Busca interna do iBahia
HOME > ECONOMIA
Ouvir Compartilhar no Whatsapp Compartilhar no Facebook Compartilhar no X Compartilhar no Email

ECONOMIA

Bahia tem meio milhão de jovens entre 18 e 25 anos inadimplentes

Levantamento feito pela Serasa aponta aumento de 10% no índice em relação ao mesmo período de 2021

Ruan Amorim e Leilane Suzarte*

Por Ruan Amorim e Leilane Suzarte*

04/07/2022 - 6:00 h
Professor de economia, Souza sugere o uso de planilha e controle
Professor de economia, Souza sugere o uso de planilha e controle -

Pagar dívidas no prazo certo tem sido um desafio e tanto para os baianos com idade entre 18 e 25 anos. No estado, o número de jovens inadimplentes no mês de abril deste ano chegou a 543.654 mil, um aumento de 10,1% em relação ao mesmo período de 2021, quando 493.706 mil pessoas estavam com débitos em atraso, de acordo com dados do Serasa.

Dentro das estatísticas de inadimplência está a designer Samara Silva, 24, que encontra-se com dívidas feitas em cartões de créditos em atraso. Em meio à inflação alta e diminuição do poder de compra, ela conta que fez uso exagerado do crédito em despesas que ultrapassaram os ganhos mensais.

Tudo sobre Economia em primeira mão!
Entre no canal do WhatsApp.

“Estou com uma dívida de R$ 4,5 mil e não vejo possibilidade de pagá-la agora. Tudo está muito caro, e por isso fica bem difícil arcar com os compromissos, e não se endividar”, fala Samara.

De acordo com ela, os gastos que a fizeram entrar na lista de inadimplentes eram essenciais e pontuais, como consulta médica, e a compra em supermercados. Agora ela segue tentando renegociar a dívida, mas ressalta que não tem sido “nem um pouco fácil”.

“É muito difícil você tentar negociar com bancos. Os juros são exorbitantes e as possibilidades de acordo parecem ser mínimas para o consumidor. Nisso, a dívida vai aumentando, e sair da inadimplência se torna uma realidade cada vez mais distante”, lamenta Samara.

Pandemia e recessão

Já quando o assunto é entrar no rol dos com contas em atraso, as coisas parecem ser mais fáceis. Em abril, o indicador de inadimplência da Serasa Experian indicou que o Brasil alcançou o número recorde de consumidores com o nome no vermelho (66,1 milhões), atingindo a maior quantidade da série histórica do índice, iniciada em 2016. A soma das dívidas chegou a R$ 271,6 bilhões.

No cenário de grande inadimplência, a principal causa é a inflação, somada aos diversos entraves econômicos gerados pela pandemia, segundo o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi. De acordo com o especialista, a inflação acumulada em 12 meses chegou a 12,13%, um índice alto, e que afeta diretamente as finanças dos brasileiros.

“Foi justamente quando a inflação superou a casa dos dois dígitos, por volta de setembro e outubro do ano passado, que a inadimplência começou a crescer com força. Isso porque a inflação acaba corroendo a capacidade de pagamento e o poder de compra das pessoas. Dessa forma, a renda gerada pela população brasileira, seja através do trabalho formal ou informal, não é suficiente para chegar até o final do mês, o que acaba levando as pessoas à inadimplência”, analisa Rabi.

No caso dos mais jovens, o índice inflacionário se soma a salários menores, uma vez que essa categoria, geralmente, está em início de carreira, e também suscetível a uma maior instabilidade no emprego. Além disso, fortes contribuintes para o endividamento e inadimplência são os bancos e empresas de cartões de crédito. Segundo o especialista da Serasa Experian, “eles representam 40% da inadimplência que é gerada no país”.

Nesse contexto, o uso do crédito e de serviços bancários devem ser avaliados com cautela pelo consumidor. Economista e professor na Academia de Polícia Militar da Bahia, Raimundo Sousa orienta os jovens a analisarem a capacidade de endividamento, antes de usar o cartão de crédito.

O professor sugere que o consumidor opte sempre por comprar à vista, para obter um desconto, ao invés de fazer compras com cartão.

“Porque o ideal é que a pessoa não comprometa mais de 30% da sua renda líquida com dívidas. Com isso, ela estaria evitando uma série de problemas”, explica Souza.

Apesar do pagamento à vista ser uma alternativa ao endividamento, muitas situações podem influenciar a escolha de outro serviço financeiro para o pagamento de contas, como o uso do cartão de crédito. Para o estudante do curso de edificações, Lázaro Oliveira, 26, o motivo para o uso do crédito foi a perda do emprego. Ele conta que, com isso, não teve outra saída a não ser recorrer a esse recurso para pagar as contas, o mesmo que o levou à inadimplência.

Agora, para contornar a situação, o estudante tem se policiado, e evitado novas dívidas. “Eu não gasto o dinheiro com coisas desnecessárias. Ultimamente, eu tenho feito compras apenas do que realmente preciso, como pagar o aluguel e as contas de energia e água”, conta Lázaro.

Para quitar as dívidas, segundo Rabi, o principal caminho é renegociar. De acordo com ele, “a forma mais fácil é sentar com cada um dos credores e propor uma negociação, de tal forma que as parcelas caibam no bolso da pessoa”, diz.

Mas, quando se trata do público jovem, algumas dificuldades podem surgir no caminho. Isso é o que explica o professor Souza.

“Muitas vezes, o indivíduo inicia no mercado de trabalho há pouco tempo. Então, ele não tem um histórico de vida financeira consolidado. O seu salário no início de carreira é menor. Isso acaba representando uma dificuldade”, frisa.

Nesse cenário, o professor também dá algumas dicas para quem deseja lidar com o dinheiro e cumprir com as suas obrigações financeiras. “A pessoa ter uma planilha com o controle do seu orçamento ajuda bastante. Além disso, pode tentar negociar com o banco a anuidade do cartão de crédito, e a fazer acordo que não comprometa ainda mais o seu orçamento”, explica.

*Sob supervisão do editor interino Fábio Bittencourt

Siga o A TARDE no Google Notícias e receba os principais destaques do dia.

Participe também do nosso canal no WhatsApp.

Compartilhe essa notícia com seus amigos

Compartilhar no Email Compartilhar no X Compartilhar no Facebook Compartilhar no Whatsapp

Siga nossas redes

Siga nossas redes

Publicações Relacionadas

A tarde play
Professor de economia, Souza sugere o uso de planilha e controle
Play

Da fazenda à xícara, Igaraçu revela segredo por trás dos cafés especiais

Professor de economia, Souza sugere o uso de planilha e controle
Play

SuperBahia tem expectativa de movimentar R$ 650 milhões

Professor de economia, Souza sugere o uso de planilha e controle
Play

Mineração: Bahia sediará evento histórico que contará com pregão da Bolsa de Toronto

Professor de economia, Souza sugere o uso de planilha e controle
Play

Megan, a "filha digital" da Bahia que revoluciona a segurança com IA

x