FINANÇAS
Mais de 70% dos brasileiros não possuem reserva de emergência
É importante colocar as finanças em ordem para não chegar no ano seguinte com mais dívidas
Por Leilane Suzarte*
Faltam cinco meses para o fim de 2022 e muitos ainda não conseguiram manter um saldo positivo nas suas contas bancárias. Tudo piora com o cenário de inflação alta e preços elevados. Então, é importante colocar as finanças em ordem para não chegar no ano seguinte com mais dívidas e problemas financeiros.
Por isso, ter um controle nas finanças com todas as despesas que foram realizadas durante o ano ajuda as famílias a ter mais clareza de quanto precisam economizar e priorizar no que precisa ser gasto. Uma pesquisa da fintech Acordo Certo indicou, por exemplo, que mais de sete em cada dez brasileiros não guardam dinheiro. Essa dificuldade financeira atrelada a situação econômica atual do país faz com que muitas pessoas não consigam chegar ao fim do ano com todas as contas no azul.
A necessidade de se planejar financeiramente é imprescindível para quem deseja não só ter uma boa saúde financeira, mas também alcançar seus objetivos e sonhos. Bruno Lima, contador e auditor fiscal na Sefaz-BA, explica que a pessoa pode estar fazendo um mapeamento do quanto o dinheiro está ganhando para poder fazer uma reserva financeira. “É um termo na contabilidade que nós chamamos de provisão porque você faz uma estimativa do quanto você vai desembolsar no momento mais pra frente e começar a guardar uma parte desse dinheiro para obrigação futura'', diz o contador.
Priorizar o essencial
Para aqueles que tiveram algum endividamento no primeiro trimestre deste ano, é importante levar em conta o que precisa ser feito para solucionar esse problema e não acumular mais dívidas nos meses seguintes. Procurar negociar com os bancos, por exemplo, já ajuda a sair do vermelho. A educadora financeira e sócia-fundadora da Cifrão Educação Financeira, Juliana Barbosa, orienta o que pode ser feito para reverter essa situação.
“O primeiro passo é entender qual é o tamanho dessa dívida. Se for cartão de crédito, pegar a fatura e analisar. Pegar o extrato bancário, ver como estão sendo feitos os débitos da conta corrente, fazer o levantamento de empréstimo, caso a pessoa tenha, de financiamento e priorizar as contas essenciais, como água, luz, e os empréstimos com maiores taxas de juros e que possua algum bem como garantia”, informa Juliana.
E para quem utiliza o cartão de crédito tem de ficar atento para não gastar além da conta e acabar fazendo várias parcelas que comprometam o seu dinheiro que podem servir para economizar e investir futuramente.
“A gente sabe o dia de hoje, mas a gente não sabe o dia de amanhã. Então ter consciência no parcelamento, comprar aquilo que você vai ter condições de pagar e sempre se perguntar antes de comprar: é um desejo ou uma necessidade? Se eu comprar agora eu vou ter condições de pagar? É usar o cartão de crédito com moderação, pois fazendo desse jeito não tem possibilidade de dar errado”, frisa a sócia-fundadora da Cifrão Educação Financeira.
Com isso, saber usar as finanças ao seu favor ajuda as pessoas a estarem mais preparadas para as circunstâncias inesperadas que podem surgir durante o ano e conseguir poupar os seus recursos para quando desejar investir a médio e longo prazo. “Mesmo que a renda salarial não seja suficiente para poder arcar as suas despesas básicas por causa da inflação alta, há sempre espaço para quem quer economizar algum valor, nem que seja 50 reais, 100 reais”, conta Daniel Kouloukoui, analista de investimentos e sócio-administrador da empresa Black Consultoria.
É o caso do professor Taiguara Gomes que buscou ser mentorado por Daniel para melhorar as suas condições financeiras e ter mais educação com o seu dinheiro. “Nós somos levados a consumir algum item que muitas vezes a gente nem quer. Então, hoje eu me permito ir a um bom restaurante ou sentar em algum lugar e comer o que eu quero porque comecei a ter um olhar e carinho diferente pelo dinheiro”, explica Gomes.
Muitas vezes a pessoa acaba usando a sua renda para gastar de maneira impulsiva sem ter um controle do que faz com as suas finanças. “Quem é equilibrado financeiramente tende a trazer esse equilíbrio para as suas emoções e, assim, o indivíduo junto com a família toma decisões mais inteligentes”, esclarece Lima.
Saldo positivo
A partir do momento que a pessoa decide guardar o dinheiro e estruturar um bom plano de ação para manter o fluxo de caixa sempre positivo faz com que ela consiga se planejar a partir de agora com os gastos no fim de ano. Então, ter um saldo positivo nas suas contas bancárias requer a formação de reserva financeira e disciplina. Algumas medidas simples podem fazer toda a diferença, como sugere o auditor fiscal:
“O primeiro passo é que a pessoa tenha clareza nas suas finanças. Uma boa dica é a pessoa estar anotando, em torno de 30 dias, todos os seus gastos e ganhos. Porque, a partir disso, você tem clareza em como o dinheiro entra e sai na sua vida. Em seguida, a pessoa pode criar um plano de ação para tomar as melhores decisões em relação ao seu dinheiro”, esclarece Lima.
Outra maneira é aproveitar os juros elevados para fazer investimentos de renda fixa no mercado financeiro e, assim, obter lucros sem prejudicar as suas finanças. “Hoje tem muitos produtos bacanas de renda fixa com alta liquidez CDB e, em tempos da Selic alta, dá para a pessoa colocar seu dinheiro todo mês e ficar rendendo um pouco”, informa Daniel.
* Sob a supervisão da editora Cassandra Barteló
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