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ENTREVISTA – HENRIQUE CARBALLAL

‘A reindustrialização da Bahia se dará através da mineração’

Presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral destaca potencial do setor para atrair novas indústrias

Por Divo Araújo

18/11/2024 - 6:40 h
Henrique Carballal, presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral
Henrique Carballal, presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral -

Em parceria com o jornal A TARDE, a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) realizará, em dezembro, um fórum para discutir o novo cenário da atividade mineral no estado. Entre os temas que certamente estarão em debate, destaca-se a transformação da mineração na Bahia, impulsionada pela atração de empresas que, além de investir no segmento, estão sendo incentivadas a implantar indústrias no estado.

Em entrevista exclusiva, o presidente da CBPM, Henrique Carballal, revelou que, atualmente, quatro indústrias estão em processo de instalação na Bahia, associadas ao crescimento da atividade mineral. “Uma mineradora não é uma empresa industrial”, explica ele. “Mas a mineração precisa contribuir para o desenvolvimento da reindustrialização do estado e para o fortalecimento da indústria”. Saiba mais sobre a atividade mineral na Bahia na entrevista a seguir.

A Companhia Baiana de Pesquisa Mineral vai realizar em dezembro, em parceria com o Jornal A TARDE, o 2º Fórum CBPM de Mineração e Sustentabilidade, que vai discutir os efeitos da mineração na descarbonização e transição energética. Qual é a importância desse evento?

Primeiro, para nós é muita alegria a gente poder dar continuidade a um processo de escuta da sociedade sobre a evolução da mineração na Bahia, em parceria com o Jornal A TARDE, que nos dá segurança de que a informação será levada para a população para além do fórum propriamente dito. Neste evento, nós vamos poder escutar a população. E vamos poder, com a presença de A TARDE, dar consistência a isso. Ou seja, nós vamos conseguir dar continuidade a esse debate através das páginas de credibilidade que o jornal construiu ao longo desse centenário histórico de vida. A ideia é exatamente trazer pessoas, autoridades que possam enriquecer esse debate. A gente compreende que a mineração se tornará cada vez uma fronteira maior de desenvolvimento econômico para o estado. Há uma necessidade mundial, em função da pressão que as mudanças climáticas vêm exercendo no mundo, de um investimento cada vez maior no desenvolvimento da mineração. Mas nós precisamos compreender que a mineração precisa estar inserida, não apenas nas ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) da ONU, não apenas na lógica da política ESG (sigla, em inglês, de Governança Ambiental, Social e Corporativa), mas, acima de tudo, ela precisa respeitar as comunidades que estão no entorno dela. Ela precisa fazer com que essas comunidades percebam que o legado da mineração não é apenas o legado da humanidade, da descarbonização, da transição energética, do desenvolvimento econômico. Mas que sintam que há um legado que fica para aquela comunidade ali. E não é à toa que a gente vem criando iniciativas importantes na CBPM, como, por exemplo, a criação dos fundos de educação. Que ela possa de fato ter benefícios que vão além dos empregos, mas a partir dos investimentos que as mineradoras precisam realizar no entorno dessas comunidades. Além de tudo isso, é preciso que se preserve o meio ambiente, que se tenha os planos dentro da legislação em vigor. Diga-se de passagem, que é o contrário do que as pessoas pensam, a legislação brasileira é muito avançada nessa questão ambiental. A legislação brasileira nos garante tranquilidade de que, quando um órgão ambiental autoriza uma atividade, essa decisão foi precedida de um conjunto de estudos de preservação da fauna, de preservação da flora, assim como o manejo necessário e também o que será feito após o processo de encerramento da mina. É sempre bom a gente frisar que, de todas as atividades econômicas, exceto talvez àquelas vinculadas ao setor terciário, a que gera o menor impacto ambiental é a mineração. Ou seja, o tamanho de uma mina é definitivamente menor do que o tamanho de uma fazenda para produzir.

A Bahia vem se destacando tanto na produção de energia eólica como energia solar. Como a mineração contribui para a produção de energias renováveis?

