PESQUISA
17,1% das pessoas negras sentem 'desespero' ao lidar com gastos
Levantamento com mais de duas mil pessoas levanta o debate sobre 'dismorfia financeira'
Por Da Redação
Uma pesquisa feita pelo Will Bank com mais de 2 mil pessoas negras e brancas, entre 18 e 40 anos, de raças e classes sociais diferentes em todas as regiões do país, mostrou que 17,1% das pessoas negras mencionaram “desespero” ao lidar com gastos cotidianos, como compras de supermercado do mês, contas de consumo de água, luz e moradia. Já as pessoas brancas relataram “tranquilidade”.
Em um cenário com 8,3 milhões de desempregados e 78% das famílias endividadas no país, não é surpreendente que a vida financeira desperte emoções. De acordo com a pesquisa, 90% dos entrevistados não conseguem comprar tudo o que necessitam e não possuem reservas para o futuro. O estudo também aponta que 71% das pessoas sentem que os outros obtêm facilmente o que eles conquistam com esforço.
Ótica racial
Em relação ao comportamento de consumo nos últimos 12 meses, 39,6% das pessoas brancas disseram ter procurado formas alternativas de aumentar a renda, enquanto 33,9% das pessoas negras atrasaram o pagamento da conta. Já 33,6% das pessoas negras disseram não conseguir fechar as contas do mês ou terem dificuldade de deixar as contas em dia, o percentual é de 24,2% para brancos.
Um percentual de 13% de pessoas brancas afirmaram que conseguiram comprar tudo o que queriam no dia-a-dia. O número cai para 7,1% na população negra. Metade dos brasileiros que se autodeclaram negros disse ter tantas contas em atraso que é quase impossível gerenciá-las.
Abismo
Apenas 10,5% das mulheres negras e pardas da classe D e E se referem à própria situação financeira com palavras positivas. Por outro lado, entre homens brancos de classe alta, este índice sobe para 58,1%. Enquanto 24,2% das mulheres destas classes sociais usam a palavra “desespero” para lidar com gastos cotidianos - como compras de supermercado do mês, contas de consumo de água, luz e moradia -, o número é de apenas 0,6% para o grupo de homens brancos de alta renda. A palavra “tranquilidade” aparece em 32,9% das respostas deles, ante 7,2% delas.
Sobre gastos que envolvem maior desembolso ou parcelamento dos bens, como compra de celular ou eletrodoméstico novo, entrada ou parcelas mensais de uma moto ou outro bem parecido, o sentimento mais popular entre eles é de tranquilidade (17,2%), seguido de satisfação (13,5%), enquanto para elas é desespero (13,7%) e tristeza (13,6%).
Enquanto 54,2% das mulheres negras e pardas da classe D e E afirmam que não conseguem fechar as contas do mês ou tem muita dificuldade de deixar as contas em dia, ante apenas 8,4% dos homens brancos de classe A e B; 32,9% do grupo que se encontra no topo da pirâmide afirma que compra tudo o que precisa, sobra e planeja para o futuro, o percentual é de apenas 7,2% para elas.
O que é dismorfia financeira?
“Dismorfia financeira” é o termo que dá nome a pesquisa feita pelo banco digital. O estudo aborda os impactos socioemocionais da relação dos brasileiros com as finanças, e mostraram que o destaque não está relacionado à falta de dinheiro, mas à falta de pertencimento.
O conceito faz uma associação a um fenômeno psicológico chamado de dismorfia corporal, que se refere ao desejo incessante de mudar algo em si por causa de padrões estéticos impostos pela sociedade. A correspondente financeira afeta a maneira como as pessoas se enxergam em relação ao dinheiro, influenciando a forma como as pessoas se comportam consomem.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes