Baixio de Irecê soma mais de 72 toneladas de grãos colhidos em 2023 | A TARDE
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Baixio de Irecê soma mais de 72 toneladas de grãos colhidos em 2023

Área entre Xique-Xique e Itaguaçu da Bahia é considerado maior projeto de irrigação da América Latina

Publicado quarta-feira, 23 de agosto de 2023 às 19:18 h | Atualizado em 24/08/2023, 08:46 | Autor: Carla Melo*
Lotes do projeto garantem plantio e colheita de melancia, jerimum e limão
Lotes do projeto garantem plantio e colheita de melancia, jerimum e limão -

Considerado o maior projeto de irrigação da América Latina, Baixio de Irecê registra mais de 72 toneladas de grãos colhidos em 2023, entre os municípios de Xique-Xique e Itaguaçu da Bahia. Na área, de 105 mil hectares, foi iniciada a atividade produtiva experimental do milheto, limão-taiti, melancia e abóbora.

Dividido em nove etapas, o projeto de irrigação, que está localizado na margem direita do Rio São Francisco, região do Médio São Francisco, iniciou as atividades voltadas ao desenvolvimento agrícola, depois de um hiato de mais de 20 anos. Atualmente a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e a Equipav são responsáveis pela construção, manutenção da infraestrutura de uso comum e pela ocupação da área concedida.

O produtor Djalma Santos Junior saiu de Canarana, a 43 km de Irecê, com a sua família, em busca de mais áreas para plantio de limão-taiti, devido à escassez de água na região onde residia. Há um ano, iniciou o plantio da fruta em Baixio de Irecê com o objetivo de fortalecer a renda familiar. Ele agora já planeja a segunda safra de feijão-caupi e sua plantação de abóbora. 

“São 10 mil pés [de limão-taiti], numa área de 21 hectares, e avançamos com outras áreas de pivô, que já promoveram a primeira colheita do feijão-caupi, no final de junho. Nós queremos expandir mais áreas. Incentivamos outras pessoas a plantar mais áreas porque precisamos de mais volume no projeto para computar um pack-house, onde a fruta será beneficiada para exportação. O objetivo é que o nosso limão chegue até a Europa”, explica ele.

Produtor Djalma Santos Junior
Produtor Djalma Santos Junior |  Foto: Carla Melo | A Tarde
 

A última colheita de Djalma rendeu mais de 26 sacos por hectares, e a área já está plantada novamente em mais de 90 hectares do grão. Para ajudar no processo, o cultivo tem dois pivôs de irrigação que funcionam pela noite, de forma circular. A vantagem é que o custo de energia é reduzido e o consumo de água também. Nas próximas safras, a expectativa da Codevasf é de que sejam colhidas 40 sacos por hectares de feijão.

Plantação de Limão-Taiti
Plantação de Limão-Taiti |  Foto: Divulgação | Codevasf
 

Estratégia 

Em lotes de Baixio de Irecê, a cultura de ciclo curto, aquela feita com plantas de ciclo máximo de um ano,  garante a alta da produtividade da atividade agrícola, aponta o analista em Desenvolvimento Regional da Codevasf, Arnaldo Dantas Araújo.

“Enquanto a cultura principal cresce, se implanta a estratégia de cultura de ciclo curto, que é a melancia e o jerimum, justamente para gerar uma renda até que a principal gere fruto. Além disso, aqueles que são da área empresarial, que precisam de matéria orgânica para preparar o solo, já plantaram também o milheto, que após a colheita é usado para que a terra absolva”, explica o engenheiro.

Atualmente, há 1 mil hectares com plantação de milheto para incorporação no solo, 20 hectares de citrus (limão-taiti), consorciado com melancia e abóbora, além de 80 hectares de feijão, dos quais 40 hectares já foram colhidos. A primeira colheita é celebrada por representar um grande passo para o desenvolvimento de diversos outros seguimentos em Baixio de Irecê, gerando impactos positivos para a comunidade.

"As primeiras colheitas representam o surgimento dos primeiros resultados concretos do Projeto Baixio de Irecê. O empreendimento promoverá o desenvolvimento de uma série de segmentos econômicos associados à agricultura irrigada nos próximos anos, como insumos agrícolas, logística, treinamento profissional, equipamentos, infraestrutura e serviços", diz o diretor-presidente da Codevasf, Marcelo Moreira.

Imagem ilustrativa da imagem Baixio de Irecê soma mais de 72 toneladas de grãos colhidos em 2023
  

Até o final de 2024, a expectativa é de que o investimento em obras de infraestrutura e produção no projeto chegue a R$ 500 milhões, em área de 8 mil hectares. O cenário permite a geração de mais de 180 mil empregos diretos e indiretos, distribuídos entre comércios, agricultura, setor de serviços e indústrias.

Baixio de Irecê

O Baixio de Irecê é um projeto leiloado, ou seja, suas etapas foram concedidas à Codevasf e pela Equipav, que venceu o certame. A companhia foi responsável pela implementação das etapas 1 e 2, que receberam financiamento de R$ 100 milhões por parte do Banco do Nordeste, entre recursos para empresários e pequenos produtores, correspondendo a uma área de 1,8 mil hectares.

As etapas 1 e 2 incluem a estação de bombeamento e demais obras complementares. Cerca de 17 mil hectares são de área irrigável, sendo 14 mil destinados à agricultura familiar e os outros 13 mil hectares para agricultura empresarial. A estação de bombeamento do canal principal de em Baixios de Irecê - que comporta vazão de 60 metros cúbicos  por segundo - possui uma vazão de 10,33 metros cúbicos por segundo, e atende justamente as etapas 1 e 2 do projeto.

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As etapas 3 a 9 estão sendo implantadas pela empresa Equipav, vencedora de um leilão realizado na bolsa de valores brasileira, a B3. A empresa privada é responsável pela construção de uma continuidade do canal, de uma nova estação de bombeamento com capacidade de 50 metros cúbicos  por segundo e demais obras estruturantes. Segundo a Codevasf, já foi aprovada uma carta consulta junto ao Banco do Nordeste de R$ 400 milhões, que devem ser investidos na produção em mais 6 mil hectares.

*Repórter viajou para cobertura do cenário econômico no Baixio de Irecê

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