NA SALA DO CORO DO TCA
‘Um Vânia, de Tchekhov’ volta em temporada até o início de setembro
Espetáculo, que será apresentado em Salvador sempre aos sábados e domingos, tem novidades no elenco
Por Elis Freire*

Espetáculo montado em 2017 pela Companhia de Teatro da Ufba, em parceria com o grupo Teatro NU, Um Vânia, de Tchekhov, está em nova temporada na Sala do Coro do Teatro Castro Alves.
Adaptação do texto clássico do dramaturgo russo Anton Tchekhov, a peça traz para o elenco Frank Menezes e Walerie Gondim, que se juntam a Alethea Novaes, Marcelo Flores e Marcelo Praddo.
Vencedora de Melhor Espetáculo Adulto no Prêmio Braskem de Teatro 2017, a montagem, que é sucesso de público, está em uma nova temporada em Salvador na Sala do Coro desde o dia 5 de agosto, que segue até 3 de setembro, sempre aos finais de semana. Com Frank Menezes e Walerie Gondim, em substituição a Gideon Rosa e Isadora Werneck, atores do elenco original, a peça dirigida por Gil Vicente Tavares volta com novidades
“É natural que a peça ganhe novos contornos. Gideon [Rosa, que estava na montagem original] e Frank são dois grandes atores da Bahia, mas Frank traz uma outra leitura para o personagem, mais cínico e ágil. Dá uma outra cara para a peça e isso é muito interessante, conseguimos ver diversas possibilidades que Tchekhov nos dá com esse texto tão rico”, diz o diretor.
“Foi uma emoção ter sido convidado para contracenar e me conectar com essa realidade russa antiga. Me surpreendeu o quanto a Rússia do século 19 é uma realidade muito próxima da nossa, com questões humanas e sentimentos atemporais. É um presente poder fazer um clássico”, ressalta Frank Menezes
A adaptação destaca os cinco personagens principais da obra original, explorando temas universais da humanidade, presentes no clássico Tio Vânia, escrito em 1897 por Tchekhov.
Disputas por terra, posses, herança, amor são alguns dos temas presentes no espetáculo, que explora as profundezas humanas.
“Ele é clássico justamente porque traz questões universais e eternas. Questões de terra, propriedade, frustrações familiares, desesperança, casamentos por amor ou não. Os problemas dos homens são sempre os mesmos”, ressalta Gil Vicente Tavares.
A obra retrata as cenas da vida do campo de uma decadente família na Rússia czarista do final do século XIX. O cotidiano de amores não correspondidos e vidas não vividas dão o tom do espetáculo. A obra, uma das mais clássicas do teatro mundial, adianta movimentos importantes das artes cênicas, com destreza nos diálogos e encenação.
“Eu me apaixonei pelo texto justamente porque Tchekhov é um precursor do absurdo no Teatro. Ele traz para o teatro a questão do impasse, da espera, do silêncio, desilusão. Ele prenuncia Esperando Godot, Kafka, muita coisa do Teatro do Absurdo, traduzindo muito bem a decadência russa da época”, explica Gil Vicente Tavares, diretor, músico e dramaturgo.
Mergulho cenográfico
Em formato de arena, o público vive de perto o universo dos personagens, quase dentro da cena. A iluminação assinada por Eduardo Tudella aproxima o público da dureza da vida daquela família russa, durante aproximadamente três dias juntos na casa.
“É um espetáculo que trabalha muito com o silêncio, com as pausas. Colocamos o público praticamente dentro da cena para que ele faça parte, sinta as emoções, o tédio, o aprisionamento. Depois dos aplausos, o público tem comentado o quanto a peça tem feito acessar locais tão profundos”, comenta o ator e dramaturgo Frank Menezes.
Integrante do elenco fixo da série global Cine Holliúdy e ator em peças como A Capivara Selvagem (2013) – onde também dividiu o palco com Marcelo Prado – e em Quem Matou Maria Helena? (2011), Frank Menezes vê a oportunidade de integrar Um Vânia, de Tchekhov como um presente para a carreira.
“Esse convite foi um presente! Há muito tempo só fazia monólogos. É tão bom poder voltar a contracenar. Substituir Gideon que estava há anos fazendo essa peça é muito difícil, mas muito importante. Tem sido emocionante poder fazer um clássico nesse momento da minha carreira”, afirma o ator.
Com figurino de Miguel Carvalho e Anna Oliveira e produção de Marcelo Praddo e Alethea Novaes, o espetáculo promete uma imersão profunda em uma realidade que não está desconectada de problemas da sociedade atual, nem mesmo da Bahia.
O texto precursor de problemas a serem enfrentados na relação com o outro e com a natureza propõe um olhar para o intocado que está dentro de cada um. Tensos, cínicos e frustrados, os personagens convidam os espectadores a refletir sobre a própria realidade universal humana.
“Lá em 1897, ele mostra a necessidade de mudança das famílias decadentes russas de pessoas que não conseguem sair daquele ciclo de problemas. Isso me lembra muito nossa Bahia feudal, que ainda tem uma aristocracia decadente que não consegue lidar com o novo. O texto casa muito com a nossa realidade”, ressalta Gil Vicente.
“A arte está aí para tocar nessas questões profundas, intocadas no homem. Os grandes autores – Dostoiévski, Shakespeare, Kafka – são aqueles que conseguem tocar nas questões mais profundas da realidade. Sempre ”, completa.
Os ingressos para as sessões de Um Vânia, de Tchekhov estão à venda na bilheteria do TCA ou na plataforma Sympla por R$ 60 a inteira e R$ 30 a meia entrada.
Um Vânia, de Tchekhov / sábados e domingos, 20h, até 3 de setembro / R$ 60 e R$ 30 / Sala do Coro do Teatro Castro Alves / Vendas: na bilheteria do Teatro e no Sympla
* Sob a supervisão do editor Chico Castro Jr.
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