Com presença de Bolsonaro, Fiol 1 é concedida à Bamin | A TARDE
Atarde > Economia

Com presença de Bolsonaro, Fiol 1 é concedida à Bamin

Publicado sexta-feira, 03 de setembro de 2021 às 10:37 h | Atualizado em 03/09/2021, 19:13 | Autor: Cássio Santana e Luiz Felipe Fernandez
O ato concede, formalmente, à empresa Bahia Mineração S.A (Bamin) a administração do trecho | Foto: Nayla Santos | TV Sudoeste
O ato concede, formalmente, à empresa Bahia Mineração S.A (Bamin) a administração do trecho | Foto: Nayla Santos | TV Sudoeste -

A solenidade de assinatura do contrato de subconcessão da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol 1) foi realizada na manhã desta sexta-feira, 3, no município baiano de Tanhaçu, e contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus ministros da Cidadania, o virtual candidato ao governo do estado, João Roma (Republicanos-BA), da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, e do Turismo, Gilson Machado.

O ato formaliza a concessão do trecho de 537 km do modal entre Ilhéus e Caetité à empresa Bahia Mineração S.A (Bamin). Em abril deste ano, a Bamin foi vencedora do leilão arrematado em R$ 32,7 milhões, tornando-se responsável pela finalização do empreendimento e operação do trecho, em uma subconcessão que vai durar 35 anos. A expectativa é de que a Fiol 1 comece a operar em 2026 e que a empresa invista neste tempo cerca de R$ 3,3 bilhões na trecho da ferrovia.

A construção da Fiol teve início em 2010 e tinha a previsão de entrega para 2014, mas passou por sucessivos adiamentos por falta de recursos, de acordo com o governo Dilma Roussef à época. A Bamin venceu o leilão em abril, quando 75% das obras já estavam concluídas, assumindo os 25% restantes.

PRESENÇA - Sem máscara, Bolsonaro chegou de helicóptero em Tanhaçu pela manhã nesta sexta-feira e visitou as obras da ferrovia, acompanhado do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, e de outras autoridades. O presidente parabenizou Freitas e seus demais ministros pelo trabalho na atração de investimentos para o país. 

Bolsonaro viajou à Tanhaçu acompanhado também dos deputados federais Jonga Bacelar (PL) e Paulo Azi, presidente do DEM na Bahia.

“Essas pessoas, para poderem trabalhar, eu dei pra eles a total liberdade, porque acredito na responsabilidade de cada um deles. E formando dessa maneira [a equipe ministerial], a iniciativa privada, que é aquela que realmente leva o país pra frente, vem atrás de nós porque tem a confiança naquilo que nós fazemos”, disse Bolsonaro.

Pastor evangélico da Igreja Assembleia de Deus, Silas Malafaia subiu no palanque junto a Bolsonaro a acompanhou o presidente e os ministros na visita à Bahia. Filho de pai baiano nascido em Castro Alves, o carioca disparou contra os governadores, que segundo ele roubaram parte da verba repassada pelo Governo Federal para o enfrentamento da pandemia. 

Malafaia recordou o caso da compra fracassada de respiradores por parte do Consórcio do Nordeste, com participação do ex-ministro Carlos Gabas, a quem se referiu como "ladrão". O pastor criticou o governador Rui Costa por ter nomeado Gabas para a secretaria-executiva do Consórcio do Nordeste e disse que chamou o petista de "vagabundo".

"Só para lembrar a vocês que o dinheiro que o governo federal mandou para as prefeituras e governos estaduais, dava para fazer mais de 40 mil leitos de UTI de ponta [...] mas o dinheiro foi roubado na maior safadeza. O governador da Bahia nomeou um ladrão, estou chamando aqui, manda ele me processoar, o governador nomeou um ladrão chamado Carlos Gabas. Me processa, vagabundo! Esse cara comprou R$ 49 milhões em respiradores, pagou à vista antecipadamente a uma empresa de maconha e os respiradores nunca chegaram", declarou.

Apoiador ferrenho do presidente, o pastor defendeu que o Estado seja laico, mas disse que o povo brasileiro é "religioso", e que não se podia implementar a "ideologia do inferno" para ceifar a liberdade religiosa.

"O estado é laico, mas não laicista, não é contra a religião. O povo brasileiro é religioso, o estado não tem preferência por religião, e está corretíssimo, mas não me venha para cá com ideologia do inferno, para tirar a liberdade religiosa e de expressão", disparou.

Presidente da Companhia Baiana de Pesquisa e Mineração (CBPM), Carlos Tramm classificou a concessão como uma "vitória da Bahia". "A Fiol é uma vitória da Bahia e o projeto mais importante no desenvolvimento baiano deste século. Os trilhos desta primeira etapa devem colocar o nosso estado no seleto grupo de exportadores nacionais de minério de ferro, commodity que representa aproximadamente 4% do PIB brasileiro. Só a carga estimada pela Bamin deve ocupar um terço da capacidade da ferrovia, gerar 10 mil empregos diretos, desenvolver toda cadeia produtiva ao redor da mineradora, incrementar salários na economia local, dentre outros benefícios.", destacou.

"A Fiol vai viabilizar também a tão sonhada Zona de Processamento de Exportação [ZPE], em Ilhéus. Além de transportar riquezas, os trilhos da ferrovia poderão facilitar a implantação de internet via fibra óptica nos 30 municípios que ela cruza. Teremos muito desenvolvimento e crescimento em todos os municípios cortados pelos trilhos.", completou Tramm.

PRÉVIA - Potencial candidato do Republicanos ao Governo da Bahia no próximo ano, João Roma deu uma prévia do tom dos seus discursos caso embarque na campanha. Responsável pelo programa Auxílio-Brasil, que deve substituir o Bolsa-Família, Roma aposta em ser o representante de Bolsonaro no estado que tradicionalmente elege o PT e dá importantes votos ao partido no pleito nacional.

