CONTAS NO VERMELHO
Juro alto é principal causa de inadimplência entre empresas baianas
Especialistas dão dica de como driblar e aminizar as dificuldades econômicas
Por Carla Melo
Ao menos 312 mil empresas baianas estão no vermelho. Esse cenário fez com que a Bahia assumisse, neste ano, a 6ª posição no ranking de estados mais inadimplentes do Brasil, conforme dados do Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian, divulgado em janeiro de 2024.
O Brasil atingiu a marca de 6,7 milhões de CNPJs inadimplentes, e isso, segundo o economista Guilherme Dietze, é resultado de taxas de juros elevadíssimas do pós pandemia, que apesar de caírem, ainda continuam exorbitantes para as empresas.
“Tínhamos uma taxa de juros no passado de quase 14%, agora está em 10,50%. Taxa básica, mas para as empresas a taxa é muito maior. Quando você pega desconto de duplicatas, capital de giro, tudo isso pesa para as empresas, a taxa de juros acima de 20% ao ano, o que acaba impactando no resultado, porque evidentemente a empresa precisa gerar uma receita para pagar não somente esse custo financeiro, um aluguel mais caro do estabelecimento, também custo de energia que muitos estabelecimentos comerciais têm”, explica o especialista.
Microempresas (MPEs) são as mais afetadas. Só em janeiro de 2024, foram 298 mil MPEs inadimplentes no estado baiano. Apesar de representarem 9 em cada 10 empresas na Bahia, segundo Cadastro Central de Empresas (Cempre) 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), elas ainda são as que mais fecham as portas.
“As pequenas e médias, que não tem um patrimônio por trás, não tem uma segurança de garantias para poder dar momento do crédito e ter alguma taxa de juros mais vantajosa, condições de pagamentos favoráveis e fica numa situação delicada no dia a dia. Os custos financeiros tem dificultado gerar um lucro para as empresas e muitas dessas não possuem planejamento financeiro, não tem uma educação financeira, e isso faz com que muitas empresas morram ao longo do caminho”, continua o Dietze.
Alternativas
Apesar do cenário econômico ainda estar em condições desfavoráveis para as empresas, Dietze aponta que os programas de renegociação são ótimas ferramentas para folgar um pouco o empresário baiano.
“E é importante que a empresa que esteja inadimplente faça esses programas de renegociação de dívidas. A empresa está no vermelho devido a um descuido, descontrole ou não teve êxito nas vendas do mês, que gerou um efeito negativo. Por isso a necessidade de haver esse equilíbrio via renegociação. Sabemos que a capacidade já é difícil por a empresa está no vermelho, e às vezes não consegue, mas uma vez controlada, a taxa de juros é mais baixa, as condições de crédito são mais favoráveis e assim por diante”
O consultor em planejamento financeiro Alessandro Schlomer também aponta que ter um controle sobre o fluxo de caixa - tudo que entra e sai da empresa - através de ferramentas automatizadas, pode agilizar o processo final e dar informações completas sobre o faturamento da empresa.
“É importante monitorar as entradas e saídas de dinheiro diariamente, segregar o fluxo operacional e não operacional, utilizar ferramentas de gestão financeira para automatizar o processo e manter um fluxo de caixa positivo, com mais entradas do que saídas podem facilitar a gestão financeira da empresa. Se pode utilizar softwares como Omie, Conta Azul, MXM, ou até mesmo uma planilha bem estruturada”, explica o expecialista.
Além disso, o especialista ainda sugere que o empresário faça um planejamento financeiro detalhado com todas as receitas, custos e despesas previstas, identifique e categorize todas as suas despesas, negocie melhores preços com seus fornecedores, busque maneiras de reduzir custos desnecessários, e acompanhe uma DRE (Demonstração do Resultado do Exercício) gerencial (aberta por linha de negócio).
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