INDÚSTRIA
Polo de Camaçari faz 44 anos consolidado como maior do Hemisfério Sul
Complexo mantém-se como importante vetor de desenvolvimento da Bahia e amplia horizonte competitivo
Por Claudia Lessa
Uma trajetória marcada pelo enfrentamento de desafios e pela capacidade de criar novas oportunidades de investimentos; de gerar empregos; e de potencializar a chegada de novos setores, como o de produção de hidrogênio verde, e novas empresas, a exemplo da Unipar. A avaliação do Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic) na passagem dos 44 anos do Polo Industrial de Camaçari, celebrados hoje, reflete a opinião das mais de 80 empresas que compõem o maior complexo industrial integrado do Hemisfério Sul.
Em quase meio século, o Polo se mantém como importante vetor de desenvolvimento da Bahia e amplia seu horizonte competitivo.
A competitividade como principal desafio do Polo de Camaçari é assegurada pelo esforço conjunto das suas indústrias, em parceria com o Governo do Estado da Bahia, as prefeituras dos municípios de Camaçari e Dias D’Ávila e a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), conforme o comitê representativo do complexo industrial baiano.
Tudo isso dentro da perspectiva da integração operacional, considerada uma das marcas do complexo industrial, sustentado por um modelo empresarial que lhe confere potencial para atrair novos investimentos.
O superintendente-geral do Cofic, Mauro Pereira, afirma que o Polo possui a vantagem de produzir matérias-primas não só para a indústria baiana, como também para a de todo o país, contribuindo para atrair, cada vez mais, novos investimentos e empreendimentos, diversificando ainda mais as cadeias produtivas e consolidando sua condição de motor de desenvolvimento nacional.
Geração de empregos
“Em nível de Brasil, continuamos competitivos, porque produzimos as matérias básicas em diversos segmentos, como o eólico, o de celulose, o automobilístico. Essa diversidade atrai investimentos, especialmente quando existe política industrial conjunta das três esferas governamentais: municipal, estadual e federal”.
Gerador de postos de trabalho, o complexo responde, atualmente, por mais de dez mil empregos diretos e por cerca de 20 mil empregos indiretos. E confirma, a cada ano, o seu desempenho baseado na competitividade, complementação e adensamento de suas cadeias produtivas, a partir de uma gestão responsável, moderna e inovadora, e na diversificação industrial.
Estruturado para funcionar de maneira integrada, o Polo conta, também, com serviços especializados em manutenção industrial e proteção ambiental, através da Cetrel, cuja trajetória é marcada por soluções ambientais para o setor industrial brasileiro, oferecendo ao mercado uma gama de serviços ambientais nas áreas de água, efluentes, resíduos, prevenção à poluição e remediação de locais contaminados.
Indústria química
Com a finalidade de revisitar a cadeia química e petroquímica para identificar os principais desafios estruturais e tecnológicos e apontar possíveis caminhos, assegurando o desenvolvimento e sustentabilidade, o Cofic contratou, em 2018, um estudo junto ao Senai/Cimatec.
“O Polo tem crescido em todos os segmentos e a parceria com o Senai/Cimatec no investimento do hidrogênio verde, por exemplo, vai promover um novo salto industrial na Bahia”, afirma Mauro Pereira.
Apesar da crise sanitária mundial causada pela pandemia do Coronavírus, causando fortes impactos principalmente no comércio, as indústrias do Polo de Camaçari não pararam.
“No Brasil, tivemos a continuidade das atividades industriais e empresas como a Braskem e a Oxiteno tiveram os melhores resultados. A indústria química, por exemplo, teve uma demanda enorme de produtos descartáveis, hospitalares, e de limpeza”, pontua o dirigente do Cofic.
Principais gargalos são energia elétrica, infraestrutura e tributos
O maior gargalo para o setor industrial, ainda de acordo com o superintendente do Cofic, Mauro Pereira, é o alto preço da energia elétrica, as taxas altas da tributação e a infraestrutura portuária e ferroviária do país.
O superintendente da Fieb, Vladson Menezes, chama a atenção para o fato de a criação do Polo de Camaçari ter representado a consolidação de um tipo específico da industrialização na Bahia, no final dos anos de 1970 e mais fortemente no início dos anos 80, que foi a produção de bens complementares.
“Era uma estratégia de desenvolvimento específica, porque evitava competir com a produção de bens finais que estava sediada principalmente no estado de São Paulo. Com isso, o Polo cresceu fornecendo insumos para essa indústria de bens de consumo final, sobretudo duráveis, evitando a sua concorrência e, a partir daí, fazendo a economia baiana crescer”.
Ainda na opinião do dirigente da Fieb, o complexo industrial baiano significou uma transformação estrutural relevante, proporcionando a criação do perfil de indústria pesada e concentrada na região metropolitana de Salvador.
Baixo carbono
“O Polo manteve, ao longo dos anos, esta característica, mas atraiu outros investimentos e, hoje, possui muito mais setores diversificados, embora a petroquímica continue sendo o vetor dominante do desenvolvimento.
Para os próximos anos, o que a gente espera é que haja uma modernização do complexo e, sobretudo, uma caminhada em direção a um perfil de baixo carbono, ou seja, que novos investimentos dentro de uma produção ambientalmente sustentável configurem uma nova tendência”, fala Menezes.