Ele enalteceu a atuação dos ministros, principalmente de Tarcísio Freitas, a quem chamou de "Tarcisão do asfalto", por suas obras em rodovias baianas. Roma aproveitou para provocar o PT e disse que o povo está cansado de "propagandas". Mais cedo, no Twitter, o ministro já tinha feito trocadilho com o apelido de "Correria" do petista e ironizou: "Agora é assim, nossa romaria põe pra moer e a Bahia pra acontecer! Não adianta correria com vagareza".

Segundo Roma, Bolsonaro tem "feito muito" pela Bahia e "destravado obras" que estavam há anos paradas nas administrações do PT.

A conclusão de obras inacabadas é uma das apostas do governo Bolsonaro para se opor ao PT, como acontece também com o projeto de integração do Rio São Francisco.

OPOSIÇÃO - O deputado federal Afonso Florence (PT-BA) lembra que as obras da Fiol foram interrompidas interrompido pelo ex-presidente Michel Temer e pelo próprio Bolsonaro.

“Uma importante via logística para o Brasil e a Bahia. Conquista das gestões do PT, Jaques Wagner e Rui, Lula e Dilma. Apesar dos governos Temer e Bolsonaro terem dado descontinuidade, a remonta, por concessão, mitiga os danos econômicos que eles causaram. Agora, fica a pendência de continuidade do projeto para além de Barreiras, integrando o porto de Ilhéus com o centro-oeste do país”, comentou o deputado federal Afonso Florence (PT-BA).

Deputada federal pelo PSB, Lídice da Mata fez coro à fala de Florence e exaltou as gestões petistas, a quem a parlamentar atribuiu o sucesso do empreendimento, que para ela foi uma das "principais obras" do governo do PT.

“A Fiol é uma das principais obras do governo Lula e Dilma na Bahia. É uma conquista do governo da Bahia. Durante o governo de Dilma, a parte principal da obra foi feita e agora esse governo está pegando 20% para complementar. É uma obra sem dúvida de muita importância para a economia da Bahia, para a mineração de ferro da Bahia”, avaliou.

A ex-prefeita de Salvador criticou o presidente Jair Bolsonaro a quem chamou de "engenheiro de obras prontas" e disse que ele não tem responsabilidade pela inauguração de nenhum empreendimento.

“Bolsonaro não inaugurou nenhuma obra dele em 3 anos de governo, não consegue inaugurar nenhuma obra. É um governo paralisado e paralisante. Bolsonaro não passa de um engenheiro de obras prontas [...] A Fiol é uma vitória do governo Wagner e Rui Costa. O governo da Bahia resistiu na Câmara e no Senado para manter o traçado da Fiol na Bahia. E mantivemos a ferrovia com um porto no estado”, argumentou.

Para o deputado estadual Tiago Correia (PSDB), a assinatura do contrato é “uma grande vitória para a Bahia”. “Esse trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste, que vai de Caetité a Ilhéus, vai impulsionar a economia do estado, integrando o território baiano e aproximando o oeste do estado com o litoral e interligando a Bahia com o oeste do país.”, disse.

“Inicialmente, o setor de mineração será o primeiro a ser alavancado. Hoje sofremos a falta de infraestrutura para transporte da produção e muitos projetos que estão paralisados serão iniciados. Além disso, a ferrovia vai impulsionar o agronegócio do estado, principalmente do Oeste que vem crescendo de forma impressionante nos últimos anos e agora se tornará ainda mais competitivo.”, completou Tiago Correira.

A deputada estadual Ivana Bastos (PSD) destacou que o contrato é um “marco importante” para ao desenvolvimento do estado. “Vejo as obras da Fiol e do Porto Sul como os dois principais empreendimentos que alavancarão a moderna economia do nosso estado. Os baianos e baianas serão beneficiados com os investimentos, as oportunidades de empregos, a geração de renda e todo crescimento que acompanha a chegada do Complexo Intermodal”, disse a parlamentar.

Bastos afirmou que a obra “não tem cor partidária”. “A Fiol foi um sonho idealizado pelo engenheiro, ex-deputado e professor, Vasco Neto, defendida pelos governos federais anteriores; uma luta imensa do Governo da Bahia e agora impulsionada pela BAMIN. A ferrovia é para os baianos, é para a Bahia, é uma obra verdadeiramente sem cor partidária, independentemente de quem assina o contrato hoje. Comemoro a concretização dessa etapa mais que fundamental para garantir esse benefício para o nosso estado.”, pontuou.

FERROVIA - A obra da Fiol 1 visa permitir o escoamento para o mercado externo do minério de ferro do sul da Bahia, por meio do futuro Porto de Ilhéus, além de possibilitar o transporte ferroviário de grãos do oeste baiano ao porto, em direito de passagem.

A ANTT e o Governo Federal também trabalham nos projetos para concessão dos outros dois trechos: a Fiol 2, entre Caetité (BA) e Barreiras (BA), com obras em andamento, e a Fiol 3, de Barreiras (BA) a Figueirópolis (TO). Um corredor de escoamento que terá um total de 1.527 quilômetros de trilhos, ligando o porto de Ilhéus, no litoral baiano, ao município de Figueirópolis (TO), ponto em que a Fiol se conectará com a Ferrovia Norte-Sul e o restante do país.

“Temos que destacar essa integração futura com a Ferrovia Norte-Sul, indo ao encontro do objetivo de integração das malhas ferroviárias, rodoviárias, que elevam as condições logísticas do país, potencializando o transporte multimodal”, ressalta o diretor-geral da ANTT, Rafael Vitale.

Publicações relacionadas