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CARREIRA

O mercado de trabalho e as redes sociais

Brasil é o terceiro país que mais utiliza redes sociais no mundo; uso excessivo pode afetar a produtividade

Por Joana Lopes

08/09/2024 - 7:00 h
Rosana ensina jovens, uma ‘geração hiperconectada’
Rosana ensina jovens, uma ‘geração hiperconectada’ -

O Brasil é o terceiro país que mais utiliza redes sociais no mundo, com uma média de 3 horas e 42 minutos por dia, de acordo com dados da Hootsuite e WeAreSocial sobre o uso global de redes sociais. Esse uso inclui as famosas pausas para conferir as atualizações no Instagram ou conferir o novo viral no TikTok, mesmo durante uma reunião ou no meio de uma atividade de trabalho. E o que deveriam ser cinco minutos de “relaxamento” se transformam facilmente em meia hora ou mais. Uma pesquisa da Universidade da Califórnia mostra que o cérebro demora 23 minutos para recuperar o foco depois dessas pausas e dificilmente retoma a concentração anterior. Além do aumento do estresse e ansiedade, o uso constante das redes sociais também traz consequências profissionais.

“Esse cenário tem gerado grandes discussões nas empresas, inclusive entre as diretorias, devido à queda de produtividade dos colaboradores e diminuição da qualidade do ambiente de trabalho”, conta Raissa Mendes, líder de Pessoas na WeWork. Ela comenta que, dentro das diferentes equipes, o uso excessivo do celular gera um clima desagradável. “Os colegas passam a cobrar os gestores porque determinado colaborador está o tempo todo conferindo as redes sociais.”

Isso acontece, principalmente, com a chamada Geração Z, de jovens nascidos até 2010. No Brasil, de acordo com um levantamento da Kantar, eles passam, em média, quatro horas e 17 minutos diários na internet, com acesso via celular. Rosana Souza, professora de Jovens Aprendizes no Instituto Euvaldo Lodi (IEL), em Salvador, acompanha essa realidade de perto. “É uma geração hiperconectada. E, se bem as redes sociais potencializam a comunicação e o compartilhamento de ideias, também acarretam uma limitação no vocabulário e dificuldade de verbalização de pensamentos mais complexos”, comenta.

Com seus alunos, que têm entre 14 e 22 anos e se preparam para entrar no mercado de trabalho, Rosana aposta num processo de conscientização, com aulas de etiqueta corporativa, nas quais ensina que é preciso adotar uma persona profissional no ambiente de trabalho, com comportamentos diferentes dos que se tem em casa ou na vida social. Segundo ela, educadores, gestores e empresas devem apostar em práticas de hiperfoco, até mesmo com oficinas de mindfulness (atenção plena). “As empresas precisam ouvir os colaboradores, é preciso haver uma troca, principalmente com a geração mais jovem de colaboradores. Se simplesmente proibirem o uso de celulares ou o acesso às redes sociais, podem acabar gerando mais indisposição entre a equipe.”

Cultura e estratégia

Raissa Mendes, da WeWork, acrescenta que as corporações devem apostar em cultura e estratégia de engajamento dos funcionários. “Em vez de microgerenciamento, perguntando o tempo todo o que o colaborador está fazendo, é interessante pensar em menos comando e mais resultado. Os gestores devem criar projetos, deixando claro qual a demanda, como ela deve ser executada e quando deve ser entregue. Assim, o colaborador se torna mais ‘dono’ daquela atividade, o que diminui a dispersão”, explica.

Fátima Macedo, psicóloga especializada em Psicologia da Saúde Ocupacional e Terapia Cognitivo-Comportamental e CEO da Mental Clean, diz que é fundamental que as organizações estabeleçam um protocolo de utilização de celulares durante o trabalho, de forma saudável, favorecendo a todos sem que os trabalhadores percam o foco ou se sintam desconfortáveis e reprimidos. “Líderes e gestores podem atuar como facilitadores nesse processo, identificando áreas de atenção que necessitam de ajustes, como o uso excessivo de grupos de trabalho no WhatsApp”, afirma.

No caso dos trabalhadores, a especialista recomenda uma autocrítica sobre a presença nas redes e o tempo gasto nelas. “Se achar que está prejudicando sua produtividade, faça um detox: desative as notificações do celular, escolha apenas uma rede para consultar durante o dia e faça isso em momentos de intervalo”. Macedo também orienta a deixar de lado o dispositivo durante conversas, reuniões e outras interações profissionais. “Olhe nos olhos de quem está falando, anote suas instruções à mão, ouça com atenção”, aconselha.

A psicóloga lembra que é importante se informar sobre os limites de uso de redes sociais na empresa em que se trabalha. No caso das atividades que exigem o uso de redes como o WhatsApp, ela diz que é preciso discutir os limites com a equipe, como a necessidade de conversas fora do horário de trabalho.

Em agosto, a Austrália adotou uma lei que garante aos trabalhadores o “direito de desconectar”, determinando que eles têm a liberdade de ignorar mensagens e outras comunicações fora do horário de expediente sem receio de represálias e sanções por parte dos chefes. A medida entrou em vigor depois que uma pesquisa recente revelou que os australianos trabalham, em média, 281 horas extras não remuneradas por ano. Mais de 20 países, sobretudo na Europa e América Latina, já adotaram regras semelhantes.

“As lideranças devem dar o exemplo sobre a comunicação fora do trabalho e estabelecer diretrizes claras. Muitos CEOs já deixam claro que só estão disponíveis em horário comercial. Falta as empresas normalizarem e implementarem isso em todas as áreas, de forma horizontal”, afirma Macedo.

Ansiedade e depressão

Os prejuízos do consumo excessivo de redes sociais e sua relação com o aumento da ansiedade e depressão chama a atenção das empresas especialmente no Setembro Amarelo, mês de combate ao suicídio e promoção da saúde mental. Para Marcello Amaro, líder de recursos humanos da Portão 3, uma das abordagens corporativas mais eficazes é a organização de palestras e workshops sobre gestão do estresse e suporte emocional, além de uma campanha estruturada de comunicação interna. “Oferecer apoio psicológico e recursos é fundamental para garantir que os colaboradores saibam onde buscar ajuda. Por isso, disponibilizar sessões de aconselhamento, linhas de apoio e informações sobre programas de assistência ao empregado pode facilitar o acesso a serviços de saúde mental”, diz.

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