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MERCADO

Dia Das Crianças é um termômetro para as vendas do final do ano

De brechó infantil a loja de brinquedos, negócios voltados para o público infantil movimentam R$ 50 bi/ano

Por Joana Oliveira

06/10/2024 - 8:00 h
Carla teve a ideia de criar a Brinque Aí,  loja de brinquedos educativos,  pensando em tornar mais proveitosas as  brincadeiras com sua filha
Carla teve a ideia de criar a Brinque Aí, loja de brinquedos educativos, pensando em tornar mais proveitosas as brincadeiras com sua filha -

A jornalista Ana Carolina, do interior de São Paulo, sempre vendeu e comprou roupas para sua filha, Lígia, em brechós. Quando ela se mudou para Salvador, há seis anos, o hábito se manteve, mas era sua mãe quem levava e trazia nas viagens uma “malinha” com as peças infantis. “Sempre doei muitas roupas e vendia algumas nas lojas de segunda mão. Ficava com o crédito na própria loja para pegar outras peças para Lígia”, conta ela. Já na capital baiana, conheceu Thaís Bandinelli, mãe de Júlia, e ficou sabendo do interesse em comum em empreender. Um dia, durante um almoço, decidiram abrir um brechó infantil e, há um ano, nasceu o Passa Passará. “Nos baseamos na nossa própria experiência de consumidoras e fizemos uma pesquisa de mercado. Roupa é cara e criança cresce e perde as peças muito rápido. Vimos que havia um nicho de negócios aí”, relata Ana Carolina.

O mercado voltado para o público infantil movimenta R$ 50 bilhões por ano no Brasil, de acordo com o Sebrae. E, conforme dados da Associação Brasileira de Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), além de crescer em média 6% ao ano, a moda infantil brasileira representa 16% do setor têxtil. Nesse cenário, as micro e pequenas empresas representam 90% do setor de vestuário, segundo a Associação Brasileira do Vestuário (Abravest). Ana Carolina e Thaís decidiram focar, no entanto, no formato mais sustentável desse mercado. “Também é sobre aproveitar melhor o que temos e não gerar desperdício. Meus sobrinhos são grandes, eu não tinha para quem repassar as roupas da minha filha, então, recorri aos brechós, além de fazer doações”, lembra Ana Carolina.

Durante a pandemia de Covid-19, quando o marketing digital ganhou ainda mais força, ela e Thaís decidiram abrir o brechó online, com vendas via Whats App. De início, fizeram uma divulgação no “boca a boca”, entre pais e mães da escola das filhas. Além de vender, elas compram peças usadas e, em pouco tempo, eram muitas sacolas acumuladas nos cômodos das casas. Foi quando decidiram alugar uma loja e, há um mês, o Passa Passará ganhou um endereço físico, na Graça. Agora, as amigas e sócias têm apostado na divulgação em redes sociais. “Queremos desmistificar a ideia de que brechó só tem roupa velha. Trabalhamos, inclusive, com peças de marca, mas queremos que todas as pessoas consigam comprar. Por isso, temos também o balaio, com roupas a partir de R$ 10”, conta Ana Carolina.

Atrair clientes

Ana Carolina abriu com a sócia Thaís o brechó Passa Passará a partir de suas experiências de consumidoras
Ana Carolina abriu com a sócia Thaís o brechó Passa Passará a partir de suas experiências de consumidoras | Foto: Olga Leiria | Ag. A TARDE

De acordo com Andrei Dias, head de vendas da Nexaas, Retail Tech especialista em inovação para o varejo, estratégias como essa ajudam a atrair e fidelizar novos clientes. “Não é novidade que consumidores brasileiros são atraídos por preços baixos e descontos. Promoções podem ser decisivas no momento de escolha dos consumidores”, diz. Ele acrescenta que o Dia das Crianças, data que serve de termômetro para as vendas no período de fim de ano, é uma oportunidade de aumentar as vendas.

“É o período ideal para aumentar o faturamento no varejo, por isso desenvolver e aplicar estratégias de vendas como promoções e ter um planejamento bem alinhado podem ajudar a se destacar dos demais comércios. A chave é entender o que emociona e envolve tanto as crianças quanto os pais, criando uma jornada de compra inesquecível e oferecendo valor além do produto”, diz o especialista.

Quem entende bem disso é a analista de sistemas e empresária Carla Lutisa que, há seis anos, abriu a Brinque Aí, uma loja de brinquedos educativos. O negócio também começou como e-commerce e, desde 2021, ocupa uma loja no Costa Azul. “O negócio surgiu de uma demanda minha. Tenho uma filha e, como sempre trabalhei fora de casa, queria brinquedos com os quais eu tivesse momentos mais proveitosos com ela”, conta Carla. Além dos elementos educativos dos produtos, ela inovou ao criar um delivery de brinquedos, uma demanda que se fortaleceu especialmente durante o período de isolamento social. Hoje, ela diz que a demanda de entrega de pedidos é similar ao volume de vendas presenciais.

“O público procura cada vez mais facilidades proporcionadas pela tecnologia e boas experiências de compra. Não ter a necessidade de se deslocar para buscar ou comprar um produto e ter a possibilidade de consultar avaliações antes de decidir uma compra são fatores que conquistam os clientes”, reforça Andrei Dias.

Para Carla, mais do que um negócio, a Brinque Aí é também uma missão na tentativa de tirar as crianças da frente de telas e proporcionar momentos mais lúdicos na infância. E ela ressalta que brinquedos educativos não são apenas para crianças atípicas, como muita gente pensa. “O momento do brincar é fundamental para o aprendizado de todas.” Por isso, ela oferece produtos para todas as faixas etárias: até os dois anos, a recomendação são aqueles brinquedos de empilhar, montar e encaixar. A partir dos três anos, as opções incluem jogos de memória, jogos para desenhar e pintar, quebra-cabeças e brinquedos que trabalham a coordenação motora. São diversas as opções para quem não economiza em cuidado, carinho e presentes.

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