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ECONOMIA

João Carlos Paes Mendonça: 'Meu DNA é de varejista'

Por Juliana Brito

20/08/2015 - 23:48 h
João Carlos Paes Mendonça
João Carlos Paes Mendonça -

Aos 77 anos, o empresário sergipano João Carlos Paes Mendonça não dá sinais de que vai parar. Muito pelo contrário, está prestes a lançar a sua produção de vinhos. Mas esse é um hobby com ares de negócio, como ele mesmo define. Sua maior vocação está no varejo, onde começou aos 9 anos, ajudando o pai, Pedro, a erguer o que hoje é o Grupo JCPM, que completa 80 anos em 2015. Seus negócios envolvem empreendimentos imobiliários, veículos de comunicação e shopping centers. Radicado em Pernambuco, sempre incluiu a Bahia em seus planos. E se, por vezes, essa série trouxe empresários responsáveis por uma marca que faz parte da memória afetiva dos baianos, João é uma honrosa exceção com três: a rede Bompreço (atual Walmart), o Salvador Norte Shopping e o Salvador Shopping. Em entrevista, por e-mail, ao A TARDE, ele falou dos primeiros tempos do grupo, de crise econômica e, claro, de negócios.

O senhor começou no varejo aos 9 anos, ajudando seu pai, Pedro Paes Mendonça. Por que tão cedo? Que lições guardou daquele tempo?

O trabalho logo cedo era visto por mim até como certo divertimento, embora meu pai fosse rigoroso e tenha me passado, desde aquela época, a disciplina como um dos grandes ensinamentos. Eu gostava do ambiente da mercearia e gostava de me relacionar com as pessoas. Sempre fui muito curioso e não tinha vergonha de perguntar. Meu pai era trabalhador rural e resolveu abrir uma mercearia. Sabíamos o valor de cada conquista, e isso nos ajudou muito ao longo da vida. Acho que essa foi uma das maiores lições, a de que é preciso se dedicar e valorizar cada conquista para crescer.

Conte um pouco da história da rede Bompreço: como surgiu e como foi ocorrendo a expansão.

A raiz dos negócios surgiu em 1935, com lojas de vários segmentos, em Sergipe, com atacado e até usina de beneficiamento de arroz. Nesta época, a empresa se chamava Pedro Paes Mendonça e Companhia, onde eu era sócio dele. Meus irmãos entraram posteriormente. O nome da rede Bompreço surgiu em 1966, quando eu, aos 27 anos, resolvi partir para Pernambuco para abrir novos mercados. Escolhemos um bairro muito populoso da cidade para abrir a primeira loja. Lembro que colocamos como slogan a seguinte frase: 'Uma loja em Casa Amarela servindo a cidade inteira'. Eu estava determinado a crescer naquele mercado e era preciso ser arrojado para encarar a concorrência. Com esse propósito, implantamos, entre outras coisas, um novo horário de atendimento. As lojas, no geral, não funcionavam à noite e fechavam para o almoço. Passamos a abrir nesses horários. Aos poucos, outras unidades foram abertas, com a expansão pelo Nordeste, começando por Maceió, depois João Pessoa. Assim, fomos crescendo. Entrando sempre em mercados onde sentíamos que teríamos espaço para crescer. Operávamos supermercados de Itabuna, no sul da Bahia, a São Luís do Maranhão.

O senhor se desfez da rede de um modo positivo. Seu tio, Mamede, não teve o mesmo sucesso. O que a rede Paes Mendonça ensinou à do Bompreço?

Mamede Paes Mendonça era um gênio como comerciante, grande negociador, humano, construiu uma grande rede de supermercados e continuava uma grande empresa até o seu falecimento. Meu relacionamento com ele era tão forte que ele foi meu padrinho de batismo, padrinho do meu casamento e do casamento da minha filha. Meu convívio com ele foi muito forte. Me transmitiu muita experiência.

O senhor disse, uma vez, à revista IstoÉ dinheiro: "Na outra encarnação, eu quero voltar como varejista de novo". O que o fez desistir desse ramo? E o que faz, ainda, gostar dele?

Meu DNA é de varejista. Quando decidi sair da operação de supermercado, finalizou um ciclo da minha vida empresarial nesse segmento. Se fosse novamente jovem, eu voltaria a investir no varejo. Ele é dinâmico, convive com pessoas, é o que eu gosto de fazer. Optamos em investir em shopping justamente porque tem similaridade com varejo.