Você não tem placa de energia solar se não tiver sílica; você não tem os cataventos da energia eólica se não tiver mineração. Falando nas duas que você traz, não tem nenhuma possibilidade de desenvolver transição energética se não tiver mineração. Os minerais são necessários para que você possa ter essa produção. E, mais do que isso, eu não sei se você lembra, a presidente Dilma (Rousseff) que, inclusive foi ironizada por uma elite perversa, dizia assim: ‘Nós precisamos encontrar um caminho para armazenar o vento’. Só para você ter uma dimensão, hoje o Brasil produz em média 34 mil megawatts hora de energia fotovoltaica e eólica. A Espanha consome por dia 30 mil megawatts de energia. Quando dá 18h, o controlador nacional do sistema tem que colocar de energia no sistema oriunda das termelétricas, das hidrelétricas, da nuclear, o que faz com que haja um encarecimento natural dessa energia. O que a presidente Dilma disse naquela época é que você precisa pegar a energia que está sendo produzida e armazenar ela. Como é que você faz isso? Com baterias. Uma bateria de lítio é uma bateria que corre risco de ter incêndio. Por isso, nós estamos evoluindo para baterias de vanádio e outras baterias. Há uma possibilidade de a gente conseguir construir baterias que armazenam essa energia que é produzida. Isso só é possível com mineração. Quando você vê um carro elétrico, por exemplo. Você já tem mineração na chaparia, peças do motor, rodas, parafusos, etc. Além disso, a bateria elétrica requer cobre, cobalto, grafita e lítio. Esses minerais são fundamentais para que você tenha esses automóveis. Precisamos da mineração para que a transição energética ocorra. Não dá para fazer um discurso ambientalista lógico se você não entende que precisa defender a atividade mineral como uma solução no processo de descarbonização da sociedade humana.

Neste encontro, será discutida também a importância da mineração como um setor estratégico para a economia baiana?

A Bahia hoje é o terceiro produtor brasileiro de minerais e acredito que nós vamos crescer ainda muito nesse processo de produção mineral. Além dos empregos e dos impostos que são oriundos do processo da atividade, nós não temos dúvida de que a reindustrialização da Bahia se dará através da mineração. Nós já conseguimos, por exemplo, assinar um contrato com a empresa canadense que vai explorar a atividade de sílica em Belmonte. Só estamos aguardando a definição do governador da data que será inaugurada a pedra fundamental. Nós esperamos que essa indústria de vidro solar, que é inclusive uma inovação tecnológica importante, possa estar em dois anos já funcionando na Bahia. O nome da empresa é Homerun Resources Inc. A gente assinou já a parceria da mina e uma das coisas que está associada é que eles vão implantar na Bahia uma fábrica de vidro solar. Além disso, vão produzir vidros para perfumes, que nos dará a possibilidade de substituição de importação. É uma grande conquista para a Bahia fruto dessa atividade de mineração. Nós estamos já à beira de anunciar outra fábrica que vem também da atividade mineral. O anúncio será feito pelo governador, que é quem comanda esse processo, mas é uma fábrica que já está bem engatilhada para sair. A Galvani Fertilizantes também já inaugurou a sua pedra fundamental e, em março de 2026, estará operando em Irecê. Será uma unidade que vai processar o fosfato que será levado para Luís Eduardo Magalhães para produção de fertilizantes. E, em São Félix do Coribe, vai ter a Peval, que irá também fazer uma unidade fabril para produção de calcário, que é um remineralizador do solo para uso na agricultura em larga escala no nosso estado. Essas estão certas. Estamos falando de quatro indústrias que estão vindo para a Bahia associadas ao desenvolvimento da atividade mineral. Entendemos que vai ser uma constante desse processo de reindustrialização. A mineração será uma locomotiva para atrair o desenvolvimento de outras atividades.

A ideia, como o senhor está dizendo, não é fazer que a mineração seja uma exportadora de commodities, mas processar esse minério dentro do próprio estado?

