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11/07/2023 às 6:00 - há XX semanas | Autor: Tamires Silva*

CULTURA

Texto de Chico Buarque, 'Roda Viva' é remontada em Salvador

Comédia musical ocorre de quinta a domingo, sempre às 19h, na Escola de Teatro da UFBA

Hebe Alves: peça 
é “lembrete das armadilhas do capitalismo e da mídia”
Hebe Alves: peça é “lembrete das armadilhas do capitalismo e da mídia” -

Escrita e encenada pela primeira vez em 1968, ano da escalada de opressão e censura imposta pela Ditadura Militar, a comédia musical Roda Viva, de Chico Buarque de Holanda, retorna em nova montagem pelos alunos da Escola de Teatro da UFBA. A peça entrou em cartaz na semana passada e segue até este fim de semana no Teatro Martim Gonçalves, de quinta-feira a domingo, sempre às 19h. O acesso ao espetáculo é gratuito, mas é necessário retirar o ingresso na bilheteria do teatro com uma hora de antecedência.

Sob a direção da duas vezes vencedora do Prêmio Braskem de Teatro, Hebe Alves, esta Roda Viva de 2023 incorpora as questões de uma sociedade moderna, regida pela internet e pela tecnologia. A peça conta a história de Benedito Silva, um brasileiro comum, atraído pela chance de se tornar um ídolo pop, um cantor aclamado por multidões, que cai nas garras de um “Anjo marqueteiro” (caricatura de empresário ganancioso e sem escrúpulos) que lhe oferece as vantagens da fama rápida e fácil, em troca de sua identidade, seus valores e sentimentos.

Surge também um Capeta chantagista e manipulador da opinião pública, que também oferta uma aliança nessa empreitada de fabricar uma celebridade instantânea e vendê-la, partilhando dos lucros.

Hebe também considera que esta peça pode ser um chamado a repensar a função da arte no campo perigoso da construção de ídolos, da invenção e manipulação de notícias e da verdade travestida em jogos de poder.

“Mais do que nunca vivemos em um contexto no qual os artistas são obrigados a se moldarem ideologicamente ou até mesmo alterar a natureza e o sentido dos seus trabalhos para ter algum tipo de retorno e visibilidade” afirma Hebe.

“Hoje em dia, por exemplo, é imposta a presença nas redes sociais, todo mundo precisa ser influencer da sua profissão. Essa peça retrata justamente esse processo de industrialização da arte, que acontecia na época em que o texto foi escrito, e segue acontecendo hoje, só que através de outras plataformas tecnológicas. Ela é um lembrete das armadilhas do capitalismo e da mídia, das quais os artistas são as primeiras vítimas, os mais vulneráveis, e muitos acabam entrando nessa engrenagem sem ao menos perceber”, acrescenta.

Inspiração

Inspirada por Chico Buarque e sua intrínseca necessidade de refletir e criticar as convenções sociais de seu tempo por meio das obras, foi Hebe quem escolheu a obra Roda Viva, uma das primeiras experimentações de Chico na dramaturgia teatral.

“Naquele momento ele queria nos alertar sobre os perigos da ditadura militar que tomava o Brasil, e de como ela estava se utilizando dos artistas e da cultura para promover aquele golpe político como algo bom e positivo para o país”, observa a diretora.

“Então ao escolher essa obra dele, nós pensamos, e agora? A quais perigos políticos e ideológicos estamos expostos? O que a mídia e a indústria cultural tentam esconder do povo?”, pergunta-se Hebe.

Consciência

Para a artista, é preciso pensar com consciência para não cair nas armadilhas da fama rápida e do lucro fácil. “É importante refletir e alertar sobre essa máquina de produção de desejos, de sonhos. Fazer com que os artistas e o público se atentem ao perigo dessas promessas de grandes carreiras, do lucro fácil, da produção dessa felicidade instantânea. Mostrar que isso não é real e que existem interesses colonizadores, políticos, ideológicos e mercadológicos por trás disso. Além de mostrar que os artistas e o entretenimento são usados para forjar realidades alienantes que fortalecem esses empresários, financiadores e invasores culturais”, afirma.

“Muitas passagens do texto foram adaptadas para se encaixarem melhor no contexto em que vivemos. O texto, de maneira geral, foi totalmente adaptado pela professora Cleise Mendes. A maior parte das adaptações buscam justamente situar essa realidade cibernética, tecnológica que vivemos hoje. As coisas que um ‘superstar’ precisa fazer para ter sucesso hoje, são completamente diferentes da época do texto, na qual a televisão e a rádio eram os principais meios de comunicação. Mas também muitas coisas foram mantidas, justamente para mostrar que, apesar das plataformas serem diferentes hoje, os interesses gananciosos permanecem os mesmos”, garante Hebe Alves.

Nesta adaptação da história os atores interpretam diversos personagens. Há vários Beneditos, Julianas, Anjos e Capetas. A diretora de movimentação corporal, Daniela Botero, explica que o trabalho de corpo foi pensado para construir movimentações coletivas, inspiradas em danças indígenas e populares, engrenagens de fábrica e anatomia de animais.

Na equipe, outros grandes nomes do teatro baiano, como Agamenon Brito, no figurino, e Zuarte Junior, na cenografia. A direção musical fica por conta de Luciano Salvador Bahia e Marcos Lopes.

*Sob a supervisão do editor Chico Castro Jr.

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