Ba-Vi da Gangorra

Menos de um mês atrás, projetei as escalações de Bahia e Vitória para o primeiro clássico do ano, neste domingo, no Barradão. Como era de se esperar, muita coisa já mudou desde então. No Leão, dois titulares (Wallace e Tréllez) foram embora. No Tricolor, até o esquema não é mais o mesmo do início do ano.

E, na gangorra do status emocional, tivemos duas ondulações. Por conta do 2017 superior, o Esquadrão entrou na temporada com confiança muito maior. Porém, os bons resultados do Vitória fizeram o torcedor rubro-negro engolir o ego tricolor, abalado pelas dificuldades encontradas nos jogos inaugurais. Teve até “Adeus, Guto!”, numa exigência de parte da galera por mudança precoce no comando técnico.

Só que o Bahia vem de um 6 a 1 sobre o Vitória da Conquista. E, ainda que o jogo tenha sido esquisito – com um primeiro tempo terrível e um segundo no qual a porteira se abriu rapidamente – é com essa lembrança fresca na mente que o time chega para o Ba-Vi. Já o Leão sofreu no último sábado sua primeira derrota no ano. O 3 a 1 para o ABC ainda custou à equipe a liderança de seu grupo na Copa do Nordeste. Tem a chance de se recuperar na quinta, quando pega o Corumbaense pela Copa do Brasil, mas, de qualquer forma, não terá no domingo a plenitude de sua confiança.

Sobre os times, as maiores mudanças aconteceram no Bahia. O 4-2-3-1 com dois volantes estáticos (Edson ao lado de Nilton ou Elton) foi deixado de lado. Guto Ferreira o trocou pelo 4-1-4-1, já que alçou a titular o promissor Gregore, um volante que recua para fazer a saída de bola, mas também possui talento e potência para ganhar o campo de ataque. À frente, ainda há a alteração no posicionamento de Zé Rafael, que passou a jogar mais por dentro, compondo uma dupla de armadores com Vinicius. Com Kayke como centroavante, Edigar Junio voltou à origem de atacante de ponta. Do outro lado, pode estar o velocista Élber, mas aposto no retorno de Allione para tentar fazer com que a equipe tenha maior posse da bola. Régis ficaria como arma para o segundo tempo.

Esse estilo de jogo tem se mostrado mais dinâmico do que o anterior, mas Vagner Mancini pode armar sua arapuca a partir dessa mudança. Gregore, apesar de talentoso, é um ponto fraco em potencial. Por vezes afobado, tende sempre a tentar antecipar as jogadas. Quando erra, deixa a equipe desguarnecida. No caso do Ba-Vi, o espaço seria oferecido justamente ao atleta mais perigoso do Leão, aquele que faz o elo entre meio e ataque nos contragolpes. Neilton deverá ter boas chances de fazer a ligação com o rápido Denilson ou de ele próprio decidir.

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No Vitória, o esquema permanece fixo: 4-4-1-1, com uma linha de meio-campo que tem movimentação bastante original do meio para a frente e dá liberdade para deslocamentos variados de seus quatro homens. No entanto, não vejo essa característica surpreendendo o seguro setor defensivo do Tricolor, que sofreu apenas um gol nos últimos quatro jogos. Em contrapartida, enxergo brechas no posicionamento da equipe rubro-negra que podem ser exploradas pelo Esquadrão. O lateral esquerdo Bryan, mesmo com a ajuda do também lateral de origem Juninho por ali, tem se mostrado frágil defensivamente, algo que pode render tramas perigosas envolvendo Zé Rafael, Allione e até Edigar Junio, quando houver trocas de lado entre os pontas. Péssimo para o Vitória que na direita a situação é ainda pior, com o meio-campista Lucas Marques sendo improvisado. O cenário melhora se o titular Lucas se recuperar de lesão.

Embora os times estejam em fase técnica ainda pouco apurada, vejo como esperança de um bom Ba-Vi a postura ofensiva que ambos vêm exibindo. Mesmo o Vitória tem tentado diminuir sua vocação reativa. Diante de um Barradão lotado, em dia especial com a estreia da via expressa, deve se apresentar ainda mais corajoso. E aí a balança pesará para o lado de quem for mais inteligente.