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Após reunião, Lula deseja impulsionar setor químico do país

Presidente se reuniu com representantes da indústria química no Palácio do Planalto, na terça-feira, 21

Publicado quarta-feira, 22 de maio de 2024 às 16:51 h | Autor: Da Redação
Encontro aconteceu no Palácio do Planalto
Encontro aconteceu no Palácio do Planalto -

O presidente Lula (PT) se reuniu com integrantes da Associação Brasileira de Indústria Química (Abiquim), em Brasília, para tratar sobre medidas de impulsionamento para o setor. Durante a reunião, o petista abordou a potencialidades da cadeia produtiva, assim como o plano estruturado para impulsionar a competitividade. 

O encontro, realizado na terça-feira, 22, também tratou sobre as preocupações do setor relacionadas ao surto de importações de produtos químicos e ao alto custo das fontes energéticas. O presidente ressaltou que deseja uma indústria química forte para o Brasil, com grande capacidade competitiva entre as principais economias globais. 

O setor industrial no país ocupa a 6ª posição no mundo, de acordo com levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI). O mandatário, por sua vez, deseja que a indústria brasileira tenha capacidade competitiva entre as principais economias globais, estando em 2º ou 3º no ranking mundial. 

O governo Lula (PT) ainda encaminhará medidas urgentes que o segmento precisa para conter o recuo da produção nacional de produtos químicos, em especial a elevação de imposto de importação para conter as entradas predatórias. Além da criação de um grupo de trabalho para tratar sobre o assunto. 

A reunião também contou com a presença do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), e dos ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, da Fazenda Fernando Haddad, e Casa Civil, Rui Costa.  

Indústria forte, país forte

A Abiquim mostrou à Lula a intensa contribuição que o segmento já promove para o país, gerando mais de 2 milhões de empregos e representando 12% de todo o PIB industrial. “Além disso, criamos elos de transformação em diferentes setores, sendo agregadores de valor para outras várias áreas da economia, como agricultura, construção civil e vestuário”, reforçou André Passos Cordeiro, presidente-executivo da Abiquim.

No entanto, o setor vive um momento crítico, que provocou um recuo de R$ 8 bilhões em recolhimentos de tributos federais no ano passado, refletindo diretamente nos investimentos em políticas públicas. Segundo a Presidente do Conselho Diretor da Abiquim, Daniela Manique, que também esteve na reunião, entre outros impactos recentes, há um surto de importações de produtos químicos com aumento de 30,9% para 65 itens. “Precisamos de medidas assertivas para combater o aumento da participação das importações no consumo de químicos”, alertou.

Lula demonstrou que o governo irá avançar para estabelecer mecanismos de defesa comercial contra as importações predatórias em curso. A Abiquim propôs a inserção dos itens mais críticos na Lista de Elevações Transitórias da Tarifa Externa Comum do Mercosul, elevando, na prática, os impostos de entrada no Brasil. Esse pedido está em análise na Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Gás natural competitivo

Outro gargalo do processo produtivo, a oferta insuficiente com preços elevados de gás natural como matéria-prima e fonte de energia, foi discutido no encontro em Brasília. De acordo com a Abiquim, apenas 35% do gás produzido é comercializado atualmente, ainda sob valores que inviabilizam a manutenção e expansão dos negócios. Entre outras medidas, o setor sugere que haja um contrato com a Petrobras para oferta de preços competitivos às plantas. No mês passado, a estatal assinou um protocolo de intenções com a Associação para a área de gás e energia, para desenvolver oportunidades para a empresa e as indústrias do setor, a fim de identificar potenciais negócios dessas fontes.

“Nos últimos 10 anos, o percentual da produção que não chega ao mercado vem aumentando, sendo que a maior parte desse volume se refere a gás que está sendo reinjetado nas plataformas nos campos petrolíferos”, apontou André Passos. O Ministro Alexandre Silveira entende que, a médio prazo, é preciso avançar nos investimentos para melhoria de infraestruturas de coleta, processamento e transporte para distribuição no mercado.

Atualmente, a química é a maior consumidora de gás do setor industrial, com cerca de 25 a 30% do total vendido. Hoje, a Petrobras comercializa esse recurso por algo entre US$10-12 /MMBTU. Nos EUA, por exemplo, é vendido a US$ 2,5/MMBTU.

Indústria verde

A Abiquim apresentou a Lula os números relacionados à sustentabilidade da produção nacional, sendo a mais limpa em comparação global, com emissões de carbono até 51% menores que dos principais concorrentes. Segundo a Associação, de 2000 a 2016 houve uma redução de quase metade nas emissões. Mas entre 2017 e 2021, foi registrado um aumento nos índices devido à ociosidade da cadeia, uma vez que os números são correlacionados à capacidade de produção.

A possibilidade de produzir de forma sustentável poderia ser ampliada, segundo a Abiquim, por meio do Programa de Estímulo à Química Verde Brasileira – PROVER, hoje em construção conjunta com o MDIC. Essa iniciativa prevê créditos financeiros a integrantes da cadeia e pode provocar a retomada contra a ociosidade de plantas.

Com o PROVER, a estimativa é que a capacidade produtiva atinja 85% até 2028, aumentando o faturamento anual dos atuais R$ 298,4 bilhões para mais de R$ 376 bilhões. “Mais de 1 milhão de novos empregos podem ser gerados na indústria química, com incremento de R$ 65 bilhões no PIB total do país. Essa é uma das soluções estruturantes que o Presidente Lula nos pediu e agora podemos seguir apresentando à sociedade”, finalizou o Presidente da Abiquim.

Abiquim – Completando 60 anos em 2024, a Associação Brasileira da Indústria Química (www.abiquim.org.br) é uma entidade sem fins lucrativos que congrega indústrias químicas de grande, médio e pequeno portes, bem como prestadores de serviços ao setor químico nas áreas de logística, transporte, gerenciamento de resíduos e atendimento a emergências. A Associação realiza o acompanhamento estatístico do setor, promove estudos específicos sobre as atividades e produtos da indústria química, acompanha e contribui ativamente para as mudanças na legislação em prol da competitividade e desenvolvimento do setor e assessora as empresas associadas em assuntos econômicos, técnicos e de comércio exterior. Ao longo dessas seis décadas de existência representando o setor químico, a Abiquim segue com voz ativa, dialogando com seus stakeholders e buscando soluções para que a indústria química brasileira faça o que vem fazendo de melhor: ser a indústria das indústrias.

Sobre a Indústria Química

Provedora de matérias-primas e soluções para diversos setores econômicos - agricultura, transporte, automobilístico, construção civil, saúde, higiene e até aeroespacial - a indústria química instalada no Brasil é a mais sustentável do mundo. Para cada tonelada de químicos produzida, ela emite de 5% a 51% menos CO2 em comparação a concorrentes internacionais, além de possuir uma matriz elétrica composta por 82,9% de fontes renováveis – no mundo, essa média é de 28,6%. Esta marca só foi possível graças a uma série de pesquisas, inovações e melhorias que foram introduzidas pela química ao longo dos anos, paulatinamente, como a eletrificação de equipamentos e produção in loco de energia renovável, bem como a migração de fontes fósseis para insumos alternativos, como o etanol.

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