MÚSICA
Sofisticada e radiofônica, 14 Bis faz show sábado na Pupileira
Noite será aberta pela anfitriã do projeto, a banda baiana Esquina de Minas
Por Chico Castro Jr.
Se quem lê esta matéria ligar o rádio, agora mesmo, e girar o dial, a chance de ouvir algum sucesso da banda mineira 14 Bis é quase certa. A lista de hits é grande: Planeta Sonho, Linda Juventude, Todo Azul do Mar e Espanhola, só para começar, são executadas todos os dias pelas rádios de MPB. Neste sábado, os baianos que apreciam estas e outras canções tem um encontro marcado com a banda no projeto Esquina Convida, na Pupileira.
A noite será aberta pela anfitriã do projeto, a banda baiana Esquina de Minas, uma entusiasta do som mineiro, especialmente do Clube da Esquina. No repertório, diversos clássicos do movimento, hoje mundialmente aclamado.
Após a apresentação dos baianos sobe ao palco a atração principal, que, faz um bom tempo, não se apresenta em Salvador. “Realmente, faz tempo”, admite Vermelho (teclado, violão, baixo e vocal do 14 Bis).
“Eu tenho uma relação especial com o Bahia, morei aí por uns seis meses, tocando com a banda Bendegó, que era do Gereba, o letrista era o publicitário João Santana (o Patinhas), e eu gostava muito de Salvador, tem tempo que eu não vou aí”, acrescenta.
No repertório, além das canções já citadas, Vermelho conta que estarão no repertório Caçador de Mim, Natural, Nave de Prata, Mesmo de Brincadeira e Sonhando o Futuro. “Algumas músicas também do Beto Guedes, com arranjos próprios nossos, e também Mais Uma Vez, que é uma música do Renato Russo em parceria com o Flávio (Venturini membro fundador da banda)”, acrescenta.
“Enfim, o show tem uma mistura de canções leves, suaves, tipo Espanhola, Todo Azul do Mar e tal, com músicas mais pesadas, nas quais Claudio (Venturini, irmão de Flavio e guitarrista), pode se soltar muito, porque a gente tem uma base muito sólida no baixo (Sérgio Magrão) e na bateria (Hely Rodrigues) e dois tecladistas, que sou eu e o Cristiano Caldas. Então, vai ser um show que tem tudo pra agradar a todos os gostos”, afirma Vermelho.
Milton abençoou
Formada em 1979, em Belo Horizonte, o 14 Bis sempre foi uma banda que se destacou por uma linguagem musical bastante elaborada, que trazia as influências do Clube da Esquina, dos Beatles e do rock progressivo de bandas como Yes e Genesis. O quarteto, que segue na ativa até hoje, ainda contava com Flavio Venturini à frente dos vocais.
O resultado foi essa capacidade de criar canções com muito apelo pop, mas sem abrir mão de certa sofisticação melódica e harmônica. “A gente sempre gostou de fazer canção. Então essa mistura de canções simples, vamos dizer assim, ao gosto do público, misturada com essa coisa mais progressiva, erudita, foi o que fez esse som próprio do 14 Bis. E nos cercamos de bons letristas, né? Márcio Borges, Ronaldo Bastos, Marcinho Borges e Fernando Brant, principalmente”, enumera Magrão.
Não à toa, o grupo caiu nas graças de Milton Nascimento, que os apadrinhou, fez a ponte junto à gravadora EMI Odeon, que os contratou, produziu o primeiro LP e, como se não fosse o bastante, cedeu ao 14 Bis dois clássicos de sua lavra que foram lançados primeiro pela banda: Canção da América (dele com Brant, no primeiro álbum, de 1979) e Nos Bailes da Vida (da mesma dupla, no LP Espelho das Águas, 1981). “Eu me lembro que eu falei com ele em uma festa na casa do Caetano (Veloso), no Rio. Falei pro Milton que tinha uma fita nossa lá na Odeon, que ele falasse para o pessoal escutar”, relata Vermelho.
“Aí escutaram, gostaram, contrataram a gente. O Milton foi não só nosso produtor, como nos deu uma música, que ele mesmo tocou. Aí eu pedi ao Fernando Brant, que fez uma letra, que se chamou Canção da América, e se tornou um hit. Depois o Milton nos deu Bola de Meia, Bola de Gude e depois Nos Bailes da Vida. E parece que, em troca, ele pegou Caçador de Mim, que é do Magrão e do Luiz Carlos Sá. O Milton gravou essa música e se tornou um sucesso mundial. Então, nossa relação com o Milton é muito forte”, acrescenta Vermelho.
Uma característica que também sempre marcou a banda é sua proximidade com a MPB, apesar de ser uma banda que sempre transitou na seara do rock. O fato é que o rock mineiro se confunde com a história da MPB, graças ao movimento do Clube da Esquina. Diferente de outros estados, nos quais o rock fez o movimento de se afastar da MPB, em Minas, a aproximação era buscada.
“Gostei muito dessa observação. Tem gente que nem considera a gente rock, não sei por quê, mas diferente das bandas, a gente juntou toda essa influência estrangeira, de erudito, de pop, do progressivo, e misturamos com a música mineira, principalmente o Clube da Esquina”, diz.
“Somos também uma banda vocal, nós cantamos assim, estilo Beatles, Crosby Stills and Nash, né, estilo Boca Livre também, que é outra banda vocal muito boa, então a gente junta vocal e instrumental”, conclui o músico.
Esquina Convida, com 14 Bis e Esquina de Minas / Sábado (11), 20H / Pupileira (Av. Joana Angélica, 79 - Nazaré) / Ingressos entre R$ 75 e R$ 180 / Vendas: Sympla
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