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Black 'Fraude'? Especialistas avaliam se preços ofertados valem a pena

Evento acontece na última sexta-feira de novembro, com o objetivo de esvaziar estoque antes do Natal

Publicado quarta-feira, 22 de novembro de 2023 às 06:00 h | Autor: Alex Torres
Dúvida sempre paira na cabeça do consumidor se aquele produto adquirido em 'preço promocional' está realmente valendo a pena
Dúvida sempre paira na cabeça do consumidor se aquele produto adquirido em 'preço promocional' está realmente valendo a pena -

Considerado como um dos momentos mais favorável para comprar aquele produto tão desejado, a Black Friday se consolidou na última década como uma importante data de vendas para o comércio. O evento acontece sempre na última sexta-feira do mês de novembro, com o objetivo de esvaziar estoque de produtos dos lojistas antes da temporada de Natal.

Apesar do momento propício, a dúvida sempre paira na cabeça do consumidor se aquele produto que está ofertado em 'preço promocional' está realmente valendo a pena ou seria apenas uma 'Black Fraude', termo popularizado para chamar supostas ofertas que não apresentam real custo benefício ao cliente em relação ao preço ofertado durante o restante do ano. 

Segundo levantamento produzido pelo grupo Zoom/Buscapé, entre os dias 29 de outubro e 11 de novembro, celulares e smartphones acumularam altas superiores a 4,6%, enquanto lavadores registraram aumento de 5,7%. Uma pesquisa com pouco mais de 23,5 mil internautas do site Reclame Aqui aponta que quase 49% consideram a data uma “Black Fraude”.   

Ao Portal A TARDE, o economista da Pesquisa de Índice de Preços ao Consumidor (IPC), Denilson Lima, falou sobre os valores que são ofertados no evento e ainda deu dicas para evitar que os consumidores interessados em comprar algum produto sejam enganados pelas falsas ofertas. 

"Muitas vezes vale a pena, sim. Entretanto, para se verificar a veracidade da redução dos preços, será necessário que o consumidor interessado em realizar as compras no período da Black Friday comece a acompanhar e comparar os preços dos produtos, pelo menos três meses antes, pois só assim irá verificar se efetivamente houve a alardeada diminuição", afirmou. 

Denilson Lima, economista da Pesquisa de Índice de Preços ao Consumidor (IPC)
Denilson Lima, economista da Pesquisa de Índice de Preços ao Consumidor (IPC) |  Foto: Divulgação

Acostumada a comprar através de e-commerce, a relações públicas Neuza Ilana, de 25 anos, alerta que ficar atento aos valores durante os períodos que antecedem a Black Friday é algo fundamental. No caso de produtos que possuem um preço maior, essa atenção precisa ser redobrada.

"Eu tenho o hábito de comprar online desde 2020. Percebo que muitas coisas valem a pena, principalmente se for algo de valor, mas tem que ficar pesquisando [...] Gosto de acompanhar grupos de promoção, Instagram, e quando é um item específico, fico monitorando em todos os sites. Acredito que você consegue achar ofertas que valem a pena na Black Friday", contou Neuza. 

De acordo com a consumidora e biomédica, Beatriz Vasconcelos, de 25 anos, é possível encontrar promoções que realmente sejam vantajosas aos consumidores no respectivo período. No entanto, uma boa pesquisa também pode ser necessária para saber se aquele produto está realmente valendo a pena.

"Acredito que a Black Friday pode ser uma oportunidade para comprar coisas em um valor mais acessível. No entanto, tem que ter muito cuidado para não cair em golpes e com os movimentos antes da Black Friday. Muitos anúncios são falsos, com as lojas aumentando o preço no período pré Black Friday e reduzindo para o preço “normal” quando chega a data. Então é importante acompanhar o produto que você quer para não cair em golpe", disse Bia. 

Marcas com credibilidade

Especialista em varejo e autora do best-seller 'A Dona do Negócio', Uliana Ferreira destacou ao Portal A TARDE um comportamento do mercado no que diz respeito as ofertas fraudulentas. Segundo a escritora, os registros tem apresentado uma redução, principalmente quando estão relacionadas às grandes empresas. 

Temos percebido é que as práticas fraudulentas têm caído consideravelmente por empresas. Então empresas que já estão estabelecidas no mercado, que tem lojas físicas ou online, mas que são empresas, que existem além da Black Friday, têm entendido que fazer esse tipo de coisa não funciona. Porque os órgãos de regulamentação estão cada vez mais atentos, mas, principalmente, os clientes estão cada vez mais atentos Uliana Ferreira especialista em varejo

Denilson mantém pensamento parecido e pontuou que os consumidores com disposição podem fazer um levantamento de preços nas lojas físicas e nas virtuais, desde as de gigantes do varejo (Magalu, Ponto Frio, Casas Bahia) até os menores vendedores. "Pesquisar é fundamental, contudo, não se pode abrir mão da qualidade do produto ou serviço", ponderou.

