DETALHE TÁTICO
Polarizou

Por Jornalista l [email protected]
Começa hoje nossa principal competição no primeiro semestre, o Nordestão, e nunca nos últimos anos Bahia e Vitória entraram com tanta vantagem técnica sobre os outros adversários. Consequência da desistência do Sport e da derrocada dos demais pernambucanos, Santa Cruz e Náutico. O único que se aproximaria um pouco dos baianos é o Ceará, recém-promovido à Série A – mas claramente abaixo, com folha salarial do elenco inferior a R$ 1,5 milhão, mais ou menos a metade em comparação com a dupla Ba-Vi.
Atenho-me, então, aos arquirrivais, já prevendo disputa polarizada também no regional – no Baianão, que começa no fim de semana, é de lei. Tenho visto muita empolgação tricolor, um misto de aprovação do novo modelo de gestão com o 2017 satisfatório e o nível razoável das novas contratações. Do outro lado, vejo rubro-negros mais contidos, desconfiados, mas sem querer dar o braço a torcer. Vêm de uma temporada ruim, com problemas políticos, e só trouxeram quatro reforços até agora – menos da metade em relação ao Bahia.
O curioso é que, no ano passado, a situação era frontalmente oposta, com o Vitória apostando em medalhões e inflando o ego do torcedor, e o Esquadrão sendo mais austero. Assim como era perigosa a confiança rubro-negra em 2017, enxergo esse ínicio de 2018 da mesma forma. Meu colega colunista, Samuel ‘Monstro’ Lima, escreveu recentemente sobre o favoritismo do Bahia, uma opinião compartilhada por muitos analistas. Não discordo, mas não vejo o Leão tão atrás assim.
Nesta coluna, construo um panorama dos times que imagino ver mais para frente (confira no infográfico, com o Bahia de azul e o Vitória de vermelho). Não tento adivinhar as escolhas dos técnicos Guto Ferreira e Vágner Mancini, mas armo as equipes da maneira que acredito que elas podem render melhor. Reparem nas posturas de ambos. O momento ‘peito estufado’ do tricolor justifica minha previsão de ver o Bahia sempre pressionando adversários, ocupando o campo de ataque, enquanto o Leão, principalmente quando for enfrentar o arquirrival, deverá fazer jus à sua vocação reativa.

Apenas três atletas que escalei no Rubro-Negro não estavam aqui em 2017, o que sugere a manutenção do estilo. Vejo um possível ganho nas laterais, com a experiência de Lucas e o talento de Bryan. Por outro lado, há uma provável queda na segunda linha do 4-4-1-1. Precisamente no setor que era ocupado por David, um jogador de função tática indispensável pelo lado esquerdo, com força física para compor a linha de marcação e avançar com potência e objetividade nos contra-ataques.
Não sei se o novato Denilson é capaz de fazer isso, mas enxergo uma melhor possibilidade nele, com a vitalidade dos seus 22 anos, do que no desgastado Kieza. Espero que a ideia de Mancini de começar o ano com o K-9 como titular não seja só por um objetivo pessoal de recuperar o jogador, por conta de seu peso e de quanto o Vitória gasta para tê-lo. É preciso, antes de tudo, pensar nas questões técnicas e táticas.
Mais à frente está o maior trunfo do time, que tem em Neilton um ótimo puxador de contra-ataque e em Tréllez um centroavante forte e veloz. Diante de dois volantes lentos (Edson e Nilton) e dois zagueiros que não têm uma recuperação tão boa (Lucas e Tiago), devem dar trabalho. Pelos lados, Yago e Denilson podem se aproveitar das constantes subidas dos superofensivos Mena e João Pedro.
Zé Rafael centralizado
No Bahia, reina o 4-2-3-1. Porém, inovo aqui ao sacar o incostante Régis para apostar em Zé Rafael centralizado. Vejo nesse setor uma possibilidade maior de evolução do meia, especialista nas transições rápidas a partir de roubos de bola. Ou alguém lembra de produção efetiva de Zé em jogadas pelos lados? Tem como tendência sempre afunilar. Com essa mudança, a equipe ganharia em incisividade, tendo dois artilheiros atuando juntos: Edigar Junio pelo lado esquerdo, entrando em diagonal, e Kayke como centroavante. Na outra ponta, Elber seria a válvula de escape da velocidade.
Com tantos jogadores de boa qualidade na construção ofensiva, incluindo os dois laterais e as subidas de Nilton para arriscar os chutes de fora, o Bahia tem ótima chance de desmontar a previsível estratégia rubro-negra. Além disso, ganha em estatura com a entrada de Nilton para atuar ao lado de Edson. Era na força física que o Vitória ainda conseguia fazer alguma frente ao Esquadrão em 2017, principalmente com Kanu e André Lima.
A disputa promete ser bem interessante. Para não ficar em cima do muro, vejo um cenário mais favorável ao Bahia, mas deixo aqui meu registro de que não ficaria surpreso com o sucesso da tocaia armada por Mancini. Entretanto, Guto estará atento, principalmente por se tratar de seu principal adversário nas duas competições inaugurais da temporada.
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