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Fazenda estuda linhas de crédito nas exportações Brasil-Argentina

Segundo o Ministério, o problema é a dificuldade de aceitação de pesos argentinos no mercado internacional

Publicado quarta-feira, 25 de janeiro de 2023 às 16:19 h | Autor: Da Redação
Lula e Haddad durante cerimônia de abertura do Encontro Empresarial Brasil-Argentina
Lula e Haddad durante cerimônia de abertura do Encontro Empresarial Brasil-Argentina -

O Ministério da Fazenda anunciou na segunda-feira, 23, que se dedicará para garantir linhas de créditos de bancos privados e públicos nas operações de importação argentinas de produtos brasileiros. 

O objetivo da linha de crédito é fortalecer e a histórica relação comercial entre as duas principais potências econômicas da America do Sul. Para isso, os governos dos dois países estão aprofundando entendimentos para aprimorar o fluxo bilateral de negócios. Entre as medidas anunciadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está a melhoria dos instrumentos de financiamento e criação de uma moeda comum, uma unidade comum, inicialmente entre os dois países.

Foi aprovada a constituição de um grupo de trabalho que se dedicará a estudos voltados à criação da moeda comum para os negócios entre Brasil e Argentina. A formação desse grupo faz parte de um memorando assinado pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Alberto Fernández sobre o uso do Fundo de Garantia à Exportação (FGE) para assegurar linhas de créditos de bancos privados e públicos nas operações de importação argentinas de produtos brasileiros.

Segundo o Ministério da Fazenda, o problema é a dificuldade de aceitação de pesos argentinos no mercado internacional, em razão do processo inflacionário na Argentina, e a momentânea redução de dólares, principal moeda de reserva cambial do mundo, que pode restringir as transações do país vizinho. Outro objetivo é aumentar a competitividade do fluxo de comércio entre os dois países com mecanismos de crédito que concorram com os de terceiros países. A nova moeda não substituirá as moedas real brasileiro e peso argentino.

Na visão do governo brasileiro, o comércio entre o Brasil e Argentina fica constrangido pela disponibilidade da moeda (dólar) de um terceiro país, não participante desse comércio. Hoje, um país (Estados Unidos) detém a sua moeda nacional como moeda internacional. Para o governo brasileiro, não faz sentido que a região esteja constrangida no seu comércio em função do resultado da política monetária de um terceiro país que não está participando desse comercio.

No segundo momento será decido como instituir um tipo de governança coletiva sobre essa unidade de conta e meio de troca. Essa governança pode servir para operações comerciais entre os países da região, que possam incentivar melhores práticas de gestão monetária, inflação, sustentabilidade da relação fiscal e ambiental, entre outros aspectos.

A China vem assumindo um protagonismo que pertencia ao Brasil no comércio com a Argentina. O país asiático vem propondo soluções para a Argentina ao financiar a importação de produtos chineses. O governo brasileiro está tentando construir soluções para o espaço que perdeu em função das restrições que a Argentina sofre hoje de acesso a uma moeda conversível.

Vinculado ao Ministério da Fazenda, o fundo tem como finalidade dar cobertura às garantias prestadas pela União nas operações de Seguro de Crédito à Exportação (SCE).

A Declaração Conjunta feita na segunda-feira, 23, em Buenos Aires, pelos presidentes Lula e Fernández, registra que “em matéria de integração financeira e produtiva, coincidiram em avançar para o aprofundamento da relação bilateral, com instrumentos que aumentem e facilitem o comércio sem entraves, por meio da ampliação do uso do sistema de moeda local (SML), incorporando o comércio de serviços e a implementação de linhas de crédito em reais para dinamizar o comércio bilateral e facilitar os fluxos financeiros no sistema, aumentando a previsibilidade das transações".

O documento ressalta também que “acordaram iniciar estudos técnicos, incluindo os países da região, sobre mecanismos para aprofundar a integração financeira e mitigar a escassez temporária de divisas, incluindo mecanismos a cargo dos bancos centrais. Compartilharam também a intenção de criar, no longo prazo, uma moeda de circulação sul-americana, com vistas a potencializar o comércio e a integração produtiva regional e aumentar a resiliência a choques internacionais”.

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