É óbvio que as pessoas precisam entender que uma empresa mineradora não é uma empresa industrial. Em algumas situações, nós conseguimos conciliar. Em outras, você consegue construir parcerias que viabilizam uma empresa que é mineradora e ela dá o primeiro passo num processo de industrialização. Nós, recentemente, assinamos, inclusive, um contrato de assessoria com a Brasil Iron. Lá atrás, foi uma empresa que cometeu, inclusive, alguns erros no processo inicial de pesquisa que vinha fazendo. O projeto dela era só de uma mina. Para que a CBPM pudesse dar o suporte técnico para reconstruir o projeto, a mina foi associada a uma siderúrgica. Eles vão produzir o HBI, o que é conhecido como aço verde, fruto exatamente desse momento. Nós não estamos aqui para exportar commodities. Essa é uma determinação do governador Jerônimo Rodrigues. A mineração tem que auxiliar no desenvolvimento da reindustrialização do estado e no fortalecimento da indústria. Eu tive a oportunidade de ter uma conversa com a diretoria da Fieb. Porque, inclusive, as indústrias e o comércio da Bahia têm de estar preparados para esses novos investimentos que virão. Para essa nova dinâmica que está ocorrendo no nosso estado. Todo esse incentivo que a gente está dando para a mineração está propiciando a atração de investimentos na área industrial e ela precisa ter o suporte necessário. Com todo mundo que vem para cá, a nossa conversa é sempre no mesmo tom. As empresas contratadas para prestar serviço terceirizado têm que ser da Bahia. E a mão de obra tem que ser, essencialmente, da Bahia. E precisamos nos preparar para isso. A gente vem assinando parcerias dentro do governo, por exemplo, na qualificação de mão de obra, através da Secretaria do Trabalho, através do Sine (Serviço de Intermediação de Mão de Obra). A gente começa a preparar as pessoas onde vai ter essas atividades, para que elas possam ser incorporadas como mão de obra qualificada.

O senhor falou da parceria com a Brasil Iron e já disse que gostaria que o nome da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral fosse mudado para a Companhia Baiana de Produção Mineral, para enfatizar esse papel de prestação de consultoria a essas empresas. Como está esse processo?

A CBPM já deu uma repaginada grande na sua atividade. A empresa fará no dia 18 de dezembro, 52 anos de existência. Naquela época, praticamente todos os estados brasileiros com potencial mineral criaram empresas como essa. Porque a mineração é uma atividade de alto risco. Para a iniciativa privada entrar tinha que ter um mínimo de sinalização de riqueza na área. O passo inicial da pesquisa era o investimento público. Hoje, você tem praticamente o mapeamento de todo o território nacional. Na Bahia, por exemplo, temos praticamente 100% do conhecimento do nosso território. Não há mais necessidade de ter uma empresa especificamente mais de pesquisa. Para você ter uma noção, a CPRM, que é a Empresa do Brasil similar à CBPM, também mudou de nome. Hoje chama-se Serviço Geológico Brasileiro, SGB. Nesse processo de repaginação, a CBPM tem que também ter uma nova nomenclatura, um novo nome. Porque precisa estar aberta a outras oportunidades, a outros negócios. Talvez seja a primeira vez na história que uma empresa pública assina um contrato com a iniciativa privada para prestar assessoria. E o nosso contrato pode chegar a R$ 40 milhões de reembolso para o Estado. Ou seja, nós vamos prestar um serviço que já apresenta frutos concretos. Porque um projeto que era só de uma mina já se tornou de uma mina, de uma ferrovia e de uma siderúrgica. Nós ampliamos a capacidade geracional da atividade econômica. E ela se torna uma economia circular, que não só gera emprego e renda, mas que garante essa coexistência. Esse momento que a CBPM está agora é uma demonstração de que estamos abertos para prestar assessoria para qualquer empreendimento na área mineral. Que a gente possa, na verdade, construir esse empreendimento, visando não apenas dar o suporte técnico para a empresa que se instala, mas que a gente possa influir inclusive no projeto que trará benefícios mais objetivos para o estado e para o povo da Bahia.

A ideia é que esses recursos sejam revertidos para a sociedade em forma de fundos?

O fundo já é uma realidade. Hoje todo o contrato que nós temos, daqui por diante, será assinado prevendo um fundo de educação, em que de imediato a população vai sentir o legado que a mineração traz. Nós tivemos uma conversa com a Equinox Gold, que é uma empresa que produz ouro no município de Santa Luz, e ela já tem políticas ESGs interessantes. Mas estamos combinando de construir o fundo, já no ano que vem, para o município de Santa Luz e da região. Nós já tivemos uma conversa com a Atlantic Nickel e vamos ter com a Largo Brasil também. Elas são as três principais empresas que produzem minério em minas da CBPM. Na Galvani Fertilizantes a gente já está mais avançado. Em Irecê foi criado um fundo com recursos da CBPM. Em Belmonte, nós também já temos. A assinatura do contrato prevê que uma parte dos recursos da CBPM vai para o fundo e que a empresa contratante vai colocar o mesmo valor nesse fundo. Portanto, nós estamos deixando de forma imediata para a população legados da mineração vinculados diretamente à educação. Essa é uma exigência do governador Jerônimo. Ele é um professor que tem a educação como uma prioridade na sua atuação. E sempre me cobrou que a mineração tem que propiciar - além da geração de emprego, renda e impostos - um legado focado na educação. Para que, quando terminar a atividade mineradora, a gente possa ter uma recomposição da área e a população não sentir o impacto da retirada de uma atividade econômica. Para que eles possam sobreviver ao fim de uma atividade mineradora.

