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ECONOMIA

Poder de compra do brasileiro é o menor desde a criação do Real

Salário mínimo deve sofrer em 2022 a maior desvalorização em 28 anos, aponta estudo

Por Fábio Bittencourt

12/06/2022 - 16:43 h
Maria Rocha prefere fazer compras perto de casa
Maria Rocha prefere fazer compras perto de casa -

Uma série de índices econômicos divulgados semana passada apontam para o que todo mundo já sabe, sente no bolso e na pele: o brasileiro nunca esteve tão empobrecido, com o poder de compra destruído, e o dinheiro valendo cada vez menos.

Enquanto o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística revelou que quase a metade da população do país (106,35 milhões) sobrevive com apenas R$ 13,83 por dia, R$ 415 mensais, a corretora de valores Tullet Prebon Brasil calculou que o salário mínimo deverá sofrer em 2022, se mantida a projeção de inflação na casa dos dois dígitos e a Selic em 13,25%, a maior desvalorização desde a criação do Plano Real, há 28 anos, em 1994.

Um cenário de desafios piorado pela alta dos custos, e a capacidade de geração de renda prejudicada, com a recuperação do mercado de trabalho puxada pela criação de empregos precários. Para o economista e planejador financeiro Fabio Louzada, o momento exige ainda mais sacrifícios e malabarismos pelas famílias.

“Isso vale para todo mundo, pois é preciso buscar aumentar a renda, seja com educação, qualificação, ou procurando um segundo emprego, e aí diminuir despesas. A maioria começa trocando a marca dos produtos, a qualidade, cortando ou substituindo proteína. Infelizmente, as pessoas vêm se privando de coisas”, conta.

CEO na escola “Eu me banco”, de formação de profissionais para atuação no mercado financeiro, Louzada explica que o Real está prejudicado por muitos fatores, em especial a pandemia de Covid-19, que “feriu” a cadeia de suprimentos.

“Há menos matéria-prima no mundo. A gasolina subiu muito forte e o preço do petróleo vem pressionando muito os gastos com transporte, alimentos, e a inflação como um todo. E o governo atuando em meio a um ano de eleições”, fala.

De forma claramente amadora e verniz populista, na última quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes, chegaram a sugerir que donos de supermercados congelassem preços, remetendo a todos à era José Sarney (1985 a 1990).

Impacto das reformas

Para dar a dimensão do tamanho do buraco em que o brasileiro se encontra, o de professor de economia Edval Landulfo, destaca cálculos feitos pelo matemático financeiro José Dutra Vieira Sobrinho, e divulgados também semana passada. Segundo Sobrinho, a inflação, de 1º de julho de 1994 (ano de criação do Real) até 1º de maio de 2022 foi de 644,5%, fazendo com que, em 28 anos, a nota de R$ 100 passasse a valer hoje R$ 13,56.

Ou seja, desvalorização de 86,5% do poder de compra.

“Sempre tivemos perda do poder aquisitivo, mas você conseguia fazer a reparação em cima da inflação, a partir do crescimento do país (PIB). Pode ser algo exportado do governo (reflexo da conjuntura internacional), ou estão errando de forma muito primária”, diz.

Landulfo destaca, contudo, os impactos causados pelas reformas trabalhista e previdenciária, a briga do governo pelo enfraquecimento dos sindicatos de classes, o “remédio equivocado” da alta da taxa básica de juros (Selic), e todas as ações que resultaram no achatamento da renda da população, diminuindo o consumo e, consequentemente, a arrecadação em impostos pelo governo.

“Perceba que não se trata de inflação monetária, quando há muito dinheiro em circulação, nem de demanda, quando se aumenta o consumo, mas uma inflação de custos. De produção, de energia, de frete. Isso sem auxílio, sem emprego”.

Moradora da Boca do Rio, na casa da secretária doméstica Rodilene de Jesus Fernandes, 43, só ela trabalha, recebendo um salário mínimo por mês, enquanto o marido procura emprego. Ela conta que vai à feira uma vez por semana, onde deixa algo em torno de R$ 300. O restante é para cobrir as outras despesas da família.

“Está tudo muito caro, um absurdo, veja o preço do botijão de gás”, diz ela.

A reportagem de A TARDE conversou com a microempreendedora Maria da Conceição Rocha, 53, enquanto ela fazia compras perto de casa, no Stiep, na manhã da última quinta-feira, em uma unidade “Premium” da rede Cesta do Povo. Segundo Maria, a ideia era comprar alguns itens que faltavam na geladeira, como queijo, iogurte, água de coco, cenoura, batata, entre outros, e gastar apenas R$ 100. Ou seja, tarefa quase impossível.

“Quando se põe (no carrinho de compras) carne, frango, é que a conta sobe bastante. A cenoura, que há cerca de duas semanas era a vilã do preço alto, agora é a cebola”, fala Maria, que procurar ir o “mais perto possível”, que é para não consumir mais combustível.

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