CULTURA
Uma das principais bandas do reggae nacional contemporâneo, a Maneva celebra 15 anos de chacundum com o álbum de inéditas
Por Isadora Melo*

Cores, formas e símbolos: o caleidoscópio (aparelho óptico que apresenta combinações visuais criadas a partir de pequenos fragmentos de vidro e espelhos coloridos) foi a abstração escolhida para nomear o álbum que marca os 15 anos de carreira da banda Maneva. O lançamento comemorativo, disponível nas plataformas de streaming desde a sexta-feira (21), celebra a década e meia de história com participações especiais, como Cynthia Luz em Me Deixa, Di Ferrero em O Que Tiver Que Ser Será e Natiruts em Lágrimas de Alegria.
Mergulhados numa doçura que se tornou abruptamente escassa durante o caos pandêmico, a banda paulistana se compromete em trazer de volta as boas sensações. “Ter esse disco tão colorido, tão solar e tão leve inserido nesse contexto tão cinza em que vivemos é muito simbólico: é uma benção, um prêmio. É uma sensação de estar completo”, reflete Tales de Polli, vocalista.
“Lançar Caleidoscópico é uma verdadeira coroação”, diz. Com o objetivo de oferecer uma explosão de cores diante da sequência inacabável de dias mergulhados em sépia, músicas como Estrelas do Céu resgatam a importância de reservar um espaço interno para a paz, como exposto no trecho: “É preciso tão pouco para viver / Só sei que o hoje é mãe do amanhã / É luz que deixa a mente sã / Da culpa que o ontem me traz / Eu só quero paz”. A ousadia também é um traço muito presente, evidenciada especialmente na faixa Me Deixa, em que o eu-lírico é uma mulher em busca de encontrar e afirmar sua força.
Tales pondera que a faixa lhe traz emoção muito forte, “até porque é uma das poucas canções em que conseguimos trazer uma ferramenta que Chico (Buarque) faz muito bem: cantar em primeira pessoa. É poder trazer o universo feminino numa voz masculina. É especialmente marcante ter a presença de Cynthia na faixa”.
15 anos de história
Em 2005, os jovens Tales de Polli (vocal), Felipe de Sousa (guitarra), Fernando Gato (baixo), Fabinho Araújo (bateria) e Diego Andrade (percussão) decidiram unir seus dons em prol de um objetivo comum: tocar corações e transmitir sensações através do poder do reggae – não é à toa que o nome ‘Maneva’ foi escolhido: a palavra, de origem africana, significa “prazer”. Desde então, o grupo lançou cinco álbuns de estúdio: Maneva (2006), Teu Chão (2012), #Somosmaneva (2015) e o recente Caleidoscópico (2021), além de quatro álbuns ao vivo e dois EPs.
“A gente começou como empresa, lá em 2005. Eu e Diego formamos a banda. Lançamos em 2005 e em 2006 já tínhamos o nosso primeiro álbum. Foi algo bem profissional, apesar do fato de que nunca fizemos algo parecido antes. A nossa parceria é inacreditável, e foi assim desde o princípio”, afirma o vocalista.
“Parece clichê, mas somos uma família. Dividimos nossas dores e alegrias, boa música, um bom relacionamento e muita vontade de crescer. Acima de tudo, somos parceiros de sonho”, afirma.
Maneva e Natiruts
Ao mencionar ‘sonhos’, o cantor não deixa de citar a experiência de gravar com o Natiruts – a quem Maneva considera como referência de longa data. “Dividir Lágrimas de Alegria com Natiruts é como realizar um sonho. Eles são a minha principal influência. Nesses 15 anos, tocamos muitas músicas deles e poder dividir esta canção é, realmente, um motivo de lágrimas de alegria”. O músico relembra seus tempos de infância, em que saía com o “violão debaixo do braço, o caderninho de composições e todos os sonhos do mundo na cabeça”, enquanto ouvia as músicas da banda.
“Quando ouvi Lágrimas de Alegria fiquei pensando: ‘Caraca! O cara tá na música mesmo. O bagulho rolou!’, sabe? Uma parada muito emocionante”. Além de marcar a realização de um desejo de infância, também concretiza um evento histórico na música: a união de duas gerações do reggae brasileiro. “É o encontro que o reggae esperava. Essa parceria saiu na hora certa. É muito simbólico estar comemorando 15 anos de carreira com este disco tão bonito e ter o Natiruts fechando esse ciclo. É uma coisa sensacional”.
Dias melhores
Para o artista, o reggae é uma luz no fim do túnel. “É música para a alma, pro coração. É um purificador das coisas ruins. É uma limpeza. Ele regula a alma para extrair o melhor do que existe, e Caleidoscópico surge neste momento com essa finalidade: de espalhar amor, alegria e, acima de tudo, esperança para dias melhores”, finaliza.
*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.
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