O secretário de Administração de Camaçari, Helder Almeida, reforça que o Polo é um marco tanto para o município, quanto para todo o estado da Bahia.
“Estamos falando de um dos maiores complexos industriais do Hemisfério Sul, representando um papel crucial para a economia de Camaçari e do estado, tanto pela geração de milhares de empregos diretos e indiretos quanto pela atração de investimentos, pela produção industrial e pela sua participação no PIB (Produto Interno Bruto) baiano. Neste momento em que completa 44 anos, o Polo de Camaçari tem um imenso legado para a nossa economia e tem ainda um potencial muito grande para ser ampliado, de forma a gerar ainda mais empregos e desenvolvimento para Camaçari e a Bahia”, afirma Almeida.
Implantação em 1978 foi um marco para a Bahia e o País
O Polo Industrial de Camaçari – que, até 2001, quando a Ford chegou ao empreendimento, era denominado de Polo Petroquímico de Camaçari –, iniciou as operações em 29 de junho de 1978 com o título de primeiro complexo petroquímico planejado do País. Localizado no município de Camaçari, a 50 quilômetros de Salvador, o complexo industrial baiano computa uma bem-sucedida existência ao longo de quatro décadas, conforme o Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic).
O fato, segundo a entidade, se dá por conta da produtividade; da qualificação profissional; e dos investimentos em tecnologias limpas, além da segurança e proteção ao meio ambiente; da parceria com universidades, instituições de pesquisa e comunidade; e dos programas de responsabilidade socioambiental. Paralelamente a essas ações de responsabilidade social, “as fábricas concentram esforços para manter as operações de forma segura e continuar disseminando programas com foco em meio ambiente e sustentabilidade”.
Serviços
A localização estratégica na Região Metropolitana de Salvador do Polo Industrial de Camaçari – maior polo industrial do estado, que abriga diversas empresas químicas, petroquímicas e automobilísticas –, possibilita o acesso às indústrias através das rodovias BA-093 e BA-535 (Via Parafuso), além do Canal de Tráfego, de ferrovias, portos e aeroportos.
As atividades se concentram nos segmentos químico-petroquímico, química fina, celulose, de pneus, metalurgia do cobre, têxtil, fertilizantes, energia eólica, bebidas e serviços.
Polo vai ganhar fábrica líder na produção de cloro e soda
Uma nova fábrica chega ao Polo Industrial de Camaçari: a Unipar. Líder na produção de cloro e soda na América do Sul, a empresa brasileira sediada em São Paulo está também entre as maiores na produção de PVC. A construção de uma nova planta no complexo baiano contará com um investimento da ordem de R$ 140 milhões e capacidade instalada de cerca de 10 mil toneladas/ano de cloro, com o foco em atender à demanda crescente no nordeste do país por ácido clorídrico, hipoclorito de sódio e soda cáustica.
O anúncio da instalação da Unipar no Polo de Camaçari revela um projeto cercado “de uma das mais seguras, modernas e ecoeficientes tecnologias de produção de cloro”, o que permitirá a otimização do consumo de energia e dos demais recursos. A previsão é que as obras tenham início no segundo semestre deste ano e deverão ser finalizadas em até 24 meses.
Dutovias
A maioria das empresas do Polo Industrial de Camaçari está interligada por dutovias à Unidade de Insumos Básicos da Braskem. Maior indústria do Complexo de Camaçari e um dos cinco maiores empreendimentos privados do país, a Braskem recebe derivados de petróleo da Petrobrás, principalmente a nafta, em sua Unidade de Insumos Básicos de Camaçari, e os transforma em petroquímicos básicos (eteno, propeno, benzeno, tolueno, butadieno, xilenos, solventes e outros).
Algumas empresas do complexo se destacam como organizações em seus segmentos, a exemplo da própria Braskem, que é líder em resinas termoplásticas na América Latina; a Paranapanema, como principal produtor de cobre eletrolítico da América do Sul; a BSC, que é a única indústria produtora de celulose solúvel com alto teor de pureza em toda a América Latina; a Deten Química, única produtora no país de Linear Alquilbenzeno (LAB), matéria-prima básica para a produção de detergentes biodegradáveis; e a Continental e Bridgestone, que se destacam no segmento de pneus.
Energia eólica
No setor da energia eólica, com forte poder de crescimento na Bahia e no país, se destacam a Siemens-Gamesa e Torrebrás. Também estão em evidência os empreendimentos Oxiteno, Bayer e Unigel, além do Complexo Acrílico da Basf, que representa o maior desafio do grupo fora da Alemanha, com produção em escala global de ácido acrílico, acrilato de butila e polímeros superabsorventes (SAP), utilizando como matéria-prima o propeno, fornecido pela Unidade de Petroquímicos Básicos da Braskem.
As novas rotas da produção em Camaçari atraíram também indústrias de transformação, como a Kimberly-Clark, que fabrica fraldas descartáveis e produtos de higiene pessoal a partir dos polímeros superabsorventes fornecidos pela Basf.
O potencial de atratividade do Polo também se evidencia na presença de empresas como Knauf (drywall), Votorantim (cimentos) e ITF Chemical (medicamentos), entre outras.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes