ECONOMIA
Fundador do Pix deixa o Brasil para criar 'Pix Internacional' nos EUA
Proposta ambiciosa fez 'pai do Pix' deixar o Banco Central

Por Daniel Genonadio

Carlos Eduardo Brandt, responsável por liderar a equipe que desenvolveu o Pix, modalidade que revolucionou a forma de pagamento no Brasil, decidiu deixar o país. Depois de 23 anos, ele deixou o Banco Central (BC) e foi trabalhar em Washington, nos Estados Unidos.
Brandt assumiu protagonismo no Banco Central ao liderar a equipe desenvolveu o Pix, sendo em 2021 nomeado na lista da Bloomberg das 50 pessoas que definiram os rumos dos negócios globais naquele ano.
O Pix, modelo de pagamentos instantâneo brasileiro, completou neste mês de novembro cinco anos de funcionamento. O Pix tem 161,7 milhões de usuários pessoas físicas e 16,3 milhões de pessoas jurídicas. Os dados são de estudo da fintech Ebanx com base em dados públicos.
O estudo aponta ainda que o Pix movimentou R$ 85 trilhões, ou sete vezes o Produto Interno Bruto brasileiro, nos últimos cinco anos. O sistema de pagamento já é mais popular que o cartão de crédito e é usado por 93% da população adulta do país.
Proposta animadora
O sucesso absoluto do Pix, que somente neste ano deve atingir 7,9 bilhões de transações por mês, fizeram Carlos Eduardo Brandt ser convidado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para uma vaga na área de pagamentos e infraestruturas de mercados.
O brasileiro quer usar seu conhecimento acumulado durante as décadas no Banco Central para ajudar a melhorar o sistema financeiro internacional. Um dos principais objetivos é simplificar a realização de pagamentos instantâneos entre países.
A minha percepção foi de que eu poderia contribuir com outros países e numa escala global
Brandt já trabalha com este objetivo desde que assumiu o novo cargo em agosto, mas enfrenta desafios.
"Cada país tem sua legislação, mas também existem os padrões internacionais que todos têm que seguir. É um quebra cabeça um pouco mais complexo", ressalta à BBC News Brasil.

Uma das iniciativas que Brandt acompanha de perto é o Nexus, do Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), que propõe interligar sistemas de pagamentos de diversos países e permitir transações entre eles de forma instantânea.
O Nexus já foi apelidado de "Pix internacional" e está sendo implementado inicialmente em cinco nações asiáticas: Índia, Malásia, Filipinas, Singapura e Tailândia.

Outro desafio está na perda gerada para intermediários, como bancos e grande empresas de tecnologia. A simplificação do sistema global de pagamentos implica na perda de bilhões de dólares para esses setores.
"Uma das coisas que norteou muito a definição do Banco Central como orquestrador foi a visão de que, para se alcançar um ecossistema de pagamentos que fosse realmente inclusivo, o mais apropriado seria ter um agente neutro. E o agente neutro por excelência, no caso brasileiro, é o Banco Central, que é o regulador e não tem nenhum tipo de objetivo de lucro", explicou Brandt.
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