Com exceção de alguns shoppings no Sudeste, os negócios do Grupo JCPM são nordestinos. Por que essa decisão de que fiquem na região? E por que essa exceção para os shoppings?

Somos focados na região. Gostamos e acreditamos nela. Mantivemos a terceira maior rede de supermercado do país nessa região. Mas é importante dizer que não somos exatamente fechados para outras regiões, uma prova é que estamos em São Paulo com os shoppings com Granja Vianna e Villa-Lobos.

O senhor é sergipano, criou raízes em Pernambuco, mas sempre manteve a Bahia na rota de investimentos. Por quê? Qual a sua relação com o estado?

Um sergipano tem sempre grandes ligações com a Bahia. É tanto que muitos se transferem para a Bahia. Gosto do jeito baiano de ser. Fui um pouco diferente e, décadas atrás, saí de Sergipe para Pernambuco. Mas sempre quis investir na Bahia.

Há planos de outros investimentos no estado? Em caso positivo, quais e para quando?

No momento, não temos planos. Dotamos a cidade de dois grandes shoppings. O Salvador Shopping e o Salvador Norte Shopping, empreendimentos dos mais modernos. Estamos satisfeitos com os resultados.

O senhor anunciou, ano passado, que estava investindo em vinhos em Portugal. Como anda esse projeto?

Estamos prestes a lançar o vinho da Quinta Maria Izabel no Brasil. Será neste mês de agosto. Ele entra no mercado nas versões rosé, branco, tinto e porto. São produzidos no Douro, uma das mais belas regiões de Portugal. É, na verdade, um hobby. Como nos dedicamos a tudo que fazemos, é um hobby com cara de negócio.

Quais são os prós e contras de possuir negócios em diferentes áreas (comunicação, varejo, imobiliário, bebidas)? A diversificação pode ser uma proteção em tempos de crise?

Podemos dizer que nossos negócios são todos correlatos. Saímos de varejo de supermercado para shopping. Já a parte imobiliária é mais ligada a empresariais, ficando também próximo a operação de shopping, onde espaços são alugados aos lojistas. O setor de comunicação talvez seja o único mais distante. Entramos nele para resgatar um sistema de comunicação que passava por dificuldades e terminamos ficando até hoje. E, agora, como disse anteriormente, o de produção de vinho, que é mais um hobby do que um negócio. Com relação a ser uma proteção em tempos de crise, pode ser proteção ou não. Se você tem um setor muito lucrativo e outro não, pode ajudar. Nós somos muito focados e optamos por pequenas variações, mas, mesmo assim, analisando mais de perto, eles são correlatos.

Aliás, fala-se muito que o Brasil está atravessando uma grande crise econômica. Tendo passado por algumas, ao longo da sua vida empresarial, que avaliação faz da atual? Como isso vem afetando os negócios do grupo?

É realmente a tempestade perfeita, como disse Delfim Neto. Tem inflação, estagnação do PIB, falta de confiança no governo, desemprego, corrupção. Realmente, já passei por muitos momentos difíceis, sobretudo na época do supermercado, com inflação alta e uma rotina com os mais variados planos econômicos. Mas acho que a gente não deve se abater. Estamos procurando ser criativos e ter equipamentos modernos e confortáveis para o cliente. Estamos certos de que nosso grupo chegará ao final desta crise em uma situação satisfatória.

O senhor criou uma fundação que visa melhorar a formação educacional e profissional de jovens. Fale um pouco mais sobre ela e o que significa dentro do Grupo JCPM.

São duas ações importantes na área de compromisso social. O Instituto JCPM de Compromisso Social, com estruturas de atendimento sempre localizadas nas unidades de negócios do grupo, é voltado para capacitação de jovens de 16 a 24 anos visando possibilitar que eles ocupem melhores lugares no mercado de trabalho. Acompanhamos de perto o desempenho deles e buscamos suprir suas carências de formação para ajudá-los nas inserções. A Bahia é hoje o único estado que tem duas unidades do IJCPM, sendo uma no Salvador Shopping e a segunda no Salvador Norte Shopping. Outra ação é a Fundação Pedro Paes Mendonça, na Serra do Machado, em Sergipe, onde damos todo apoio aos moradores do povoado, com educação, moradia, acolhida aos idosos, geração de renda, saúde, estímulo a projetos culturais e desenvolvimento da juventude. Era um desejo do meu pai poder ajudar os conterrâneos, e assim fizemos. Aprendi com ele a valorizar as pessoas. É isso que fazemos.

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