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Greve eleva custos de construtoras baianas

Publicado sábado, 21 de março de 2009 às 18:45 h | Atualizado em 21/03/2009, 23:01 | Autor: Luiz Souza | A Tarde

A greve dos trabalhadores da construção civil no Estado começa a afetar o ritmo de produção das construtoras baianas. As empresas ainda não têm números consolidados, mas a opinião mais frequente entre as empresas do setor é que os prejuízos  são verificados  em várias frentes. Há incremento nas  despesas de manutenção dos canteiros, como energia elétrica e segurança, até o aluguel de máquinas e demais equipamentos usados nas edificações. A locação dos equipamentos continua a ser cobrada, apesar da suspensão das atividades. A greve prossegue sem que patrões e empregados cheguem a um acordo.

O presidente da Associação de Dirigentes do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-Ba), Walter Barretto Jr., afirma que, nos outros Estados, trabalhadores e empregados da construção civil têm sentado à mesa para dialogar. “Mas, na Bahia, isso não tem acontecido, por conta de posturas um tanto radicais”, diz Barretto. Uma queixa constante entre os representantes das empresas da construção civil é que os empregados adotaram a greve como primeiro recurso – e não o último – para resolver pendências com os patrões.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil (Sintracon), Raimundo Brito, afirma que a intransigência não se daria apenas do lado dos trabalhadores, mas também da representação patronal. Após a última rodada de negociações entre as partes, intermediada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), patrões e empregados recusaram propostas como o reajuste de 9% para os operários qualificados e revisão de R$ 30 para R$ 60 no valor pago aos empregados como auxílio para a compra da cesta básica. A classe patronal foi representada pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil na Bahia (Sinduscon-Ba).

O diretor de incorporação e construção da Odebrecht empreendimentos imobiliários, Djean Cruz, contempla outro aspecto de prejuízos por conta da paralisação. “Após a retomada dos trabalhos, chega a levar uma semana para que as obras prossigam em sua capacidade plena”, observa Cruz. Ele ainda acrescenta que a perspectiva de reajustes descolados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação, poderia encarecer o preço dos imóveis ao consumidor final, algo que contribuiria para deprimir ainda mais a performance do mercado.

O executivo ainda admitiu que, por conta da paralisação, empreendimentos da Odebrecht, como o Mundo Plaza, localizado na região do Iguatemi, e o Boulevard Side, na Avenida Tancredo Neves, possam ter seus cronogramas de entrega afetados. O primeiro empreendimento tem previsão de entrega em setembro do ano que vem, enquanto o segundo em agosto deste ano.

Brito, do Sintracon, contrapõe o argumento de prejuízos no setor imobiliário baiano citando a performance do mercado nos últimos anos. O representante sindical relembra que, apenas no ano passado, foram vendidos cerca de 14 mil imóveis, praticamente o dobro, em relação ao ano anterior. Ainda assim, o setor foi afetado pela crise, e a Ademi, em suas perspectivas mais otimistas, prevê a venda de cerca de 10 mil imóves este ano, uma retração de 28%.

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