DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA
Dieese: 1 em cada 48 trabalhadores negros ocupa posição de liderança
Os dados, referentes ao segundo trimestre de 2023, apontam mercado de trabalho desigual
Apesar da redução da inflação, crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e aumento do salário mínimo que permitiram recuperação dos rendimentos médios dos ocupados, o número de trabalhadores negros que ocupa posições de liderança ainda continua baixo e desfavorável em comparação com pessoas não negras.
No segundo trimestre de 2023, apenas 2,1 % das pessoas negras - homens e mulheres - estavam em cargos de direção ou gerência. Os dados fazem parte do especial de 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).
Segundo aponta o Dieese, quando conseguem ocupação, trabalhadores negros são postos em cargos mais precários e têm maiores dificuldades de ascensão profissional. Quando o dado é comparado entre homens não negros, essa proporção é de 5,5%, ou seja, apenas um em cada 48 trabalhadores negros está em cargo de gerência, enquanto entre os homens não negros, a proporção é de um para cada 18 trabalhadores.
A proporção de negros empregadores também é menor. Enquanto 1,8% das mulheres negras eram donas de negócios que empregavam funcionários, a proporção entre as não negras foi de 4,3%. Entre os homens negros, o percentual ficava em 3,6%. Entre os não negros, a proporção foi maior: 7%
Outros dados
Os dados ainda apontam que, entre os desocupados, 65,1% eram negros. A taxa de desocupação das mulheres negras é de 11,7% - mesmo percentual de um dos piores momentos enfrentados pelas pessoas não negras, no caso, a pandemia. A taxa de desocupação dos não negros está em 6,3% no 2º trimestre de 2023.
Quase metade (46%) dos negros estava em trabalhos desprotegidos. Entre os não negros, essa proporção era de 34%. Uma em cada seis (16%) mulheres negras ocupadas trabalha como empregada doméstica. As trabalhadoras domésticas negras sem carteira recebiam, em média, R$ 904 por mês – valor R$ 416 abaixo do salário mínimo em vigência
Os negros também ganhavam 39,2% a menos do que os não negros, em média. Em todas as posições na ocupação, o rendimento médio dos trabalhadores negros é menor do que a média da população.
Cenário desigual
O cenário ainda desfavorável, segundo o departamento, está entrelaçado com um mercado de trabalho ainda de reprodução da desigualdade racial. “Tanto a inserção quanto às possibilidades de ascensão são desiguais para a população preta e parda. E as mulheres negras acumulam as desigualdades não só de raça, mas também de gênero”
Mesmo com a indicação do crescimento da atividade econômica, o mercado de trabalho continua reproduzindo as desigualdades sociais. Os trabalhadores negros enfrentaram mais dificuldades para conseguir trabalho, para progredir na carreira e entrar nos postos de trabalho formais com melhores salários. E as mulheres negras encaram adversidades ainda maiores do que os homens, por vivenciarem a discriminação por raça e gênero.
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