Faz parte dessas parcerias que a CBMP vem implementando a interlocução com comunidades quilombolas e outras que são afetadas pela atividade de mineração?

Não tenha dúvida. Nós temos um governador que é descendente de índio e que se coloca como indígena. Não tem como a gente construir nenhum projeto de mineração sem que, em primeiro lugar, respeite as comunidades tradicionais. Nós temos know-how para isso. Logo quando eu assumi a empresa, o governador me chamou para uma reunião na qual o bispo de Juazeiro apresentou um conjunto de queixas sobre problemas causados pela atividade mineradora na região. Quando eu entrei na reunião, o governador colocou o bispo ao lado dele. O governador me delegou a responsabilidade de conduzir o processo e conseguimos conciliar a atividade da mineradora, minimizando os problemas que a comunidade tinha..

Recentemente, a CBPM assinou um acordo de cooperação com a associação de garimpeiros do município de Andaraí, na Chapada. Essa cooperação visa ajudar os garimpeiros a preservarem o meio ambiente e melhorar a visão da sociedade sobre a atividade?

A gente assinou um contrato com uma mega empresa, multinacional, mas também tem preocupação com os trabalhadores vinculados à mineração. Os garimpeiros são trabalhadores em primeiro lugar. A gente precisa entender que são pessoas que, pela dificuldade de acesso à informação técnica, naturalmente podem causar problemas ambientais, como também podem ter dificuldade de legalizar a sua atividade. A CBPM está aqui também para dar o suporte a essas pessoas. Essa cooperativa de mineradores de Andaraí representa 120 famílias. São 120 famílias que precisam do suporte para poder ter a atividade legalizada e esses pais poderem levar para suas casas o pão de cada dia. A atividade que levou seus pais, avós e bisavós para aquela região foi a atividade mineradora. Tem gente ali que está desde o primeiro ciclo da mineração. Essas pessoas precisam do suporte nosso. É uma missão dada pelo governador também, a gente poder dar o suporte para esses trabalhadores para que eles possam respeitar o meio ambiente e realizar suas atividades sem risco. Para que eles possam compreender como se pode fazer a extração sem necessariamente usar explosivos. Ou como esses explosivos, caso sejam necessários, podem ser utilizados de forma segura, dentro da lei. Eu queria dizer de forma muito clara. Se respeitar a legislação ambiental, você não vai ter nenhuma contaminação de rios. Não terá nenhum animal sofrendo danos com a atividade, nenhum risco real ao meio ambiente. O que nós precisamos repensar é a fiscalização. Nós temos uma agência nacional de mineração que está sucateada, que falta pessoal. Nós precisamos fortalecer os instrumentos de controle.

O garimpo ilegal ainda é um problema grave na Bahia?

É claro que é. O garimpo ilegal é um grande problema. Quando a gente fala em garimpo ilegal pensa logo naquelas mega-operações, aquelas máquinas que estão na Amazônia. Mas tem garimpo ilegal de 50 pessoas. São garimpeiros, que alguém aqui tem ouro, eles saem lá cavando, e muitas vezes eles se colocam em risco. Muitas vezes os taludes caem sobre essas pessoas, porque eles fazem sem uma orientação de um geólogo, de um engenheiro de Minas, de uma orientação técnica. Nós estamos aqui para dar suporte a essas pessoas. Nós estamos aqui, como empresa do Estado, que não visa lucro. Nossa empresa aqui visa exatamente oferecer um bom serviço para a população. Estamos abertos ao mercado, que fique claro isso. Estamos abertos a fazer qualquer atividade, seja na área de pesquisa, de assessoria, de implantação de um projeto. Mas nós também estamos aqui para dar suporte aos trabalhadores.

A visão da sociedade em relação à atividade de mineração, do garimpo, ainda é muito negativa? Alguma coisa vem sendo feita para melhorar essa imagem?

