DETALHE TÁTICO
Ligação interrompida
Por Jornalista l [email protected]
Tite tem a certeza de que a equipe que pretende escalar como titular na Copa do Mundo já está bem gravada na mente dos jogadores. Assim, sente-se livre para fazer testes, provavelmente para casos excepcionais ou mudanças de estratégia durante as partidas.
Na última sexta-feira, contra a Rússia, alterou o esquema. Coutinho saiu da ponta direita para o centro do meio-campo. Paulinho passou a ter obrigação defensiva maior ao lado de Casemiro. Willian atuou na direita e Douglas Costa na esquerda, no lugar de Neymar.
A formação um pouco mais ofensiva visava ao desafio contra uma equipe que se colocaria em pesada retranca. Os russos se posicionaram num 4-5-1 bastante retraído, quase sempre esperando os brasileiros da intermediária defensiva para trás.

Desta forma, com Coutinho liberado de suas funções pela esquerda, esperava-se que ele flutuasse entre as duas linhas de marcação do adversário para fazer a ligação entre o meio e o ataque na parte final das jogadas. No primeiro tempo, essa ideia ficou quase que só na teoria.
Na maior parte do tempo, ele fez papel de armador, semelhante ao do titular Renato Augusto, que costuma recuar para iniciar jogadas junto aos volantes. Nas cinco vezes em que conseguiu receber a bola entre as linhas da retranca russa no primeiro tempo (círculos azuis), Coutinho estava tão apertado pela massa compacta formada por nove defensores que se viu obrigado a repassá-la rapidamente para trás em três dessas ocasiões (todas na direção de Marcelo). Nas outras duas, foi possível virar-se para o campo de ataque e, com dois passes mais verticais, o jogador acionou colegas para que eles finalizassem (Willian e Douglas Costa).
Mudança no 2º tempo
No geral, o Brasil criou pouco. Teve três chances. Faltou incisividade, com o jogo tendo de ser construído de trás das duas linhas de marcação. Ou seja, não deu certo. Porém, o segundo tempo distorceu a realidade. Buscando uma postura mais avançada diante de sua torcida, os russos afrouxaram o cerco nos 45 minutos finais. Adiantaram-se demais e abriram um buraco na sua intermediária defensiva.
Assim, mesmo tendo sido substituído aos 33 minutos, Coutinho encontrou as mesmas cinco bolas entre as linhas de marcação dos anfitriões (círculos amarelos). Só que, ao contrário do que ocorreu no primeiro tempo, agiu de forma vertical na maioria desses lances. Foram duas arrancadas, uma delas terminada em chute cruzado que Paulinho não conseguiu completar e outra que iniciou a jogada do segundo gol brasileiro. Ele encontrou Marcelo na entrada da área e o lateral passou para Paulinho sofrer pênalti. O próprio Coutinho converteu. Além disso, ainda fez duas conexões importantes com Douglas Costa na ponta esquerda e só em uma ocasião passou para trás – mas porque atrapalhou-se ao dominar a bola em boa condição para finalizar, na meia-lua da área adversária, e teve de recuar.
É importante ressaltar que, por conta da mudança de postura da Rússia, o Brasil encontrou até várias chances para contra-atacar no segundo tempo, algo que não aconteceu nenhuma vez na etapa inicial. Conclusão: o temor de enfrentar uma retranca feroz – situação que deverá se apresentar em todos os jogos da primeira fase da Copa – continua bem vivo, seja com Neymar, sem Neymar, com Coutinho aberto em uma das pontas ou tentando fazer o papel de ligação entre as linhas de defesa rivais. Hoje, diante da Alemanha, o meia atuará na posição de Neymar, pela esquerda, e a Seleção vai buscar rechear seu meio-campo com o volante Fernandinho na vaga do atacante Douglas Costa.
Os alemães estarão com uma equipe majoritariamente reserva, mas isso pode, sim, ser útil para nos dar um panorama real do time. Caso o Brasil atue bem e vença, vai ser legal, mas dirá pouco. Já uma atuação ruim, com derrota ou empate, será necessariamente motivo para preocupação.
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