DETALHE TÁTICO
Mexam-se, postes!
Por Dórea | Jornalista
Um pequeno parêntese antes de partirmos para o cerne desta coluna. Lembram como o Bahia mudou sua história neste temporada, ao passar de um time burocrático para um que pode fazer atuações dinâmicas e empolgantes?
A resposta poderá vir com elogios, merecidos, para o técnico Guto Ferreira – que depois se mandou para o Internacional e agora está desempregado. Porém, nem todos vão pontuar que a evolução se deu de forma casual, a partir do Ba-Vi semifinal de ida da Copa do Nordeste, no Barradão.
Naquele jogo, o centroavante Hernane se machucou gravemente e o reserva imediato, Gustavo, foi expulso logo que entrou em seu lugar. Sem as duas opções que tinha de atacantes-grandalhões-que-servem-de-referência, Guto foi obrigado a buscar outra solução. Com o móvel Edigar Junio no centro do ataque e mais atletas de boa técnica e agilidade para compor a linha ofensiva, o Esquadrão se tornou uma equipe muito mais competitiva e interessante.
Pois bem. Conto esta historinha para, como já fiz outras vezes, pontuar a importância da movimentação constante do centroavante moderno – vale lembrar que a histórica Seleção Brasileira de 1970 jogou sem referência fixa na frente. Passou definitivamente o tempo daquele 'cara que empurra a bola para dentro'. Num futebol de linhas defensivas rígidas e compactas, não há como ter sucesso sem várias trocas de posições durante uma mesma partida.
No último sábado, o Arsenal venceu o clássico londrino com o Tottenham, por 2 a 0, muito porque seu técnico, Arséne Wenger, bem mais velho e experiente do que Mauricio Pochettino, dos Spurs, mostrou mais uma vez ser um ‘coroa moderno’. Os Gunners foram um time bem mais dinâmico do que o conservador Tottenham – que segue na frente do rival no Campeonato Inglês.
Aventureiros
Um dos pontos fortes deste Arsenal é justamente a variação que existe no setor de ataque. O infográfico à esquerda ilustra as mais constantes movimentações de troca de posição entre centroavante e meias ofensivos. Bastante móvel, Lacazette costuma buscar as pontas e a intermediária para abrir espaço ao avanço dos companheiros. Não raras vezes no clássico de sábado os armadores Ramsey e Ozil, além do velocista Alexis Sánchez, aventuraram-se na área como centroavantes.
A ousadia desses jogadores que não têm a função específica de homens de área é crucial, pois de nada adiantaria a movimentação do centroavante se outros atletas não buscassem a proximidade da meta adversária. A falta do avanço mais incisivo de meias e atacantes de ponta ainda é um grave problema da maioria dos times brasileiros, o que explica por que vários jogos apresentam escassez de chances de gol.
A estratégia da constante troca de posições na frente rendeu ao Arsenal seu segundo gol na partida, ilustrado à direita no infográfico. Da tabela entre Bellerín – um ala que tem total liberdade para atacar devido ao esquema de três zagueiros, que costumam também ajudar na criação de jogadas – e o meio-campista Xakha surgiu passe infiltrante para Lacazette, que contou com a puxada de marcação de Ozil para receber livre na direita. Vindo do outro lado, Sánchez entrou em diagonal para ser acionado na pequena área e marcar. Mortal!
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