As mineradoras precisam enxergar isso como um problema. Talvez elas não enxerguem porque é uma atividade de poucos, muito arriscada e que requer muito investimento. As grandes atividades minerais são feitas por conglomerados que acabam não se preocupando muito com a concorrência. Talvez por isso, você não veja muita propaganda. O agronegócio, por exemplo, passou muito tempo sendo atacado. Hoje, nem mais agronegócio é; é agro. O agro virou pop, como diz a propaganda. Desde que cheguei aqui, tenho dito que a mineração tem que virar rock. A população precisa entender que nada na vida existe sem atividade mineral. Tudo aqui, esse gravador, seu relógio, a roupa que está vestindo, o que comeu inclusive, tem mineração para dar suporte. O problema é que a população não enxerga a mineração como algo importante para a sua vida. Quando pensa em mineração, vem logo na cabeça os crimes que ocorreram em Mariana e Brumadinho. Está no imaginário das pessoas essa ideia negativa da mineração. Tem muito fake news também. Eu ouvi, por exemplo, pessoas dizendo por aí que Salvador corre o risco de ficar sem água por causa da atividade mineradora. As pessoas precisam tomar cuidado com esse tipo de afirmação. Ela não é muito diferente daqueles que diziam que quem tomava vacina virava jacaré. São extremos que precisam ser combatidos pela sociedade. Não tem razão o negacionista da vacina, que nega o direito das pessoas à vida, assim como aquele que fica dizendo que a mineração vai destruir o planeta, isso é tudo mentira. Repito, para que todo mundo entenda: toda atividade mineral legalizada segue uma legislação extremamente rigorosa. A legislação ambiental brasileira é uma das melhores do mundo. Isso difere, é bom ficar claro, da atividade ilegal. Na atividade legal, você não tem como ter problemas ambientais. Quando as pessoas ficam falando essas bobagens, elas consolidam o discurso das instituições frágeis da nossa democracia. A democracia brasileira possui Ministério Público, controladorias, defensorias que são instrumentos do Estado. Além disso, temos os órgãos vinculados ao Poder Executivo, que funcionam. É preciso tomar cuidado com esse tipo de discurso. Para mim, eles são produtores de fake news e são tão criminosos, do ponto de vista da lógica de uma sociedade que precisa da verdade, quanto os discursos fascistas. E acabam se igualando.

O senhor já falou do potencial de uma área na fronteira da Bahia com o Piauí e descreveu como uma Nova Carajás. Como é que está esse processo?

Nós estamos avançando nas pesquisas. Recentemente, assinamos um contrato de R$ 22 milhões. A gente está avançando nos estudos. Eu não posso anunciar ainda porque não está assinado, mas a gente vai receber mais um incremento de R$ 20 milhões de um convênio que nós vamos fazer com o órgão público federal da União para esse recurso também ser revertido na conclusão das pesquisas naquela área. Eu só queria dizer para você e para a população que atividade mineral não é como Jeannie, um Gênio, que a gente pisca o olho e a coisa acontece. Ela requer muito estudo e muita segurança. Assim que a gente identifica a rocha, sabe o teor, mas precisa aprofundar na quantidade de minério que tem, construir o processo para poder ela se implementar. No mês de março, se Deus quiser, o governador Jerônimo Rodrigues estará anunciando no município de Itagibá a continuação da mina, que corria risco de paralisar as atividades por mais 30 anos, porque nós conseguimos que, tecnicamente, fosse viável a atividade underground, ou seja, a mina subterrânea. O níquel de superfície está acabando, mas nós conseguimos viabilizar o processo técnico e agora estamos partindo para o processo de licenciamento ambiental. E a mina terá mais de 30 anos de atividade garantindo que a riqueza que prospera em toda região.

Raio-X

Professor de História formado pela Universidade Católica do Salvador (UCSal), Henrique Carballal atuou em cursos pré-vestibulares e colégios particulares de Salvador. Foi eleito vereador pela primeira vez em 2008, sendo reeleito em 2012, 2016 e 2020. Sua trajetória política começou no movimento estudantil, onde presidiu a União Municipal dos Estudantes Secundaristas (Umes). Carballal assumiu a presidência da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) em junho de 2023. Neste ano, licenciou-se da CBPM para coordenar a campanha de Geraldo Júnior à prefeitura de Salvador. Com o término da campanha, retornou à presidência da CBPM.

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