / Ingressos entre R$ 110 e R$ 470 / Vendas: ticketmaster.com.br

*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.

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