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ECONOMIA

Gasolina e álcool estão mais caros

JORNAL A TARDE

Por JORNAL A TARDE

04/01/2006 - 0:00 h

O aumento praticado pelos usineiros no álcool anidro e hidratado começou a ser repassado para o consumidor



Cassandra Barteló




Menos de duas semanas após o Ministério das Minas e Energia anunciar que os preços dos combustíveis não seriam reajustados em 2006, os brasileiros foram surpreendidos ontem com novos aumentos da gasolina e do álcool.



Desta vez, o álcool foi o responsável pela elevação dos preços na bomba. Na Bahia, a gasolina (que tem 25% de álcool anidro em sua composição) aumentou em média 5%, enquanto o reajuste no álcool hidratado foi de 15%. Em Salvador, no início da tarde de ontem, muitos postos já estavam praticando preços mais altos.



Do total de nove estabelecimentos pesquisados pela reportagem de A TARDE, cinco estavam com gasolina mais cara e quase todos já tinham novo preço no álcool. Postos, que até segunda-feira, vendiam a gasolina por R$ 2,45 passaram a comercializar o produto por R$ 2,59.



O litro do álcool hidratado já chegava a custar R$ 1,79. “Não aumentamos, porque ainda não recebemos. Mas até amanhã (hoje), estaremos com novos preços”, alertava o gerente de pista do Posto Jaguar, em Pituaçu, onde a gasolina ainda estava por R$ 2,42 e o álcool a R$ 1,69.



Os aumentos dos combustíveis começaram a ser dados pelas distribuidoras, na última segunda-feira. Elas alegam de que tiveram que repassar os reajustes dados pelos usineiros em dezembro. “Os postos não têm como absorver e estão repassando para as bombas.



No máximo, até a próxima semana, acredito que haverá uma nova configuração de preços no mercado”, afirma Marcelo Travassos, diretor do Sindicato do Comércio Varejistas de Derivados de Petróleo do estado da Bahia (Sindicombustíveis).



FORA DO TEMPO – Para Travassos, o reajuste não deveria acontecer agora, já que no Nordeste a lavoura da cana-de-açúcar está em plena época de safra. “A tendência de alta é natural no Sudeste, mas não no Nordeste. Os distribuidores deveriam comprar de usinas da região”, observa o representante dos donos de postos.



Em seu entendimento, os distribuidores que abastecem a Bahia, bem como os demais Estados nordestinos, deveriam comprar da região, onde, segundo ele, em dezembro “o preço do álcool até reduziu”.



Por sua vez, as distribuidoras alegam que estão repassando os reajustes dos usineiros. “Não tenho informações sobre o Nordeste, mas no Centro-Sul o álcool subiu muito”, disse no final da tarde de ontem o vice-presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom), Alísio Vaz, afirmando que cada empresa tem sua política de preço.



Procurada pela reportagem, a BR Distribuidora, empresa com maior participação no mercado baiano (cerca de 40%), não se pronunciou sobre o assunto.



Mas, enquanto os distribuidores e revendedores se justificam, são os consumidores que pagam a conta mais alta. “Não tive mesmo outro jeito, tive que parar para abastecer, a gasolina estava acabando”, lamentava o servidor federal Roberto Silva, 48 anos. Dono de um carro popular, ele calcula que gasta R$ 300, por mês, com combustível.



Isto porque vai trabalhar de ônibus. Só usa o carro quando sai para locais mais distantes ou para passear com a família. “Se usasse para trabalhar gastaria uns R$ 600. Não teria condição nenhuma”, diz.



Proprietária de um carro de luxo, a empresária Giovana Manta, 43 anos, também se queixa do aumento do combustível. Em sua casa são quatro veículos, incluindo o dela, o do marido e dos filhos. O gasto mensal da família só com combustível chega a R$ 1 mil.



“Nos finais de semana, usamos o mesmo carro. Mas durante a semana nem sempre é possível. Cada um faz uma rota diferente”, explica. “Aproveitaram que era a primeira semana do ano, que as pessoas ainda estão se organizando, para aumentar os preços”, acredita Giovana.



Historicamente, os consumidores diminuem o consumo logo que ocorrem os aumentos de combustíveis. O sócio do posto Sumaré, na Avenida Tancredo Neves, e também diretor do Sindicombustíveis, Baldomero Gonçalves, diz que os negócios no seu estabelecimento chegam a despencar até 15% após os reajustes.



“As pessoas reduzem a quantidade, continuam colocando o mesmo valor em dinheiro que já colocavam antes. A redução dura o mês inteiro”, salienta. Em outros estabelecimentos, como no Posto Jaguar, a queda também acontece em um primeiro momento, mas em seguida o movimento acaba sendo recuperado.



Teor de anidro poderia ser menor



Como o mercado é livre, o governo não pode interferir nos preços dos combustíveis. Mas o engenheiro em química, com doutorado em combustíveis, Luiz Pontes acredita que existe outra forma de inibir os aumentos.



“O governo poderia diminuir o teor de álcool na gasolina (atualmente a gasolina é composta de 25% de álcool anidro), assim ia sobrar produto nas usinas e elas teriam que diminuir o preço”, recomenda Pontes, que é professor do Mestrado de Energia da Universidade Salvador (Unifacs).



Sobre o reajuste desta semana, a Petrobras, empresa responsável pelo setor petrolífero no País, se pronunciou através de nota divulgada pela sua Coordenação Regional Nordeste. A empresa pontuou que o último aumento que concedeu foi de 10%, em 10 de setembro passado.



“O preço da gasolina é formado por componentes diferentes (custo de produção, impostos, álcool anidro, margens de comercialização) e qualquer alteração, em pelo menos um deles, terá reflexos, para cima ou para baixo, no preço que o consumidor vai pagar na bomba”, observa a nota



O ministro das Minas e Energia, Silas Rondeu, anunciou na semana de Natal, em entrevista exclusiva ao jornal O Globo, que em 2006 os preços dos combustíveis não seriam reajustados.



A perspectiva favorável foi criada devido à queda da cotação do petróleo no mercado internacional e a expectativa de auto-suficiência da Petrobras para este ano.



Sem aumento em 2006, o atual mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva será encerrado com um saldo histórico de quatro reajustes nos preços da gasolina.



O preço do álcool hidratado fechou o último mês de 2005 custando R$ 1,549 por litro, em média, nos postos brasileiros. O valor é 8,7% superior à média do primeiro mês do ano e 27,4% maior do que a mínima registrada no período, de R$ 1,215 por litro, em junho.



Segundo a pesquisa de preços da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço do combustível disparou nas últimas semanas e vem puxando o preço da gasolina.

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