UM LONGO ADEUS
Turnê de despedida do Sepultura chega hoje à Concha Acústica
Prevista para durar até 2026, turnê terá, em Salvador, um show extenso
Por Chico Castro Jr.
Quem é fã, conhece: a história do Sepultura com Salvador é longa e gloriosa, repleta de momentos históricos na carreira da banda. Hoje, o quarteto nascido em Belo Horizonte há quatro décadas vem à cidade celebrar essa relação com o show da turnê Celebrating life through death (Celebrar a vida por meio da morte), que chega à Concha Acústica, mesmo palco em que tocaram quando vieram pela primeira vez à cidade, em 1990.
Depois disso, o Sepultura voltou diversas vezes à Salvador e algumas dessas ocasiões foram absolutamente memoráveis: em 1996, lançaram o consagrador álbum Roots, no qual praticamente reinventaram o heavy metal, tornando-o mais percussivo e cosmopolita. Se no álbum anterior, Chaos AD (1993), eles já ensaiavam esse movimento com a percussão ‘olodúnica’ que abre o disco, em Roots, a porteira foi aberta com Carlinhos Brown participando como coautor, cantor e instrumentista na faixa Ratamahatta. Já o clipe do hit Roots Bloody Roots foi gravado aqui em Salvador, no subterrâneo do Mercado Modelo e nas proximidades, com direito a performances de dança folclórica.
Em 2004, eles se apresentam pela primeira (e única vez) no Festival de Verão. Consta que o som foi tão pesado, que energias ancestrais se manifestaram durante o show na forma de uma tempestade absurda que acabou derrubando uma torre de som no meio da apresentação. Felizmente, ninguém se feriu. Quem estava lá nunca esqueceu.
“Sim, Salvador tem uma história fantástica com o Sepultura. Todas essas que você mencionou, além do trio elétrico, que a gente também fez com o Carlinhos Brown e com o Angra (no carnaval de 2016). Foi uma experiência fantástica, também única. Eu tive o privilégio de tocar com a Margareth Menezes também, no trio e na Concha”, lembra o guitarrista Andreas Kisser.
“E enfim, o Carlinhos Brown teve essa participação no Roots com a gente. Gravamos o vídeo de Roots em Salvador também. Festival de Verão é outra lembrança espetacular. Foi a única vez que a gente fez também um festival como aquele. E, pô, estamos muito felizes de ter essa oportunidade de celebrar os 40 anos em Salvador nessa turnê, que está sendo sensacional”, acrescenta.
E que turnê. Em 2024, o quarteto varreu os Estados Unidos e a Europa, passando pela França, Alemanha, Reino Unido, Áustria, Polônia, Hungria, República Tcheca, Bélgica, Luxemburgo e por aí vai. Na volta, passaram por Ribeirão Preto (SP), São Luís e Manaus. Depois de Salvador, se apresentam neste domingo em Recife e entram em recesso para voltar à estrada em 2025.
“Foi uma turnê fantástica na Europa, os maiores shows que a gente já fez na história da banda, um público de várias idades diferentes, muita gente jovem, muita gente vindo ver o Sepultura pela primeira vez. É um sentimento sensacional de fãs também que se conheceram em shows do Sepultura, se casaram, agora trazem os filhos e netos, enfim, são 40 anos, e a gente toca na Europa e fora do Brasil desde 1989, então a gente tem amigos e conhece muita gente, fãs que acompanham a banda desde sempre, que estavam ali relembrando, trazendo presentes e fotos, enfim, é um momento sensacional”, descreve Andreas.
“Acho que o nosso planejamento foi realmente esse, de celebrar os 40 anos em uma atmosfera positiva, de celebração realmente, de agradecimento, e é isso que tá acontecendo”, afirma.
40 pedradas
Nesse projeto de despedida, além da turnê, prevista para acabar somente em 2026, ainda está previsto um álbum ao vivo. Por isto, todos os shows estão sendo gravados. “A ideia é lançar 40 músicas em 40 cidades diferentes pelo mundo, já estamos gravando tudo né, já temos todos os shows gravados, estamos montando isso para esses próximos dois anos”, conta Andreas.
No show de hoje, os fãs podem esperar um longo passeio (cerca de uma hora e 40 minutos) pela trajetória da banda, mas sem obrigações de visitar todos os álbuns: “A gente não forçou nada cronológico ou de tocar músicas de todos os álbuns. É um show comprido, o mais longo da nossa história, pra realmente ter espaço de fazer todas as músicas que a gente quer, de representar tudo o que já fizemos musicalmente, desde o thrash / death metal mais cru do começo, até o thrash mais técnico, a influência da música brasileira, dos ritmos, música orquestral, com cellos e violinos e orquestras etc. Enfim, a coisa acústica do violão, tem tudo ali, é um show completo”, garante.
Mesmo que não seja do gosto médio de todos os brasileiros, o Sepultura já é, há umas boas três décadas, uma das bandas mais originais e bem sucedidas de todos os tempos – e não só do metal, mas do próprio rock brasileiro, vide o alcance internacional que denota o caráter universal do quarteto. Olhar para trás deve ser um imenso motivo de orgulho. “É uma trajetória é fantástica, né, e a gente sempre lutou pela nossa liberdade artística, de não deixar pessoas de fora, seja de gravadora, rádio ou seja lá quem for, falar pra seguir um caminho tal ou outro”, afirma Andreas.
“Na época que o Sepultura começou era uma ideia absurda, uma banda da América do Sul ter acesso à Europa, Estados Unidos e fazer turnê junto aos nossos ídolos, às bandas que nos influenciaram. Fizemos tudo isso e até hoje temos um relacionamento fantástico com todos eles. Através da música, o que conquistamos nesses 40 anos é um sentimento sensacional, de paz, de tranquilidade e agradecimento”, conclui Andreas.
Sepultura: “Celebrating life through death” / Hoje, 19h / Concha Acústica / R$ 260 e R$ 130 / R$ 180 (ingresso social, mediante doação de 1kg de alimento / Vendas: Bilheteria Digital
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