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QUALIFICAÇÃO

68% dos donos de PMEs buscam capacitação antes de empreender

Pesquisa mostra que planejamento e busca por conhecimento são caminhos para sucesso nos negócios

Por Joana Lopes

20/10/2024 - 6:30 h
Professora de dança, Dandara tem empresa de serviços na área
Professora de dança, Dandara tem empresa de serviços na área -

Dandara Brazil era professora de dança e decidiu que precisava empreender. Até que, em uma oficina do Sebrae sobre planos de negócios, descobriu que já o fazia. “Eu não me sentia pertencente ao mundo dos empreendedores, porque sempre via muita gente trabalhando com produtos, vendendo moda, cosméticos, comida. E eu presto um serviço”, lembra.

Foi graças a essa primeira experiência de capacitação que ela entendeu que, muito para além da dança, ela presta serviços de desenvolvimento e autoconhecimento através dos movimentos do corpo. A partir dali, Dandara foi incentivada a buscar novos cursos para entender como estruturar sua empresa, e entender seu perfil empreendedor.

Uma pesquisa da Serasa Experian mostra que 68% dos donos de pequenas e médias empresas se preparam para empreender. Cerca de metade dos empreendedores (49%) realizou cursos e capacitações antes de iniciar o negócio e, no Nordeste, esse percentual cresce para 56%. No caso de Dandara, isso lhe abriu novos horizontes.

“Minha empresa estava aberta desde 2015, como MEI, mas meu CNPJ estava abandonado. Com as capacitações, aprendi a fazer plano de negócio, fiz networks e parcerias. Conheci uma contadora que ajudou a colocar minha empresa nos trilhos, aprendi sobre a saúde financeira do negócio. Hoje, quando as empresas entram em contato, eu sei mandar um orçamento direitinho”, diz ela, que realiza atendimentos online até em outros países.

Para Claudio Patterson, consultor do Sebrae Bahia, este é um exemplo de que “não existe negócio que não dá certo, existe negócio mal dimensionado.”

Ele lembra que, antes de abrir uma empresa, é importante entender o que se quer fazer e para qual público. “O primeiro passo é modelar o negócio, organizar as ideias. Ferramentas gratuitas, como Canvas, permitem modelar a empresa em cima das perguntas norteadoras. Também é importante fazer um estudo de viabilidade. O próprio Sebrae oferece orientação técnica gratuita.”

Patterson destaca que capacitação em gestão financeira e em presença digital são as mais essenciais para quem quer empreender.

“As tecnologias digitais têm tudo a ver com a expansão do negócio. E é preciso fazer cursos recorrentes de gestão para atualizar a empresa de acordo com os diferentes cenários do mercado”, explica.

Mariana Figueiredo, diretora de pequenas e médias empresas da Serasa Experian destaca que esses conhecimentos são mais importantes do que alguma formação específica na área. Ela diz que um erro muito comum, por exemplo, é misturar as finanças pessoais com as do negócio. “Além de desorganizar o caixa, muitas vezes perde-se a noção do quanto vem entrando e saindo do caixa da empresa versus os gastos pessoais. Outro equívoco é negligenciar o score PJ (risco de crédito), cuidando apenas do score pessoal. Trata-se de uma importante ferramenta de reputação das empresas e, quanto melhor for esse número, melhores serão as condições de crédito que ela pode obter”, ressalta.

Expansão

Calvin Rocha seguiu à risca as orientações do Sebrae antes de abrir a confeitaria Le Lapin, em Salvador, junto com a sócia, Cecília Moura. Em 2016, eles começaram a fazer bolos e doces de festa em casa, como uma forma de renda extra. Com o passar do tempo, expandiram o cardápio com ovos de Páscoa e panetones. Camila, então, foi estudar confeitaria numa das mais renomadas escolas da área, a Le Cordon Bleu, em São Paulo, e Calvin se formou em gastronomia.

À medida em que a marca foi crescendo, eles decidiram abrir uma loja física, na Pituba. “Fizemos um estudo de viabilidade econômica antes de dar esse passo e vimos que daria certo”, conta Calvin.

Com um cardápio de doces e salgados finos, diferentes do que se encontra normalmente na cidade, eles fidelizaram uma nova clientela. “Já tínhamos uma lista de transmissão de 600 clientes que faziam encomendas desde que vendíamos em casa. Trabalhamos essa base de dados e a migração para a loja física aconteceu de forma orgânica”, celebra Calvin.

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