ENDIVIDAMENTO
Bahia lidera inadimplência em faculdades no Nordeste
Levantamento da Serasa revelou que 174,5 mil estudantes baianos possuem débitos financeiros junto a instituições de ensino superior

Por Silvânia Nascimento

Um levantamento realizado pela Serasa apontou que 174.597 mil baianos possuem dívidas com instituições de ensino superior, colocando a Bahia na liderança do ranking dos estados do Nordeste com maior número de inadimplentes.
Esse dado, segundo o especialista da Serasa, Wesley Silva, escancaram uma realidade que vai além de questões financeiras.
“Isso representa uma situação crítica, que pode levar à evasão acadêmica em larga escala. Essa inadimplência, nesse contexto, não é apenas um dado financeiro, é uma ameaça direta ao direito de educação e mobilidade social de milhares de jovens baianos. O que a gente tem percebido nessa pesquisa que a Serasa liderou é que o desemprego é a principal causa dessa situação, afetando 22% dos estudantes endividados. Problemas pessoais e familiares somam 13% nesse sentido. Já a redução da renda é o terceiro motivo, que representa em torno de 9% dessa estatística”, explicou Wesley.
Perfil dos devedores
O especialista também apresentou detalhes do perfil dos inadimplentes. “O que a gente percebe é que a principal faixa etária desses estudantes está entre 18 e 35 anos. Muitos deles pertencentes a classe C e D. É o principal número que a gente tem observado. Quando a gente fala de gênero, na Bahia, 52,9% dos estudantes são mulheres.
O público feminino é a maior presença nas universidades, que também expõe desigualdade da renda, já que elas enfrentam mais dificuldades de trabalho e, muitas vezes, são responsável pelo sustento familiar. Embora não faça parte da estatística dos inadimplentes, Maurício Viana, 22 anos, estudante de jornalismo, corre o risco de trancar o curso, caso perca o estágio, que é a principal fonte de renda que o ajuda a pagar as mensalidades da faculdade.
Ele conta que, no ano passado, chegou a abandonar a universidade, após ficar desempregado. "Eu não consegui fazer a matrícula. Minha situação de curso ficou evadida e eu não estudei por um semestre inteiro em 2024, porque eu fiquei sem trabalhar. Hoje, se eu ficar desempregado, realmente eu não tenho como bancar, não tenho recurso para bancar faculdade. E, para além de pagar, que já é um fardo, ainda tem que ir para a faculdade. Então, é uma dupla jornada muito cansativa. São muitas situações nesse meio todo”, afirmou.
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