MERCADO
Pequenos empreendedores adotam medidas sustentáveis na Bahia
MEIs e empresas aderem mais a ações como economia de água, energia e de separação dos resíduos
Microempreendedores individuais e pequenos empresários estão cada vez mais preocupados em adaptar os negócios às exigências ambientais.
É o que demonstra um estudo realizado pelo Sebrae, mostrando que MEIs e pequenos empresários estão aderindo a medidas sustentáveis nas atividades, como economia de água, energia e reutilização de resíduos. Essas medidas servem também na valorização da marca no mercado e na relação com os clientes.
Para Anderson Silva, especialista em pequenos negócios do Sebrae-BA, o crescimento da adesão dessas medidas pelos MEI e pequenos empresários é consequência de, entre outros fatores, uma maior consciência ambiental dos consumidores. “Avalio como positiva a adoção de práticas sustentáveis pelos pequenos negócios nos últimos anos. Isso pode ser atribuído a fatores como maior conscientização sobre a relevância da sustentabilidade, incentivos governamentais, redução de custos e consumidores mais exigentes que preferem consumir de empresas que demonstram responsabilidade ambiental”, defende.
A principal medida adotada é o controle do consumo de energia, com 75% de adesão, seguido pelo controle do consumo de água, com 67% A separação de lixo para coleta seletiva teve o maior aumento, subindo de 52% em 2022 para 64% em 2024. Os dados mostram que os MEIs aumentaram a adoção de todas as práticas sustentáveis mencionadas. Entre as micro e pequenas empresas, houve uma ligeira queda apenas no controle do consumo de energia, que passou de 74% em 2022 para 70% em 2024.
A implementação de práticas sustentáveis nas empresas gera credibilidade para os pequenos empresários. “O fato de utilizarmos energia solar nos permite demonstrar, na prática, a eficácia e os benefícios dessa tecnologia que nós também vendemos, o que aumenta a confiança dos clientes em nossas soluções energéticas. Em resumo, a implementação de práticas sustentáveis não só melhorou a percepção de nossa marca, mas também nos ajudou a atrair e reter clientes que compartilham dos mesmos valores, impactando positivamente nossas vendas e a lealdade dos clientes”, contou Leonardo da Silva, sócio e diretor da empresa de energia solar D´Light Solares, empresa associada à Associação Baiana de Energia Solar Fotovoltaica (ABS).
Redução do consumo
De acordo com o levantamento, a economia de energia é aplicada por 70% das micro e pequenas empresas e 75% dos MEI, sendo a medida com maior adesão nos dois segmentos, enquanto a economia de água é a segunda com maior adesão pelos MEI (67%) e a quarta pelas micro e pequenas empresas (64%). A cabeleireira Luciene Oliveira do Studio Negra Lu aplica ambas as economias em seu ofício. “Tenho uma grande economia de energia e água, uso lâmpada de led, que tem baixo consumo, o filtro não é elétrico, meus tratamentos capilares são realizados no lavatório, a maioria com sobreposição de produtos, o que ajuda no menor consumo de água”, explica a cabeleireira.
A separação de lixo para coleta seletiva é praticada por 64% dos MEI, e 67% das micro e pequenas empresas e é essencial para o paisagista Alex Sá. “Na empresa toda a embalagem de plástico utilizamos para o plantio de mudas. Isso reduziu bastante o gasto com novas embalagens. Aquelas que não podem ser aproveitadas mandamos para reciclagem. Evitamos ao máximo mandar alguma coisa para o aterro sanitário”, afirma o paisagista e engenheiro agrônomo.
Há também dificuldades e desafios na implantação dessas medidas, a depender do ramo em que se trabalha. “Uma das principais dificuldades foi em relação a energia, atualmente trabalho em ambiente fechado, é necessário manter sempre o ar condicionado ligado e também as luzes acesas, porém no intervalo entre uma cliente e outra busco desligar o ar e manter as janelas abertas para ter luz natural e evitar uso excessivo de energia elétrica”, relata Lucilene.
A cabeleireira, apesar da economia, também encontrou aumento de gastos em outros pontos das medidas que aderiu. “Em relação à compra de produtos que tenham práticas sustentáveis em sua fabricação, encontro um leve aumento de valor investido já que são mais caros, porém em relação a energia e água tenho uma redução interessante”, apesar disso Lucilene avalia que vale a pena optar pela sustentabilidade.
Eleva competitividade
A sustentabilidade nos negócios muitas vezes pode se traduzir em vantagens competitivas no mercado. De acordo com o Estudo Global de Sustentabilidade mais recente, de 2022, 71% dos consumidores estão alterando seu modo de consumo com vistas a um estilo de vida mais sustentável. “Esse compromisso sustentável, em alguns casos, vai além do desejo de adquirir produtos, como também, obter informações claras sobre os processos internos das empresas. Assim, adotar práticas para conservação e manutenção do meio ambiente pode ser encarado como um requisito mínimo para a sociedade”, constata Anderson.
Segundo uma pesquisa da OLX, feita em parceria com a MindMiners e divulgada em março deste ano, 88% dos consumidores preferem consumir produtos e serviços de marcas sustentáveis e que quase a metade deles, 49%, já deixaram de comprar um item de alguma marca por considerar que ela não apoia a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente o suficiente.
“Percebemos uma mudança significativa na percepção dos nossos clientes após a implementação das práticas sustentáveis, especialmente com o uso de energia solar. Esse alinhamento de valores fortaleceu nossa imagem no mercado, gerando um impacto positivo na fidelização dos clientes. Além disso, notamos um aumento nas vendas, particularmente entre consumidores mais conscientes e empresas que também buscam reduzir sua pegada ambiental”, conta Leonardo sobre a influência das práticas sustentáveis na relação com os consumidores.
* Sob a supervisão da editora Cassandra Barteló
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