Na avaliação de Uliana, muitas pessoas têm tentado se aproveitar do momento da Black Friday para aplicar golpes, criar sites fraudulentos e contas falsas no Instagram para fazer ofertas ilusórias, onde o cliente paga e nunca vai receber. 

"Clientes precisam estar atentos com a procedência dessa empresa, se essa empresa existe para além da Black Friday. Isso é um ponto importante, porque as empresas que já existem o ano inteiro entendem a Black Friday é um momento de estreitar o relacionamento com o cliente e não dar um tiro no próprio pé com uma oferta maquiada", completou a especialista em varejo. 

Senso de urgência

Para aguçar ainda mais os consumidores, muitas empresas aderem a estratégias que visam transmitir a ideia de que aquela será a melhor oportunidade para realizar a compra. Frases como 'por tempo limitado' ou 'enquanto durarem os estoques' costumam ser eficientes para quem busca vender mais. 

De acordo com Uliana, apesar das frases de impacto com o real intuito de ativar o gatilho de urgência no consumidor, as mesmas são legítimas, uma vez que grandes empresas costumam ter uma logística de venda do estoque para o período de fim de ano, principalmente com a chegada do Natal. 

"Escassez e a urgência são dois gatilhos mentais muito utilizados pelo varejo, mas que são legítimos da Black Friday. Geralmente as empresas dedicam à Black Friday apenas parte do estoque já pensando no Natal. Como o espaço de reabastecimento é muito curto entre a Black Friday, que é dia 24 de novembro, e o natal, que é dia 24 de dezembro, o mesmo estoque que a loja tem para venda da Black Friday tecnicamente é o estoque para o Natal", explicou. 

Uliana Ferreira, especialista em varejo e autora do best-seller 'A Dona do Negócio'
Uliana Ferreira, especialista em varejo e autora do best-seller 'A Dona do Negócio' |  Foto: Divulgação

Em alguns casos, muitas pessoas optam por esperar a chegada da Black Friday e correr o risco de passar certos apertos, apenas para conseguir algo mais barato. A prática, para Denilson Lima, pode não ser algo tão interessante assim, a partir do momento em que existem produtos, principalmente eletrodomésticos, que são imprescindíveis. 

"Depende de algumas variáveis, como o grau da necessidade e a disponibilidade dos recursos financeiros para pagar o produto. Quando me refiro à necessidade é porque há bens e serviços cuja a compra não pode ser adiada, pois a falta deles pode causar perdas e prejuízos. Imagine-se a inconveniência para uma pessoa que está sem a geladeira para guardar e conservar os alimentos? Essa pessoa, provavelmente, não poderá aguardar por muito tempo", explicou Denilson.

Melhor se programar

Mesmo assim, o economista pondera que, para aqueles indivíduos que não possuem tanto o senso de urgência, mas que também não possuem tanto dinheiro em mãos, a espera pelo evento pode terminar valendo a pena, principalmente para que haja um melhor planejamento financeiro. 

Segundo dados da agência Macfor, cerca de 24% das pessoas começam a pesquisar os preços dos itens de interesse seis meses antes ou mais, contra 23% que começam 3 meses antes. Há ainda quem o faça 1 mês antes (19%) e quem se antecipe em poucas semanas antes (14%). Somente 20% não acompanham os preços relacionado à data.

"Por falta de dinheiro para a compra imediata do bem ou serviço, pode ser interessante a espera pela Black Friday, uma vez que o indivíduo poderá se programar melhor para a compra. Para aqueles que não sofrem com as situações citadas, podem aguardar, desde que acompanhem e comparem os preços dos produtos por pelo menos, três meses antes", avaliou Denilson.

Por fim, Uliana ainda destacou ao A TARDE quais são as categorias ou setores que costumam mais ocorrer promoções que possam beneficiar os consumidores. De acordo com a escritora, a Black Friday costuma ofertar valores baixos em diversos segmentos de produtos, entretanto, uma tem tendência a ser mais procurada.

"Todo mundo que está pensando em trocar o notebook ou celular, aguarda a Black Friday para fazer uma análise dos valores. Quem quer trocar geladeira ou que vai comprar a primeira geladeira, o primeiro fogão, se programa para esperar a Black Friday. Então, a gente sabe que eletro e eletrônicos é uma categoria muito expressiva neste ponto. Mas todos os outros ramos também se beneficiam. Esse período é muito forte para todo mundo", pontuou. 

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