FINANÇAS
Planejar as compras de final de ano evita risco de endividamento
Com a aproximação da Black Friday e do Natal, consumidores se sentem atraídos pelas promoções
Por Dianderson Pereira*
Com a aproximação de datas comerciais como a Black Friday e o Natal, muitos consumidores se veem atraídos pelas promoções, mas correm o risco de comprometer suas finanças ao realizarem compras impulsivas. Com o índice de endividamento das famílias brasileiras em 78,5%, segundo a CNC, economistas e contadores alertam sobre a importância de um planejamento cuidadoso para evitar que as compras acabem se transformando em uma bola de neve financeira. Com uma combinação de estratégias, como planejamento antecipado, controle emocional e priorização de necessidades, especialistas apontam formas de aproveitar as promoções sem prejudicar o orçamento familiar.
O especialista Antônio Carvalho, professor de economia e finanças, comenta que o primeiro passo para que o orçamento familiar não seja comprometido em momentos de promoções é avaliar se o produto desejado é realmente necessário. “A primeira coisa é avaliar se realmente necessita daquilo que está tentado a comprar. O planejamento das compras com maior antecipação possível ajuda a prevenir essas situações, pois, ao planejar, você terá certeza de que comprará algo necessário e monitorará os preços dos itens”.
Carvalho alerta que, embora as promoções pareçam oportunidades imperdíveis, elas são estratégias de vendas cuidadosamente planejadas pelas empresas. “As ofertas atraentes, como preços reduzidos e prazos de pagamento estendidos, exigem cautela do consumidor, para evitar compras desnecessárias ou cair em falsas promoções".
Estresse e escassez
Igor Vieira, consultor financeiro, acrescenta que planejar com antecedência evita decisões por impulso, guiadas pela emoção. “Quando deixamos as compras para a última hora, somos mais vulneráveis ao estresse e à sensação de escassez. Antecipar-se permite uma análise mais racional, além de ajudar a identificar se as ofertas são verdadeiras”, ressalta.
Outro aspecto crucial para o sucesso nas compras de fim de ano, segundo Carvalho, é o estabelecimento de limites financeiros realistas. “O limite do consumo deve ser sempre o limite da renda. Mesmo que parceladas, as compras precisam caber no orçamento dos próximos meses sem gerar sacrifícios absurdos”, orienta o economista. Ele adverte que um dos maiores erros dos consumidores é ignorar seus compromissos financeiros já assumidos. “Antes de qualquer decisão de compra, vêm os compromissos financeiros já assumidos. Ignorá-los pode gerar o ‘efeito bola de neve’, com acúmulo de dívidas e juros crescentes”, alerta.
Além do planejamento, o contador Paulo Almeida reforça a importância do controle emocional durante as compras. Para evitar essas compras que gerem prazer momentâneo, o economista diz que a principal estratégia é manter o controle emocional. “A principal estratégia é ter uma lista de compras previamente definida e segui-la com rigor. Evitar navegar por sites ou visitar lojas sem um propósito claro ajuda a manter o foco. Um bom controle emocional é essencial”.
Igor Vieira também reforça a importância do planejamento e do controle das emoções durante as compras. Ele explica que promoções não são oportunidades, mas armadilhas se não planejadas. “Uma maneira de evitar isso é definir um limite claro para suas compras antes mesmo de olhar as oferta e os consumidores precisam dividir o orçamento em categorias, como presentes e itens pessoais, para evitar gastar mais em uma área e comprometer outras”.
Para Vieira, planejar com antecedência permite ao consumidor tomar decisões mais racionais. “Quando deixamos as compras para a última hora, somos mais vulneráveis a compras por impulso, movidas por emoções como o estresse ou a sensação de escassez. Antecipar-se às promoções também permite que você pesquise e identifique se as ofertas são reais”.
Maria Oliveira, advogada, sempre foi organizada com suas finanças, mas admite que as promoções de fim de ano a levaram a compras impulsivas nos últimos anos. “Como advogada, sou cuidadosa, mas na Black Friday acabei comprando coisas desnecessárias por causa dos descontos". Este ano, ela mudou de estratégia, fazendo uma lista de necessidades e monitorando os preços com antecedência, aprendendo que o planejamento é essencial para evitar armadilhas.
Uso do crédito
Com a facilidade oferecida pelas lojas durante grandes promoções de fim de ano, muitos consumidores recorrem ao crédito para realizar suas compras. No entanto, o uso inadequado dessa ferramenta pode gerar problemas financeiros graves, comprometendo as finanças a longo prazo. “O uso do crédito deve ser cuidadoso, pois, se usado de forma desmedida, pode gerar sacrifícios e até sofrimento no futuro, com o endividamento e a impossibilidade de adquirir itens essenciais”, afirma Antônio Carvalho.
Além disso, Paulo Almeida não sugere o uso do crédito rotativo, como o do cartão de crédito, e deve ser evitado a todo custo. “Esse tipo de crédito, geralmente com juros elevados, pode facilmente transformar uma dívida pequena em um problema financeiro grave”.
*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló
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