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POLÍTICAS DE CULTURA

XIX Enecult debaterá perspectivas para o setor cultural no Brasil

Evento começa nesta quarta-feira, 23, e segue até a sexta, 25

Por Elis Freire*

22/08/2023 - 0:30 h
Maria Marighella: “O maior desafio da Funarte é a criação de uma Política Nacional das Artes, dando espaço à diversidade”
Maria Marighella: “O maior desafio da Funarte é a criação de uma Política Nacional das Artes, dando espaço à diversidade” -

Importante debate aberto que une gestores públicos, estudantes e produtores culturais, o Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura deste ano chega à 19ª edição, com o tema ‘Culturas para o novo Brasil’. O evento acontece entre esta quarta e sexta-feira (23 à 25 de agosto) e promove diversas mesas na Reitoria da Ufba e no Goethe-Institut.

A programação conta com a presidenta da Funarte Maria Marighella, o secretário executivo do Ministério da Cultura Márcio Tavares, o filósofo Paulo Alcoforado, a multiartista Carmen Luz, a pesquisadora de cultura Isaura Botelho, a produtora audiovisual Paula Gomes e diversos outros nomes que discutem perspectivas para as artes e para Cultura no cenário atual brasileiro.

“O Enecult deste ano está no contexto de discutir como a cultura está sendo pensada nessa nova configuração que o Brasil atravessa. Temos falado muito sobre a retomada das políticas culturais, a retomada do Ministério da Cultura, então surgem as perguntas: quais são as discussões que colocam nesse momento de retomada a para cultura? O que projetamos para o futuro?”, explica Sophia Rocha, coordenadora do Enecult.

Amanhã, a partir das 9h, a Reitoria da Ufba (Canela) será palco da mesa ‘Democracia e Disputas Ideológicas no Campo da Cultura’, com exposição de Márcio Tavares e coordenação do professor da Ufba Albino Rubim. Pela tarde, às 15h a mesa será ‘Políticas para as Artes: Compreensões e Desafios’, também na Reitoria, com a participação da gestora Maria Marighella, da pesquisadora Carmen Luz e da diretora de cultura da Unicamp Cacá Machado.

“Não só como gestora, mas como artista e ativista da cultura queria celebrar esse encontro. O Enecult representa o lugar da reflexão e daquilo que se tem de mais ativo do campo da cultura do Brasil: é um lugar de confluência e convergência muito importante. O encontro marca também a importância da produção cultural para a Bahia”, afirma Maria Marighella.

Durante a mesa, a gestora discutirá o papel das instituições públicas e da população na construção de políticas para artes, principalmente através da Funarte.

“O maior desafio da instituição Funarte é a criação de uma Política Nacional das Artes, dando espaço à diversidade e combatendo a desigualdade na arte. As instituições precisam garantir esses direitos, junto a todo um sistema da cultura que não envolve suas instituições federais, mas estaduais, municipais e as universidades. A gente entende também que não existe política para cultura sem os fazedores da cultura, grupos, coletivos, espaços culturais como parte dessa política”, afirma a gestora.

Novos horizontes

Realizado pelo Grupo Cult, do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos da Ufba, o Enecult é o maior encontro da área da cultura. Integrando gestores públicos, produtores, artistas, estudantes e pesquisadores, o Encontro deste ano tem como marca o debate público para trocas de experiências e construção de novas políticas.

“Este ano é muito especial também, porque é o momento em que o Brasil, depois de um longo período de ataque às políticas de cultura, retoma seu ministério da cultura e, portanto, as suas políticas públicas para cultura voltadas para o povo brasileiro. Então, o papel da décima nona edição também se vincula com esse novo momento do país, para buscar centralidade na garantia do direito à cultura”, ressalta a diretora da Fundação Nacional das Artes, vinculada ao Ministério da Cultura.

A produtora audiovisual Paula Gomes, do coletivo Plano 3 Filmes, também destaca o momento esperançoso para as artes no país. A integrante do premiado Coletivo, produtor de filmes como Jonas e o Circo sem Lona, participará da ‘Noite do Pátio’, último encontro do evento que acontecerá sexta-feira, no Goethe Institut Salvador Bahia, a partir das 19h. O momento apresenta também homenagens a Roland Schaffner, Orlando Senna e Guido Araújo, além de lançamentos de livros inéditos.

A roda de conversa ‘Perspectivas para o audiovisual brasileiro’ com mediação da professora da Ufba Ohana Boy, traz também o produtor audiovisual Gabriel Pires, do NordesteLAB e o especialista em audiovisual e filósofo Paulo Alcoforado.

“A ideia é a gente conversar sobre esse cenário de esperança e traçar perspectivas para o audiovisual brasileiro. A gente está saindo dos quatro anos de governo Bolsonaro que foram terríveis para cultura, então precisamos discutir expectativas para esse novo cenário, em termos de políticas públicas de financiamento, mas também na parte criativa: Quais são as histórias que a gente quer contar nesse momento?”, comenta Paula Gomes.

“O setor audiovisual nordestino e baiano atingiu um nível assim muito bom, de muita qualidade artística e também com muito potencial de se comunicar com o público. Temos produções de qualidade e o que a gente precisa realmente é fortalecer todos os elos da cadeia para conseguir que essa produção chegue ao público. Debater audiovisual hoje é um marco de esperança, mas temos muito a construir”, completa a produtora.

Diálogo entre públicos

Com o apoio do da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia e do Ministério da Cultura do Governo Federal, o XIX Enecult busca aproximar a pesquisa em Cultura, promovida nas universidades baianas dos gestores da cultura do país. Aberto a todos, o encontro é um lugar de troca de conhecimentos amplo na área.

“É fundamental que esses processos de reflexão tenham atores de diversas origens. Este ano se destaca a participação tanto de gestores públicos, como também pesquisadores e produtores, comunidades. O Enecult deste ano se configura como uma grande arena de debate público democrático, com a diversidade de agentes culturais que o país possui”, completa a coordenadora, pesquisadora do Grupo Cult desde 2009 e professora do Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação da Ufba Camaçari.

“O Enecult traz à cena justamente o protagonismo na universidade não só no ensino, mas dando destaque na pesquisa e na extensão. O encontro assume um protagonismo da universidade como espaço fundamental na construção das políticas públicas. Todas as políticas para as artes só ganharão escala junto à universidade”, completa a presidenta da Funarte.

O encontro é aberto ao público, mas estudantes que desejam certificado de participação, devem se inscrever até amanhã, dia 23, através do site do evento. O investimento é de R$ 40 para estudantes de graduação, R$ 50 para estudantes de pós-graduação e R$ 60 para profissionais e professores.

XIX Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (ENECULT) / A partir de amanhã até sexta-feira / Aberto ao público. Para receber certificado de participação, a inscrição pode ser feita até amanhã no enecult.ufba.br. / R$ 40 (estudantes de graduação), R$ 50 (estudantes de pós-graduação) e R$ 60 (profissionais/professores) / Transmissões: youtube.com/enecult / Programação: cult.ufba.br/enecult/programacao-2023

* Sob a supervisão do editor Chico Castro Jr.

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