CULTURA
Unesco anuncia 9 novos patrimônios culturais imateriais
Danças, festas e habilidades de países por todo o mundo entraram para a lista
Por AFP
A lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) recebeu nove adições nesta terça-feira,14, entre danças, festas e habilidades de países por todo o mundo.
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As nomeações foram decididas em sessão do comitê intergovernamental da instituição dedicado à proteção desse patrimônio, que está sendo realizada online entre 13 e 18 de dezembro.
O patrimônio cultural imaterial ou "patrimônio vivo", que engloba tradições orais, rituais e práticas sociais, "é uma herança de nossos ancestrais e transmitido aos nossos descendentes ", diz a Unesco.
Esses são os novos integrantes da lista:
- Danças de Corpus Christi -
As danças de Corpus Christi no Panamá, festa folclórica religiosa e pagã da época colonial, representam a luta entre as forças do bem e do mal. O festival acontece 62 dias após a Quinta-feira Santa, em mais de uma dezena de localidades do país.
O espetáculo reconhecido pela Unesco é baseado em cerca de 30 danças que combinam elementos da liturgia católica com bailes de máscaras diabólicas e roupas coloridas. Tudo ao som de tambores, acordeões, castanholas, violinos, apitos e sinos.
- Caligrafia árabe -
A escrita manual do alfabeto árabe é uma prática artística que busca transmitir “harmonia, graça e beleza”, de acordo com o site da Unesco. São usadas 28 letras, escritas de forma cursiva, da direita para a esquerda.
"A fluidez da escrita árabe oferece possibilidades infinitas, até mesmo dentro de uma única palavra, pois as letras podem ser esticadas e transformadas de várias maneiras para evocar diferentes temas."
A indicação da caligrafia árabe foi apresentada por um total de 16 países de maioria muçulmana, liderados pela Arábia Saudita.
- Falcoaria -
Praticada há mais de quatro mil anos em várias partes do planeta, a falcoaria é a arte de “treinar e voar falcões (e às vezes águias, gaviões, urubus e outras aves de rapina)”, explica o site da Unesco. A inscrição dessa tradição é assinada por 24 países da Europa, Ásia e Oriente Médio.
“Originalmente um meio de obtenção de alimentos, a falcoaria adquiriu outros valores ao longo do tempo e foi integrada às comunidades como prática social e recreativa e como forma de conexão com a natureza.”
- Festa de San Juan Bautista -
O ciclo festivo de culto a São João Batista (ou San Juan Bautista) é realizado na Venezuela há cerca de três séculos. Essas “práticas e saberes culturais (...) se originaram nas comunidades afro-venezuelanas escravizadas nos domínios coloniais espanhóis” do século XVIII, de acordo com a Unesco.
As datas das festividades variam entre regiões, mas os dias mais importantes são 23 e 24 de junho. “Em 23 de junho, os sanjuaneros visitam com amigos igrejas e casas de São João Batista. Em 24 de junho, a imagem do santo é batizada no rio local para comemorar o evento bíblico”, explica a organização.
Porém, muitas comunidades já começam a celebrar em maio, com “alegres batuques, danças, histórias e canções, além de procissões com uma estátua” do santo.
- Rumba congolesa -
Gênero musical e dança comum nas áreas urbanas da República Democrática do Congo (RD Congo) e República do Congo, países que a inscreveram em conjunto, a rumba tem origem em “uma dança antiga chamada nkumba (que significa "cintura" em Kikongo)”, indica a Unesco.
Os africanos levaram sua música e cultura através do Atlântico por meio do comércio de escravos, o que acabou dando origem ao jazz na América do Norte e à rumba na América do Sul.
Dançado geralmente por um homem e uma mulher, o estilo é performado por amadores e profissionais e está presente em celebrações e no luto, em espaços públicos, privados e religiosos. “A rumba é considerada parte essencial e representativa da identidade do povo congolês e da sua diáspora”, diz a organização.
- Grande Festival de Tarija -
Esta procissão religiosa celebrada na cidade de Tarija, no sul da Bolívia, homenageia São Roque e acontece desde os tempos coloniais entre agosto e setembro.
Durante o Grande Festival de Tarija, milhares de devotos percorrem as ruas com trajes coloridos e enormes chapéus cilíndricos decorados com penas e bijuterias, “expressando sua fé pela dança, música e orações”.
O evento é “caracterizado pelo artesanato regional, pratos tradicionais e a ausência de bebidas alcoólicas”, segundo a Unesco.
- Barcos nórdicos -
Há quase dois milênios, povos das atuais Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia constroem pequenos barcos abertos de madeira com um método conhecido como “clinker”, que foi declarado patrimônio imaterial da Unesco.
De acordo com o site da organização, “pranchas finas são presas à espinha dorsal da quilha e hastes, e as pranchas sobrepostas são unidas com rebites de metal, pinos ou cordas. O casco do barco é reforçado com armações”.
Essas embarcações, símbolo da herança costeira nórdica, costumavam ser usadas para a pesca e o transporte de materiais e pessoas. Hoje, são utilizados principalmente em festas tradicionais, regatas e eventos esportivos.
- Pasillo -
O pasillo é um ritmo popular nascido no Equador durante as lutas pela independência, que tem seu próprio museu e até uma escola no país sul-americano.
Produto da cultura urbana e considerado uma variação da valsa tocada em um compasso 3/4, o pasillo é dançado por um casal com passos curtos e rápidos, explica o site da Unesco. Hoje, porém, trata-se mais de um ritmo para o canto do que uma dança de salão.
“Acompanhado normalmente por violões e o requinto, um violão mais agudo, é essencialmente um poema musicalizado, com letras relacionadas ao amor, o coração partido, a vida, a morte, a família, a pátria e o cotidiano das pessoas.”
- Cerâmicas dos indígenas awajún -
Foram incluídos pela Unesco os “valores, conhecimentos e tradições” ancestrais dos povos indígenas awajún da Amazônia do Peru - cerca de 83 mil pessoas que habitam cerca de 320 aldeias - associados à preparação da cerâmica.
A olaria constitui um elemento significativo de sua cultura, principalmente para as mulheres, que são responsáveis por preservar esse saber tradicional.
Os artefatos feitos com argila úmida e “decorados com padrões geométricos inspirados em elementos da natureza” são usados tanto de forma doméstica quanto religiosa, além de serem vistos como “meios de expressar a personalidade, generosidade e vida íntima” de um indivíduo.
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